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CBF tem queda de 14% na arrecadação antes da Copa

Segundo balanço, variação cambial fez com que a confederação recebesse menos dinheiro

Sérgio Rangel

A CBF arrecadou 14% a menos com patrocínios em 2017, um ano antes da Copa do Mundo na Rússia.

A entidade fechou o último balanço financeiro da administração de Marco Polo Del Nero com R$ 353 milhões arrecadados de parceiros comerciais. No ano anterior, havia registrado R$ 410 milhões.

De acordo com o balanço da confederação, a queda de faturamento com os patrocinadores se deve à redução do câmbio no mesmo período.

O ex-presidente da CBF Marco Polo Del Nero após entrevista coletiva em 2015
O ex-presidente da CBF Marco Polo Del Nero após entrevista coletiva - 17.set-2015 - Sérgio Moraes/Reuters

A maior parte dos contratos da CBF com seus parceiros é atrelada ao dólar, que no mesmo período despencou 19%.

A queda de cerca de R$ 57 milhões na receita com os anunciantes  é maior do que todo o montante arrecadado pelo São Paulo em patrocínios no ano passado.

Segundo o balanço, o clube obteve R$ 56,6 milhões com os seus parceiros em 2017. O São Paulo é o time do coração de Rogério Caboclo, eleito presidente da CBF em abril

Apenas três clubes do futebol brasileiro (Palmeiras, Corinthians e Flamengo) arrecadaram com seus anunciantes valor maior que a perda registrada pela CBF.

Em 2017, a seleção teve dez patrocinadores e três parceiros. 

É a segunda vez que a confederação registra queda na arrecadação de patrocínios nesta década. A outra foi em 2015, ano que José Maria Marin foi preso numa operação do FBI na Suíça.

Naquela época, a queda foi menor: 5,5%. Caiu de R$ 359,4 milhões em 2014 para R$ 339,6 milhões. Em números absolutos, perda de R$ 19,8 milhões.

Marin foi preso em maio de 2015, um mês após deixar o comando da CBF para Del Nero.

Os dois são acusados de receber propina na venda de direitos de transmissão de torneios no Brasil e no exterior.

Marin foi condenado no ano passado nos EUA. Del Nero foi banido do futebol pela Fifa na semana passada pelas mesmas acusações.

Naquele ano, a CBF perdeu cinco patrocinadores.

O dinheiro arrecadado com as empresas que exploram a imagem da seleção é a maior fonte de recursos da CBF.

Até o balanço de 2012, ano que Ricardo Teixeira renunciou e entregou o poder a Marin, a entidade discriminava os valores recebidos de cada companhia. A partir daí, nunca mais informou os valores depositados.

A Nike é a mais antiga patrocinadora da CBF e responsável pelo maior contrato. Em 2012, o acordo da multinacional era fixado em US$ 35,5 milhões anuais (R$ 125,3 milhões em valores atuais). A quantia varia em virtude das flutuações da moeda norte-americana. 

Se levar em conta a cotação do dólar usado pela CBF no último balanço (R$ 3,27), a Nike pagou R$ 116 milhões para vestir os jogadores do time nacional nos amistosos e eliminatórias em 2017.

A entidade também registrou queda de recursos com “Direitos de Transmissão e Comerciais”. Em 2017, recebeu R$ 95 milhões. No ano anterior, declarou ter ganho R$ 117 milhões.  Uma queda de 18,8% em apenas um ano.

Apesar de amargar receitas menores de patrocínio e da TV, a CBF fechou 2017 com superávit de R$ 50,7 milhões —16% acima do ano anterior. Em 2016, tinha obtido um lucro de R$ 43,7 milhões. 

A última vez que a CBF fechou no vermelho foi em 2006, ano de disputa da Copa do Mundo na Alemanha. Naquela ocasião, a entidade teve um prejuízo recorde  de  R$ 22,1 milhões.

Entre 2010 e 2017 o ativo total da confederação aumentou em 287%, um incremento de R$ 656,53 milhões ante uma a inflação de aproximadamente 63% do período.

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