Descrição de chapéu Copa do Mundo

Descansada, França terá rival com um jogo a mais, após três prorrogações

Para chegar à final, Croácia jogou tempo extra nas oitavas, quartas e semifinal

Alex Sabino Fábio Aleixo Luiz Cosenzo
Moscou

Quando o árbitro turco Cuneyt Çakir apitou o final do jogo, Luka Modric correu para comemorar e depois desabou em campo, sem conseguir dar mais nenhum passo.

"Meus jogadores estão exaustos", admitiu o técnico da Croácia, Zlatko Dalic.

Além do talento dos seus atletas, o desgaste do rival é uma grande arma da França para a final da Copa, neste domingo (15), em Moscou.

Os atletas de Didier Deschamps estão em melhores condições físicas e mais descansados no Mundial.

Em média, os franceses tiveram de correr menos por partida. Também ficaram em campo um tempo menor do que os adversários da decisão. Os jogadores da França percorreram ao todo 608 quilômetros até agora no torneio. Os da Croácia, 723.

A partir das oitavas de final, os franceses tiveram 270 minutos de futebol. Os croatas ficaram em campo por 360 minutos. Seria como se tivesse disputado uma partida a mais para chegar à final.

A França venceu todos os seus confrontos eliminatórios, diante de Argentina, Uruguai e Bélgica, no tempo normal. A Croácia enfrentou três prorrogações, contra Dinamarca, Rússia e Inglaterra. Em todas as partidas, levou o primeiro gol e teve de ir atrás do empate. Duas vezes venceu em disputas de pênaltis.

"Ao chegar ao final da competição, há um desgaste, sobretudo quando você enfrenta três prorrogações. Eles [croatas] devem estar cansados. Mas em uma final você passa por cima disso. É um jogo para ser campeão do mundo. Mesmo cansados eles estarão lá tentando tudo e presentes, como nós estaremos", disse o zagueiro Umtiti, autor do gol que colocou a França na final.

Mesmo antes da semifinal com os ingleses, a Croácia se preocupou em não fazer nenhum treino que pudesse exigir demais do elenco. A França seguiu sua programação pré-determinada de atividades.

Além de ter jogado por mais tempo e ter sofrido desgaste físico e emocional de prorrogações e pênaltis, a Croácia terá um dia a menos para se preparar. Os franceses se classificaram na terça (10). Quando a Croácia terminou de comemorar a vitória sobre os ingleses e entrou no vestiário, já era madrugada de quinta (12).

"Deixei eles celebrarem [a classificação] e dei folga. Estão concentrados há quase 50 dias. Eles sabem o que podem ou não fazer", afirmou o técnico croata Zlatko Dalic.

Durante a Copa do Mundo, os jogadores croatas correram, em média, quase 19 quilômetros mais que os franceses por partida. Foram 120,5 km contra 101 km da França.

Não há integrante do elenco de Didier Deschamps que tenha ficado tanto tempo em campo quanto Luka Modric, o astro da atual geração croata.

Ele atuou por 603 minutos no Mundial até agora, média de 100,6 a cada jogo. Não à toa, já durante a segunda etapa do tempo normal contra a Inglaterra ele parecia muito cansado, aproveitando cada paralisação para curvar o corpo, colocar as mãos sobre os joelhos e puxar o ar.

O francês com mais tempo em campo na Copa é Kanté, com 540 minutos. Não foi substituído em nenhum jogo.

"É o nosso motor em campo. Ele não para um segundo", disse Pogba após a vitória por 1 a 0 sobre os belgas.

Nenhuma seleção foi campeã mundial depois de enfrentar três prorrogações nas fases eliminatórias. São tantos dados favoráveis que os franceses começaram a se incomodar com isso. Não querem o favoritismo exacerbado porque isso aconteceu na final da Eurocopa de 2016, em casa, contra Portugal, e eles perderam.

"Não pensamos em favoritismo. Os croatas fizeram um jogo muito difícil contra a Inglaterra e conseguiram vencer. São fortes. Não somos favoritos", afirma Paul Pogba.

É comum no futebol um time evitar a todo custo declarações que possam ser vistas como menosprezo ao adversário. A palavra "favorito" é um sacrilégio. Ainda mais antes da partida mais importante que o futebol pode oferecer.

Os franceses não querem isso e pouco importa o quanto os croatas tenham sido obrigados a se desgastarem para chegar à decisão. E esse esforço foi muito maior.

Na semifinal contra a Bélgica, os 13 franceses que entraram em campo percorreram ao todo 102 km. No dia seguinte, diante dos ingleses, a Croácia correu 143 km. Quase uma maratona a mais.


Correria em campo

608 km
foram percorridos pela seleção francesa

723 km
foram percorridos pela seleção croata

5.942
minutos foram jogados pela França

6.933
minutos foram jogados pela Croácia

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