Trump me fez um alienígena, diz campeão olímpico nascido na Somália

DO UOL

O corredor britânico Mo Farah criticou neste domingo (29) a política adotada pelo presidente americano Donald Trump de impedir a entrada de refugiados islâmicos nos EUA.

Cidadãos vindos da Somália, país no qual Farah nasceu, nos próximos 90 dias só poderão entrar em território americano se tiverem autorização permanente para morar e trabalhar no país, segundo decreto do governo Trump. O mesmo ocorre com imigrantes de Síria, Iraque, Irã, Sudão, Líbia e Iêmen, todos de maioria muçulmana. O presidente americano alega querer minimizar a ameaça terrorista.

"No dia 1º de janeiro, Sua Majestade, a Rainha [da Inglaterra], me fez cavaleiro da realeza. No dia 27, Donald Trump parece ter me tornado um alienígena", afirmou Farah,.

Farah é o maior vencedor do atletismo britânico. Tem quatro medalhas de ouro olímpicas.

"Sou um cidadão britânico que vive na América há seis anos –trabalhando duro, contribuindo com a sociedade, pagando meus impostos e criando quatro filhos no lugar que eles chamam de lar. Agora, eu e vários outros como eu estão ouvindo que nós talvez não sejamos mais bem-vindos", escreveu o corredor, vencedor da medalha de ouro dos 5.000 e dos 10.000 metros tanto em Londres-2012, quanto no Rio-2016.

"É muito preocupante que eu vou ter que dizer aos meus filhos que o papai talvez não possa voltar pra casa –explicar por que o presidente iniciou uma política que vem de um lugar de ignorância e preconceito", disse ele, em post no Facebook curtido por mais de 76 mil pessoas em uma hora.

"Eu fui bem recebido no Reino Unido quando vim da Somália aos 8 anos e tive a chance de prosperar e realizar meus sonhos. Tenho orgulho de representar meu país, ganhar medalhas pelo povo britânico e receber a grande honra da cavalaria. Minha história é um exemplo do que pode acontecer quando você segue políticas de compaixão e solidariedade e não de ódio e isolamento."

Farah vive em Portland, no Oregon, com sua mulher Tania em seus quatro filhos: Rhianna, Aisha, Amani e Hussein.

O decreto de Trump foi expedido na sexta (27) e inicialmente barrava todas as pessoas vindas de países considerados de risco. Neste domingo o governo recuou e passou a admitir pessoas que tenham o "green card".

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