Ícone paulistano, Fasano oferece uma experiência mais que gastronômica

No meio da ruela Vittorio Fasano, nos Jardins, uma porta dourada, porém discretíssima, dá acesso ao hotel, com seu bar de clima intimista.

Menos de dez passos à direita de quem chega fica a entrada para a menina dos olhos do grupo Fasano : o restaurante que carrega o sobrenome mais famoso da gastronomia brasileira.

Lais Battiato
O engenheiro Rodrigo Mancuso, 41, no seu apartamento na Vila Mariana
Ilustração do restaurante Fasano em aquarela

Terceiro endereço da grife paulistana, o espaço, projetado pelos arquitetos Isay Weinfeld e Marcio Kogan, dispõe de 80 lugares e de uma sala privativa que acomoda até 26 pessoas.

A lembrar: o nome da rua é uma homenagem ao patriarca da família, Vittorio Fasano, milanês que chegou a São Paulo no início do século passado para iniciar o esboço do que se tornaria um desenho definitivo da alta gastronomia, até então algo inédito por aqui.

Assim o fez ao inaugurar a Brasserie Paulista, na praça Antônio Prado, numa época em que o centro histórico da metrópole era um efervescente polo social e multicultural,
digno do respeito da elite.

Coube ao restaurateur Rogério (bisneto do precursor ) dar a cara e o sabor da melhor culinária italiana do Brasil ao tradicional Fasano –Rogério vive garimpando produtos variados na Itália, como vinhos, azeites e massas, que ganham o selo de qualidade Fasano.

Na sua casa, nada de ostentação ou cafonice. Por lá, impera o luxo num clima intimista. As louças são de porcelana alemã Rosenthal, os talheres são de prata e, como não poderia deixar de ser, o guardanapo, de linho, traz bordada uma discretíssima letra "F".

Os holofotes estão direcionados ao menu. Vale aqui ressaltar o carpaccio de tomate momotaro marinado e peixe branco do dia (R$ 93), o tartare de vitelo com molho de atum (R$ 129) e o ravióli de bacalhau com creme de batata e tomilho (R$ 136) -o peixe estava com textura úmida e sem a agressividade típica do excesso de sal.

Dos oito tipos de pão (o couvert, R$ 44) ao misto de sobremesas clássicas (R$ 89), tudo é feito ali -sejamos sinceros, não existe no Brasil tiramisu igual ao do Fasano.

O esmero e a dedicação de um serviço caloroso, sem afetação e bem orquestrado, iluminam todas as merecidas estrelas conquistadas pelo restaurante.

Fasano

R. Vitório Fasano, 88, Cerqueira César, tel. 3896-4150. fasano.com.br

*

O FASANO EM TRÊS HISTÓRIAS

LUCA GOZZANI, 37
É esse italiano da pequenita Empoli que executa com maestria a tradicional cozinha mediterrânea aliada à modernidade. Frequentemente, aparece no salão para explicar o menu. Apaixonado por motos, é atleta e faixa preta em caratê. À frente da cozinha há sete anos, segue à risca a filosofia Fasano, sem abrir mão da clássica culinária italiana com um toque pessoal e sutil nas receitas

MANOEL BEATO, 54
É uma aula elegante, repleta de referências, assistir à taça sendo servida por Beato. À frente da adega do restaurante desde 1992, combina vinhos dos quatro cantos do mundo com gastronomia. Às vezes, até com literatura. Sua capacidade de provar a bebida impressiona: são ao menos 20 mil amostras por ano. Não só vinhos -também entende como poucos de cachaça

ALMIR PAIVA, 60
É com um baita sorrisão no rosto que esse cearense de Hidrolândia, aqui em São Paulo desde 1973, costuma receber a clientela do Fasano. Só no restaurante, são 36 anos de dedicação. Sem perder o humor, faz questão de dizer que aprendeu e aprimorou a arte de servir com Fabrizio (1935-2018) e Rogério Fasano. Com este último, ele diz que segue aprendendo

O RESTAURANTE EM NÚMEROS

30
são as variedades de bebidas servidas

400 rótulos
de vinhos estão disponíveis, sendo 40% da Itália, 40% da França e 20% de outros países do Novo e Velho Mundo

R$ 2.500
é o custo da dose mais cara do bar: Rémy Martin Louis 13, blend de conhaques de até cem anos de envelhecimento, apresentado em garrafa de cristal Baccarat

70
opções no cardápio (risotos, massas, carnes, além de pratos sem glúten e lactose)

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