Abusos serão revelados, diz representante de atletas do COB

Ex-judoca Tiago Camilo acredita que novos casos podem aparecer

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Tiago Camilo, presidente da comissão de atletas do COB
Tiago Camilo diz que o caso da ginástica servirá de ponto de partida para novas denúncias - Rafael Bello/COB
Daniel E. de Castro Marcelo Laguna
São Paulo

Os casos de abuso sexual na ginástica artística do Brasil, após as denúncias feitas contra o ex-treinador Fernando de Carvalho Lopes, servirão para que, a partir de agora, os atletas se sintam mais protegidos para fazerem novos relatos.

A opinião é do ex-judoca Tiago Camilo, presidente da comissão de atletas do COB (Comitê Olímpico do Brasil). 

Representação feita pelo órgão levou à abertura de processo no recém-criado Conselho de Ética do COB contra a Confederação Brasileira de Ginástica e seu coordenador técnico, Marcos Goto.

“Um ponto importante é que isso não será mais tolerado de forma alguma e temos meios para que estas denúncias sejam feitas. Os atletas podem ter certeza de que não estão mais sozinhos”, disse Camilo à Folha.

A representação da comissão de atletas foi feita após a divulgação dos casos de abuso sexual que teriam sido cometidos pelo ex-treinador Fernando de Carvalho Lopes.

Em depoimentos exibidos pelo Fantástico, da TV Globo, no dia 29 de abril, mais de 40 ginastas e ex-ginastas acusaram o treinador de abuso sexual. Lopes chegou a trabalhar como técnico na seleção brasileira, sendo afastado pouco antes da Rio-2016, após denúncia dos pais de um atleta supostamente abusado.

​Goto, coordenador técnico da CBG, está sendo investigado por conduta inapropriada. Segundo relatos de vítimas, ele tinha conhecimento dos abusos e não tomou nenhuma providência. Ele teria inclusive feito piadas sobre o caso com estes atletas. O técnico diz que só sabia de boatos. 

Segundo Camilo, nenhum integrante da comissão foi procurado pelos atletas da ginástica para relatar casos de abuso. Ainda assim, ele evita opinar sobre indícios de má conduta por parte de Goto, que também é treinador de Arthur Zanetti, duas vezes medalhista olímpico.

“Ainda é muito cedo para ter uma opinião. Está em andamento um processo pelo Conselho de Ética do COB, onde pediram esclarecimentos para todos os envolvidos. E acredito que terão outros”, disse o ex-judoca.

O caso da ginástica brasileira poderá servir de ponto de partida para novas denúncias, na opinião de Tiago Camilo. “Acredito que estamos mudando e isso pode trazer bons frutos a médio e longo prazo. Devem existir outros casos de abuso sexual dentro do esporte. O judô tem uma questão educacional e ética muito grande, mas isso também não significa que nunca deva ter acontecido”, afirmou.

Uma das soluções para que novos casos sejam investigados, na opinião do ex-judoca, são os canais de ouvidoria das confederações e do próprio COB, que deve entrar em funcionamento em breve. “Isso acaba dando força e coragem para quem é assediado ou abusado de alguma forma.”

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