Tite adota cautela e testa Fernandinho na seleção contra a Alemanha

Após formação ofensiva contra a Rússia, volante entra para proteger meio de campo

Igor Gielow Guilherme Magalhães
Berlim

Homem sentado em bancada fala em microfone
O volante Fernandinho, que atua no Manchester City, em coletiva da seleção brasileira, em 2016 - Pedro Martins/MoWA Press

O técnico Tite vai adotar um estilo de jogo mais cauteloso na formação do time que enfrentará a Alemanha no primeiro jogo após o fatídico 7 a 1 da semifinal da Copa de 2014.

O volante Fernandinho, que estava em campo na derrota no Mineirão, vai entrar no time. Com isso, desloca o meia Philippe Coutinho do centro para a esquerda, às custas da vaga do atacante Douglas Costa.

A mudança é necessária pelas características do amistoso: apesar de estar poupando vários jogadores importantes como Müller e Özil, a Alemanha é a líder do ranking da Fifa e fez um amistoso com gosto de jogo de Copa contra a Espanha na sexta (23).

Há fatores de outra ordem. Embora Tite e jogadores repitam desde Moscou o discurso de que o 7 a 1 é passado, o técnico já deixou claro que psicologicamente a importância do jogo é evidente.

Para o setor defensivo, a mudança foi bem vista. “A entrada do Fernandinho dá um pouco mais de força” para a defesa, diz o zagueiro Miranda, escalado para falar em entrevista após o treino realizado na tarde deste domingo (25) em um estádio nos arredores de Berlim.

“Com certeza vai ser um grande duelo, é uma equipe bastante dinâmica. Aquilo lá (o 7 a 1) ficou para a história, hoje a seleção está muito mais bem preparada. A gente martela muito isso porque não é normal o que aconteceu, mas nós queremos escrever uma nova história. Temos de demonstrar nosso valor, é um grande duelo, mas isso não vai mudar nosso trabalho [até a Copa]”, disse o jogador.

Sobre a presença de Fernandinho, egresso do 7 a 1, no time, Miranda ressaltou que não falou com ele sobre o assunto, mas que “encararia como uma oportunidade de fazer uma nova história”.

Homens em campo, dentro de estádio de futebol vazio
Jogadores da seleção começam treino no estádio do Union Berlin, na capital alemã - Igor Gielow/Folhapress

Miranda minimizou o fato de que o amistoso, que já estava relativamente esvaziado pela ausência de Neymar, também não terá a formação considerada titular da Alemanha. “Será um grande jogo”, disse, sobre o confronto da terça (27) no Estádio Olímpico de Berlim.

A principal estrela brasileira está se recuperando de uma fratura no pé. “Ele faz falta. Mas é o momento de fazer um teste sem o Neymar”, disse o zagueiro.

No jogo contra a Rússia, no mesmo dia em Moscou, Tite apostou numa configuração mais ofensiva para romper a linha de cinco defensores dos donos da casa.

Os russos se apresentaram como Tite esperava, com cinco defensores e quatro meio-campistas. Não funcionou no primeiro tempo do jogo, e surgiram fragilidades defensivas que só não acabaram com a Rússia abrindo o marcador pelo baixo nível técnico dos donos da casa.

A fraca atuação de Daniel Alves na proteção foi motivo de preocupação. Nos primeiros 15 minutos do segundo tempo, o Brasil recuou um pouco Paulinho e Coutinho, e enfim a retranca russa foi superada. O jogo acabou em 3 a 0 para a seleção, segunda colocada no ranking.

A entrada de Fernandinho vem sendo aventada pelo técnico, que luta para encontrar uma solução aceitável para seu meio de campo. No Manchester City, o volante não prima tanto pelo drible que o tal “ritmista” que Tite gostaria de ter teoricamente precisa possuir, mas faz ligação com eficiência.

Comentando isso, Miranda disse que o time não irá jogar fechado, e sim mais protegido. “Nossa seleção é ofensiva”, afirmou. No treino deste domingo, Tite investiu bastante tempo em jogadas de bola parada.

Ainda nesse cenário mais conservador, há também a possibilidade de Renato Augusto, que pontificou boa parte da era Tite na seleção, entrar mais recuado, empurrando Coutinho para a vaga de Douglas Costa.

Contra a ideia, o fato de que Renato Augusto está em má fase técnica desde o fim do ano passado e disputa uma liga menos competitiva, a chinesa, pelo Beijing Guoan.

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