Descrição de chapéu Rússia

Após esnobar seleção, Mário Fernandes é nome certo da Rússia na Copa

Cidadão russo desde 2016, jogador só não enfrentará Brasil em amistoso porque está lesionado 

Mário Fernandes (esq.) durante jogo do CSKA Moscou pela Liga Europa - Alexander Zemlianichenko/AP Photo
Fábio Aleixo
Moscou

Mário Fernandes, 27, ficou marcado no Brasil por ter pedido dispensa da seleção brasileira em 2011 antes da Copa Roca, contra a Argentina. À época, alegou que queria “focar no Grêmio”, seu clube.


Em 2014, ganhou de Dunga chance em amistoso contra o Japão. Atuou na vitória por 4 a 0. Desde então, nunca mais vestiu a amarelinha. E nem mais o fará.


Hoje mais maduro, Mário é russo. Recebeu o novo passaporte em 2016 e, no ano passado, estreou pela seleção do país em amistoso contra o Dínamo de Moscou. Marcou um gol na vitória por 3 a 0. 


Ele só não jogará contra o  Brasil, no dia 23, por ter sofrido uma lesão muscular na coxa, no último dia 3. Ele ficará seis semanas afastado dos gramados. Recuperando-se bem, é dado como nome praticamente certo no Mundial. 


"Hoje eu sou russo e só tenho de agradecer ao carinho e apoio que sempre tive de todos aqui. Gostam muito de mim e só tenho de corresponder a isso”, disse Mário, em entrevista à Folha.


O jogador é avesso aos microfones e evita dar entrevistas. Também pede para não falar sobre a polêmica que viveu no Brasil e as críticas recebidas por ter aberto mão da seleção.

"Claro que como estou sendo convocado me vejo sim na Copa do Mundo, mas sempre respeitando quem tem história aqui. Peguei o passaporte há pouco e não tenho nem cinco jogos pela seleção. Faço o meu trabalho e sempre estarei à disposição", disse.


Desde 2012 defendendo o CSKA Moscou, Mário é ídolo no clube e incontestável, seja na lateral ou no meio de campo, setor em que tem atuado com mais frequência.


Seu nome é sempre um dos mais aplaudidos pelos torcedores quando a escalação é anunciada. Em caminhada com a reportagem pelo centro de Moscou, foi abordado por torcedores para fotos. Até agora, já disputou 188 jogos pelo time da capital. 


Com contrato até 2022, nem pensa em sair da Rússia. Por ele, encerraria a carreira no clube que lhe abriu as portas na Europa e na seleção.


"Fico por quanto tempo quiserem. Só saio mesmo no dia que o clube achar que não vale mais a pena ficar comigo. Quem sabe ganhar a Liga Europa deste ano e repetir o que fizeram o Vágner Love e o Daniel Carvalho em 2005, quando ganharam a Copa da Uefa?", disse Mário.


O CSKA perdeu em casa o jogo de ida das oitavas de final para o Lyon, por 1 a 0. A volta será nesta quinta (15).


Apesar do longo tempo na Rússia, Mário ainda sofre com o idioma e pouco fala. No clube, conta com a ajuda de um tradutor. Quando sai para restaurantes ou com familiares que costumam visitá-lo, consegue se virar com o básico. Mas aprender bem o russo é algo que se faz necessário. Ele já foi cobrado disso pelo técnico da seleção Stanislav Cherchesov.


“Mário é como um cachorro. Ele entende tudo, mas não consegue falar nada. O mais importante é que jogue bem. É um dos jogadores importantes da nossa seleção e estou feliz de poder contar com ele na Copa”, disse o técnico.


"Faz um tempo que não estudo. Mas preciso aprender para o treinador não ficar bravo. Ele entende a dificuldade, mas fala que é preciso e será importante para mim. Daqui um tempo, estarei falando, mas que é difícil, é. O Cherchesov é exigente e bravo, mas é o jeito dele. É um grande treinador", disse.

E cantar o hino? Mário diz que tentará fazer um esforço extra para decorar pelo menos os oito primeiros versos, que costumam ser tocados em partidas de futebol.

“Tem que aprender, né? O hino de qualquer país é muito importante e aqui ainda mais. Então vou fazer mais esse esforço. Se bem que nem o brasileiro eu sei cantar direito inteiro”, confessa.


Mário estava empolgado com a possibilidade de enfrentar a seleção, plano que acabou frustrado pela lesão.


“Queria muito, pois seria legal enfrentar o Brasil. Infelizmente ficarei fora, mas será um jogo difícil para nós, um bom teste para nossa seleção”, disse o jogador, que se lembra do amistoso de 2014, contra o Japão.


“Atuei com jogadores que estão aí fazendo sucesso e estarão na Copa do Mundo, como o Neymar, o Coutinho. Com o Tite nunca trabalhei, mas um dos meus primeiros jogos como profissional pelo Grêmio foi contra o Inter e ele era o técnico”, lembra.

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