Uefa acusa PSG de superdimensionar patrocínios em 200 mi de euros

Clube francês, de Neymar, Cavani e Mbappé, está sob ameaça de sanções

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Nasser Al-Khelaifi, presidente do PSG, durante a derrota de sua equipe para Real Madrid, na Liga dos Campeões
Nasser Al-Khelaifi, presidente do PSG, durante a derrota de sua equipe para Real Madrid, na Liga dos Campeões - Franck Fife - 6.mar.18/AFP
Murad Ahmed
Londres | Financial Times

O generoso Paris Saint-Germain enfrenta a ameaça de sanções, depois que uma investigação preliminar demonstrou que contratos de patrocínio em valor de 200 milhões de euros foram "superdimensionados" pelo clube de futebol sob controle qatariano.

As constatações preliminares da nova investigação da Uefa gerarão novo interesse quanto aos métodos usados pelo clube francês para bancar a contratação dos superastros Neymar e Kylian Mbappé, e podem resultar em uma grande multa ou em exclusão da Champions League, a mais prestigiosa das competições interclubes europeias.

A Uefa, organização que administra o futebol europeu, lançou no ano passado uma investigação formal sobre o Paris Saint-Germain, depois que o clube pagou 222 milhões de euros, uma quantia recorde, para contratar o atacante brasileiro Neymar, até então jogador do Barcelona. Mbappé foi contratado por empréstimo, do rival francês Monaco, e o acordo previa um valor de 200 milhões de euros para transferência definitiva do jogador.

Quando as transações foram anunciadas, executivos de futebol europeus acusaram a equipe francesa de recorrer a "doping financeiro", na busca de títulos. "A grande questão, claramente, é se a Uefa terá coragem de aplicar suas próprias regras", disse uma pessoa próxima da investigação. "Se não as aplicar ao Paris Saint-Germain, então, francamente, por que se incomodar em ter regras?"

O inquérito da Uefa está examinando se o Paris Saint-Germain —adquirido em 2012 pelo Qatar Sports Investments, um fundo estatal de investimentos criado pelo xeque Tamim Bin Hamad Al Thani, o emir do Qatar— havia cumprido as regras de fair play financeiro criadas para garantir que os gastos dos clubes não excedam demais o seu faturamento. Não é a primeira vez que o Paris Saint-Germain é investigado pela Uefa quanto ao fair play financeiro. Em 2014, o clube foi multado em 60 milhões de euros, a serem deduzidos de premiações recebidas pela equipe por participar de torneios europeus.

De acordo com diversas pessoas informadas sobre o assunto, a divisão de investigação da Uefa contratou a consultoria Octagon para conduzir uma revisão independente dos atuais contratos de patrocínio do Paris Saint-Germain, dada a suspeita de que parte do dinheiro tivesse vindo de "partes relacionadas" - entidades que mantém laços estreitos, financeiros ou de outra ordem, com os proprietários do clube. Os contratos analisados incluíam parceiros como o Qatar National Bank, Bein Sport e Autoridade de Turismo do Qatar, de acordo com pessoas informadas sobre a investigação. As empresas não responderam a pedidos de comentários, quanto contatadas pelo Financial Times.

A Octagon foi solicitada a determinar o "valor justo" dos patrocínios, e se eles se enquadravam aos preços normais de mercado. De acordo com duas pessoas informadas sobre a revisão, os contratos de patrocínio do Paris Saint-Germain foram classificados como "significativamente superdimensionados", com relação à avaliação da empresa sobre seu valor justo de mercado.

A equipe de investigação da Uefa deve se reunir na semana que vem a fim de discutir a revisão. O Paris Saint-Germain deve se reunir com a direção da Uefa, e provavelmente contestará as constatações do relatório. De acordo com pessoas informadas sobre a posição do clube, as pesquisas internas da agremiação mostram que fatores externos adicionaram valor aos seus patrocínios, como o crescimento no interesse internacional pelo Paris Saint-Germain depois da contratação de Neymar.

Mas a menos que a Uefa possa ser convencida a autorizar valor maior para os contratos de patrocínio, o clube francês terá violado as normas de fair play financeiro, segundo as quais os clubes estão limitados a um prejuízo máximo de 30 milhões de euros em três temporadas, de acordo com pessoas informadas sobre o processo.

Além dos 400 milhões de euros pagos pela contratação de Neymar e Mbappé, os dois ganham 40 milhões de euros por ano em salários, e assinaram contratos de cinco anos. Isso significa que as contratações aumentaram em 120 milhões de euros anuais as despesas do Paris Saint-Germain, de acordo com pessoas informadas sobre os detalhes. O acordo com Mbappé inclui uma cláusula de compra do jogador por 200 milhões de euros caso a equipe continue na primeira divisão da França, a Ligue 1. O Paris Saint-Germain lidera o campeonato francês, e está à beira de conquistar o título.

A Uefa não tomará uma decisão final até que o clube encerre seu ano fiscal, no final de junho; portanto, o Paris Saint-Germain ainda tem tempo para obter novas receitas nas próximas semanas. O clube planeja assinar novos contratos de patrocínio com empresas de fora do Qatar, nesse período, e está negociando a venda de jogadores, de acordo com pessoas informadas sobre a agremiação. Elas dizem que o Paris Saint-Germain registrou alta na venda de produtos licenciados e ingressos, nesta temporada, graças ao interesse em Neymar e Mbappé, o que também ajudará no cumprimento das regras de fair play financeiro. A Uefa afirmou que não pode comentar sobre uma investigação em aberto. Paris Saint-Germain e Octagon se recusaram a comentar.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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