Hoje febre mundial, a matriochka não é tão antiga como parece: surgiu na virada do século 19 para o 20.
A boneca desmontável de madeira foi feita pela primeira vez pelo torneiro Vassíli Zviózdotchkin, provavelmente com projeto do arquiteto e pintor Serguei Maliútin, um dos propagadores do estilo "pseudorrusso".
Nesse estilo eclético e nacionalista, que vigorou do séc. 19 ao início do 20, buscavam referências na arquitetura clássica e bizantina e na cultura popular. É por isso que a primeira matriochka, construída nas oficinas da loja Educação Infantil de Anatóli Mámontov, em Moscou, era composta de bonequinhas (oito meninas e meninos) trajadas de costumes camponeses tradicionais.
O nome foi escolhido no mesmo espírito: vem de Matriona, na época muito difundido em pequenas províncias. De origem latina, Matriona (Matrona) traz as concepções de "mulher de família", "mãe", "senhora". O multibrinquedo, portanto, simboliza uma mãe de família numerosa, assim como os "ovos" encaixados passam a ideia da multiplicação contínua da vida.
Pelo que tudo indica, a matriochka foi inspirada num boneco de Fukurokuju (Fukurama), deus da longevidade e da sabedoria japonês, e não demorou muito para se alastrar por várias regiões da Rússia —cada uma vestiu a boneca com seus trajes típicos.
No começo do séc. 20, difundiu-se também no estrangeiro, mas se popularizou mesmo nos anos 1960. Descaracterizadas rapidamente (como todo o séc. 20), as matriochkas ganharam todas as formas e faces possíveis. Quem quiser ver as primeiras deve ir ao Museu da Matriochka em Sérguiev Possád, onde, após a oficina de Mámontov fechar, passaram a ser feitas.
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