Pelo retrato da primeira rodada, que se encerra nesta terça (19), o Mundial da Rússia se encaminha para ser a Copa dos pênaltis. Desde o início da competição, foram marcados 9 penalidades máximas em 15 partidas disputadas. Uma média de uma a cada dois jogos.
No Mundial de 2014, no Brasil, em comparação, foram necessários 25 jogos para se chegar a esse número de penalidades. Ao final da primeira fase, a média foi de uma cobrança a cada cinco jogos.
Em 2006, na Alemanha, a marca de oito pênaltis foi atingida apenas na 38ª partida.
Um fator que pode estar influenciando diretamente nessa marca é a inédita adoção nesta Copa do VAR, o sistema de arbitragem de vídeo.
Uma equipe de árbitros, fora do campo, assiste em tempo real à partida. Eles podem sugerir ao árbitro que revise uma decisão, como um pênalti não marcado inicialmente.
Ou o próprio juiz, se estiver em dúvida de um lance, pode solicitar e assistir à reprise, dentro do gramado.
Foi o caso nesta segunda-feira (18), na vitória da Suécia contra a Coreia do Sul.
Em uma disputa na área coreana, Kim Min-Woo derrubou o sueco Claesson.
Inicialmente, o juiz de El Salvador Joel Aguilar mandou o lance seguir. Após reclamação do time e da torcida sueca, ele foi consultar as imagens. E só então marcou o pênalti.
Situação semelhante ocorreu também na vitória da França contra a Austrália por 2 a 1. O primeiro gol francês também saiu após marcação de pênalti anotado após o árbitro consultar o vídeo.
Nestes dois casos, foi evidente o uso do sistema de vídeo. Não é possível saber se, em outros casos, o árbitro acatou a sugestão dos juízes de apoio e anotou o pênalti, sem que ele próprio consultasse as imagens no campo.
O aumento no número dos pênaltis não parece estar ligado a uma forma mais ofensiva de as seleções jogarem neste Mundial --o que poderia influenciar na marcação de penalidades máximas.
A média de finalizações nesta Copa é de 18 por partida, ante 19 na fase de grupos do Mundial passado.
DÚVIDAS SOBRE O VAR
Árbitro e VAR conversam o tempo inteiro?
O fone do árbitro e o microfone do VAR estão abertos o tempo todo, mas isso não significa que durante todo o jogo um esteja falando com o outro. A comunicação é feita apenas para avisar em lances que estão sob revisão.
Existe um idioma universal do VAR, como na aviação?
Há alguns comandos preestabelecidos a serem dados para indicar revisão. O idioma para a conversa depende de quem estiver na cabine. Por exemplo, se o árbitro de campo falar espanhol e o VAR também, nada impede que se comuniquem no idioma. Se forem de países com idiomas diferentes, é preferível o inglês.
Ninguém sabe o que é dito entre juiz e VAR?
A comunicação só é ouvida pelo árbitro, assistentes em campo e por quem está na sala do VAR, localizada no Centro Internacional de Mídia, em Moscou, onde ficam o VAR e seus três assistentes.
O VAR avalia todos os lances durante o jogo?
Sim, o VAR analisa todos os lances e avisa o árbitro em campo caso alguma marcação esteja sob análise.
Tudo é gravado?
Sim, para ser avaliado depois pela comissão de arbitragem da Fifa.
O árbitro de campo pode chamar o VAR?
Pode consultar caso haja dúvida em alguma marcação para pedir revisão.
De quem é a decisão final, do árbitro do campo ou do auxiliar de vídeo?
Sempre do árbitro de campo. Para os lances interpretativos, o auxiliar de vídeo passará a informação, e o de campo tomará a decisão.
O árbitro do campo pode rever o lance no monitor?
A Fifa mudou seu protocolo e a partir de agora recomenda que apenas lances interpretativos possam ser revistos pelo árbitro de campo (leia quadro ao lado).
A visualização em câmera lenta pode ser utilizada?
Apenas em lances não interpretativos, como para determinar se houve contato entre o jogador e a bola em um lance, ou no caso de confusão de identidade de jogadores para aplicação de cartão.
O VAR auxilia em qualquer lance de cartão?
Não, apenas em incidentes passíveis de cartão vermelho.
Como em outros esportes, jogadores e comissão técnica podem pedir ajuda do VAR?
Não, isso é proibido. Jogadores que fizerem o gesto indicando uma televisão (usado pelo juiz para indicar que pediu auxílio do VAR) podem inclusive serem punidos com cartão.
Até quando o árbitro pode mudar uma marcação?
Nos casos de pênaltis ou de infrações que resultem em um gol, a revisão precisa acontecer antes ou, no máximo, durante a primeira interrupção do jogo após o lance polêmico. Nos casos de erro de identificação de jogador ou incidente punível com cartão vermelho a revisão pode acontecer a qualquer momento.
Existe um tempo limite para tomada de decisão?
Não, mas a tendência é que as decisões levem entre 30 segundos e um minuto, da paralisação da partida à decisão final do árbitro.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.