Entenda os riscos de novas ondas pela variante KP.2 da Covid em circulação

Especialistas estão observando de perto a KP.2, agora a variante dominante

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Dani Blum
The New York Times

Durante a maior parte deste ano, a variante JN.1 do coronavírus representou uma maioria esmagadora dos casos de Covid. Mas agora, uma variante chamada KP.2 está se espalhando. A variante, que representava apenas 1% dos casos nos Estados Unidos em meados de março, agora representa mais de um quarto.

A KP.2 pertence a um subconjunto de variantes de Covid que os cientistas apelidaram carinhosamente de "FLiRT", derivado das letras nos nomes de suas mutações. Derivada da JN.1, a KP.2 é parecida à sua antecessora, afirma David Ho, virologista da Universidade de Columbia. Testes laboratoriais iniciais conduzidos por ele em células em laboratório sugerem pequenas diferenças na proteína S de Spike (ou espícula, usada pelo Sars-CoV-2 para entras nas células) da KP.2 podem torná-la melhor em escapar da nossa resposta imune. Ela também parece ser ligeiramente mais transmissível que a JN.1.

Mulher andando de máscara em frente a uma placa onde se lê "pare a transmissão do coronavírus"
A nova variante KP.2 pode provocar novos surtos na primavera e verão do Hemisfério Norte - PA Media

Embora os casos atualmente não pareçam estar aumentando, pesquisadores e médicos estão observando de perto se a variante causará um aumento na primavera e verão do Hemisfério Norte.

(Por aqui, o atraso no início do frio devido às sucessivas ondas de calor em todo o país têm provocado um deslocamento dos vírus respiratórios, mas especialistas já apontam para um aumento de casos de gripe e outros vírus respiratórios nas próximas semanas.)

"Eu não acho que ninguém esteja esperando mudanças abruptas, necessariamente", diz Marc Sala, co-diretor do Centro Abrangente de Covid-19 da Clínica de Medicina Noroeste, em Chicago. Mas a KP.2 provavelmente será "nosso novo normal", afirma. Entenda abaixo quais os riscos de novos surtos e o que esperar da Covid neste ano.

A atual propagação da Covid

Os especialistas disseram que levaria várias semanas para ver se a KP.2 pode levar ao aumento de casos de Covid. Segundo eles, temos apenas uma compreensão limitada de como o vírus está se espalhando. Desde o fim da emergência de saúde pública, há menos dados robustos disponíveis sobre os casos, e os médicos disseram os testes realizados de Covid caíram.

Apesar da mudança nas variantes, dados dos CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças americano) sugerem que há apenas níveis "mínimos" do vírus circulando nos esgotos do país, e as visitas aos departamentos de emergência e hospitalizações caíram entre o início de março e o final de abril.

"Não dá para afirmar que sabemos tudo sobre a KP.2", explica Ziyad Al-Aly, chefe de pesquisa e desenvolvimento do Sistema de Saúde de Veteranos de St. Louis. "Mas, neste momento, não vejo grandes indícios de algo grandioso."

Proteção das vacinas e infecções passadas

Para os especialistas, mesmo que você tenha tido uma infecção recente pela JN.1 pode ser reinfectado com a KP.2 —especialmente se sua última dose da vacina da Covid foi há vários meses.

A KP.2 poderia infectar até mesmo pessoas que receberam a vacina mais atualizada, explica Ho, já que essa vacina utilizava em sua composição a XBB.1.5, uma variante que é notavelmente diferente da JN.1 e descendentes.

De acordo com uma versão pré-print (ainda não revisada por pares ou publicada) de um artigo divulgado em abril por pesquisadores no Japão, a KP.2 pode ser mais hábil do que a JN.1 em infectar pessoas que receberam a vacina mais recente contra a Covid. De acordo com um porta-voz do CDC, a agência continua monitorando como as vacinas em uso atualmente se saem contra a KP.2.

Ainda assim, a vacina oferece alguma proteção, especialmente contra casos graves, afirmam os especialistas, assim como a imunidade natural produzida após infecções anteriores. Por isso, não há razão para acreditar que a KP.2 pode causar casos mais graves do que outras variantes, afirma o CDC, mas a agência recomenda que pessoas com 65 anos ou mais, grávidas ou imunocomprometidas, consideradas de maior risco para complicações graves da Covid, recebam uma vacina atualizada, se ainda não a tiverem recebido, pelo menos quatro meses depois.

"Mesmo que seja o menor nível de mortes e hospitalizações que já vimos, ainda atendo pessoas doentes com Covid", conta Peter Chin-Hong, especialista em doenças infecciosas da Universidade da Califórnia, São Francisco. "E todos eles têm algo em comum: são mais velhos e não receberam a última dose."

Últimos estudos sobre sintomas e Covid longa

Para os especialistas, os sintomas tanto da KP.2 quanto da JN.1 —que agora representa cerca de 16% dos casos— provavelmente são semelhantes àqueles causados por outras variantes. Estes incluem dor de garganta, coriza, tosse, dores de cabeça e no corpo, febre, congestão, fadiga e, em casos graves, falta de ar. Menos pessoas perdem o sentido do paladar e do olfato agora do que no início da pandemia, mas algumas pessoas ainda experimentarão esses sintomas.

Chin-Hong explica que os pacientes muitas vezes ficam surpresos que diarreia, náusea e vômito também podem ser sintomas da Covid (às vezes também confundidos como sinais de norovírus, um vírus comum que pode provocar diarreias, vômitos e náuseas).

Para muitas pessoas que já tiveram Covid, uma reinfecção é frequentemente tão leve ou mais leve do que o primeiro caso. Embora novos casos de Covid longa sejam menos comuns agora do que no início da pandemia, as reinfecções aumentam o risco de desenvolver sequelas da doença, explica Fikadu Tafesse, virologista da Universidade de Ciências e Saúde do Oregon.

Mas os pesquisadores ainda estão tentando determinar em quanto —um dos muitos problemas que os cientistas estão tentando desvendar à medida que a pandemia continua a evoluir.

"Essa é a natureza do vírus. Ele continua mutando", afirma.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.