Descrição de chapéu Copa do Mundo

Herói da vaga argentina, Rojo se consolida como um 'jogador de Copa'

Zagueiro fez o gol salvador que colocou argentinos nas oitavas de final

São Petersburgo

Há jogadores que têm a carreira marcada pela Copa do Mundo. Meias ofensivos ou atacantes, no geral. A não ser que você seja um zagueiro de nome Marcos Rojo.

Após a Copa de 2014, ele saiu para passear com a mulher em Buenos Aires. Tinha de parar a cada dois passos para dar um autógrafo. Na época, ele já era um atleta de nome, jogava no Sporting (POR) e havia acabado de ser vendido para o Manchester United. Mas aquilo nunca acontecia.

“A Copa do Mundo me deu uma fama que eu nunca tive”, admite.

Isso foi há quatro anos. Rojo agora é herói nacional em uma seleção que tem Di María, Higuaín, Aguero e, claro, Lionel Messi. Sua finalização a quatro minutos do fim contra a Nigéria, na última terça (26), classificou a Argentina para as oitavas de final do Mundial na Rússia. Se ele não tivesse decretado o placar de 2 a 1, sua equipe teria voltado para casa.

“No momento mais difícil, Marcos apareceu de uma forma que talvez muitos não esperavam. Mas essa é a beleza do futebol. Ele mereceu por tudo o que representa para nós”, constatou o volante Javier Mascherano, o principal líder da seleção argentina, após a vitória dramática.

No vice-campeonato no Brasil, há quatro anos, ele já havia sido um dos jogadores mais regulares do time. O técnico Alejandro Sabella teve de brigar com dirigentes e parte da imprensa para levá-lo para o torneio. Foi quando Rojo também anotou um gol contra a Nigéria na fase de grupos. Selou a vitória por 3 a 2, mas sem o tom novelesco visto em São Petersburgo, na terça.

Criticado e contestado, foi uma das peças mais seguras quando Sabella decidiu trancar a Argentina na defesa a partir das oitavas de final. Na primeira partida, diante da Bósnia, já havia sido alvo de gozações dos companheiros, porque foi afastar uma bola na área e em vez de dar um bico, acertou uma chaleira. Brincadeiras com sentido de respeito pela coragem de protagonizar uma jogada daquelas na Copa do Mundo. Na semifinal, deu um drible enfiando a bola por entre as pernas de Arjen Robben, da Holanda. O Itaquerão, lotado de argentinos, fez um som coletivo de “ooooooooh”.

Rojo brilha mais pela seleção do que por seu clube. Não consegue se firmar no Manchester United e no início deste ano, o técnico Jorge Sampaoli viajou à Inglaterra para conversar com o treinador da equipe, o português José Mourinho. Pediu para que Rojo tivesse mais chances de jogar para pegar ritmo antes da Copa do Mundo. Não foi atendido.

Marcos Rojo carregando Messi nas costas; os dois com cara de felicidade extrema
Marcos Rojo e Messi comemoram gol em partida contra Nigéria em São Petersburgo - Yang Lei/Xinhua

“Não acredito que a gente merecia ir embora para casa tão cedo. Nós não merecíamos e os torcedores que viajaram até a Rússia não mereciam. O apoio deles foi fantástico”, disse o artilheiro improvável.

Foi ele quem não deixou que isso acontecesse ao completar cruzamento rasteiro com um chute forte no canto direito. Os mais de 20 mil argentinos no estádio de São Petersburgo explodiram. Parecia que a partida era em Buenos Aires.

A impressão é que o melhor para Rojo é atuar pela seleção e por clubes europeus, já que toda vez que está de férias em La Plara, sua cidade natal, algo acontece com ele ou com sua família. Há dois anos foi ver uma partida do Estudiantes, time que o revelou, no meio dos barrasbravas, o núcleo violento da torcida organizada. Não pegou bem.

Em 2010, foi acusado de ameaçar e cometer lesões físicas graves contra dois jovens na região em que cresceu.

Ele quebrou uma garrafa na cabeça de Juan Pablo Gómez e depois espancou Juan Pedro Celíz, que tentou ajudar a vítima. O processo acabou arquivado. Um ano antes, o irmão e um primo de Rojo foram presos acusados de assaltar três lojas.

Houve um tempo que o zagueiro era lembrado mais por esses problemas do que pelo futebol. Parte integral da geração de vices argentina que perdeu as finais do Mundial de 2014 e da Copa América em 2015 e 2016, ele agora também é visto com a improvável pecha de jogador de Copa do Mundo.

“Agora muda tudo. A partir das oitavas, temos a chance de começar do zero”, disse Rojo, o que soa estranho. O resto da Argentina pode querer um reinício. Ele tem de desejar continuar o que tem feito

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