Coreias decidem formar time unificado no Mundial de tênis de mesa

Seleções do Norte e do Sul se enfrentariam no torneio feminino

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Guilherme Costa
Halmstad

As seleções da Coreia do Norte e do Sul femininas de tênis de mesa anunciaram nesta quinta-feira (3) que formarão um time unificado na competição, que está sendo realizado em Halmstad, na Suécia. A decisão foi tomada em conjunto com a ITTF (Federação Internacional de Tênis de Mesa)

As duas equipes se enfrentariam nesta sexta (4) por uma vaga na semifinal da competição. O time unificado pegará o Japão, que bateu a Ucrânia nesta quinta-feira (3) por 3 a 0.

O Mundial por equipes de tênis de mesa, em Halmstad, na Suécia, começou no último domingo com as duas Coreias, a do Sul e a do Norte, jogando separadas.

As sulistas fizeram uma campanha perfeita na primeira fase, cinco jogos e cinco vitórias, uma delas contra o Brasil, e passaram na liderança do grupo.

As norte-coreanas passaram em segundo em seu grupo e venceram nas oitavas de final a equipe da Rússia. O sorteio colocou o embate entre as vizinhas nas quartas de final.

Jogadoras das seleções das Coreias do Norte e do Sul posam juntas, após anúncio de que elas farão um time unificado para disputar a semifinal do Mundial de equipes de tênis de mesa
Jogadoras das seleções das Coreias do Norte e do Sul posam juntas, após anúncio de que elas farão um time unificado para disputar a semifinal do Mundial de equipes de tênis de mesa - AFP

A decisão começou a ser tomada na tarde de quarta-feira, quando, em um evento da Federação, atletas das Coreias do Sul e do Norte estiveram juntos. Horas depois, ficou confirmado pelo chaveamento que as duas seleções iriam se enfrentar.

 

Durante a noite, as três partes envolvidas discutiram e chegaram a conclusão de unir as equipes. Os outros países ainda com chances de título - Japão, Ucrânia, China, Hong Kong, Romênia e Áustria - foram avisados da mudança no regulamento na madrugada. 

Questionado, o presidente da ITTF, o alemão Thomas Weikert, disse não ver problemas na decisão.

"Sim, nós mudamos as regras, mas por algo muito maior. Sei que não agradamos 100% dos países, mas tivemos que tomar uma decisão. Não, nós não perguntamos para eles se aceitavam a mudança, nós os comunicamos mas todos aceitaram bem", afirmou.

Agora, sob a mesma bandeira, a Coreia tem uma chance maior de avançar de fase. O adversário na semifinal é o Japão, segundo do ranking por equipes (A Coreia do Sul é 5ª e do Norte 19ª).

Mima Ito, de 17 anos, é sétima da classificação individual e uma das armas do time japonês.

"Não tem problema jogar contra as duas Coreias. Estamos focando no nosso jogo, não nos adversários. Elas serão quatro e nós seremos quatro", afirmou.

A última vez que as Coreias jogaram um Mundial de tênis de mesa unidas foi em 1991, no Japão, quando o time acabou se sagrando campeão, derrotando a favorita China na decisão.

Na ocasião, a união aconteceu porque a Federação da Coreia do Norte não tinha verbas para mandar uma equipe, e a do Sul ofereceu aporte financeiro em caso de união.

É a segunda demonstração da península no esporte em 2018. Em fevereiro deste ano, as duas Coreias desfilaram unidas na abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno e até formaram uma equipe conjunta de hóquei no gelo, que acabou em último lugar

A Coreia do Norte conta com a medalhista de bronze na Olimpíada do Rio, Kim Song, enquanto a do Sul tem Hyowon, 12ª do ranking mundial, e Jihee Jeon, uma chinesa naturalizada. Song confia que a seleção unificada possa até bater a China, que levou 11 dos últimos 12 títulos:

“Quem sabe? Se em 1991 uma equipe unida bateu, por que não agora? Estamos juntas e juntas podemos fazer qualquer coisa” disse Song.

 O técnico atual das chinesas, Li Sun, foi sucinto ao comentar a junção das Coreias para as quartas de final:

“É bom que elas estejam unidas, elas vão ficar com um time melhor. E é importante para a divulgação do nosso esporte”, afirmou.

Tradição política

No início dos anos 1970, durante a Guerra Fria, a equipe de tênis de mesa americana estava no Japão e foi convidada para uma partida de tênis de mesa na China.

Foi o início de uma reaproximação diplomática entre os países, e as fotos foram para a capa de todos os jornais.

O caso ficou conhecido como Diplomacia do Ping-Pong. Nenhuma delegação esportiva tinha pisado na China desde 1949. 

- É uma tradição do tênis de mesa. Nós temos essa ideia. Somos pequenos nesse processo político, mas podemos ajudar um pouco. Se conseguirmos ajudar um pouco as Coreias já será muito bom - disse o presidente da ITTF.

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