Descrição de chapéu Campeonato Brasileiro

Com estreia de Felipão, Palmeiras põe à prova histórico de medalhões

Desde 1993, apenas quatro treinadores, todos experientes, ficaram mais de um ano no clube

O técnico Scolari gesticula com a mão direita em sua primeira entrevista como treinador do Palmeiras
Luiz Felipe Scolari, que será treinador do Palmeiras pela terceira vez, estreia neste domingo em Belo Horizonte - Robson Ventura/Folhapress
Alberto Nogueira Eduardo Geraque
São Paulo

A diretoria palmeirense recorreu ao histórico das últimas décadas para decidir por Luiz Felipe Scolari, 69, treinador que estreia neste domingo (5) contra o América-MG no comando técnico do Palmeiras pela terceira vez.

Desde o fim do jejum de 17 anos, em 1993, o enredo no Palmeiras se repete. Só treinadores consagrados, com um certo tempo para trabalhar, triunfaram. Os chamados estudiosos nunca tiveram vida longa. Foram demitidos com meses de trabalho.

O atual presidente palmeirense, Maurício Galiotte, nega que a prática seja mudar de técnico sempre. “Obviamente, não é a nossa filosofia (demitir técnicos), mas se for necessário, temos de fazer”.

Além de Roger Machado, 43,  passaram pela atual gestão, desde o início de 2017, Eduardo Baptista, 48, Cuca, 55, e  Valentim, 43. Agora, Scolari.

Nos últimos 25 anos, apenas quatro treinadores ficaram mais de um ano no comando do time alviverde. Todos do grupo dos medalhões.

Scolari gesticula durante treinamento do Palmeiras
O técnico Felipão, do Palmeiras, durante treino na Toca da Raposa, em Minas, na sua volta ao Palmeiras - Cesar Greco/Ag Palmeiras

Vanderlei Luxemburgo, 66, responsável pelo time que deu fim ao jejum ao vencer o Paulista de 1993, é um deles.

Em quase dois anos, de 1993 a 1994, ele foi bicampeão paulista e bicampeão brasileiro. O treinador voltaria em novembro de 1995 para pouco mais de um ano, até o fim de 1996, ano da vitória no Paulista.

A última passagem do técnico no clube, de 2008 a 2009 —depois de uma campanha ruim de sete meses em 2002— rendeu o Paulista de 2008.

Pelo histórico, Luxemburgo era cotado para substituir Roger. Mas Scolari resolveu voltar. O técnico campeão mundo em 2002, e da derrota em 2014 por 7 a 1 para a Alemanha, é outro dos que mereceram a paciência dos diretores.

Na primeira passagem pelo clube, de 1997 a 2000, Scolari montou o time campeão da Libertadores de 1999. E faturou a Copa do Brasil de 1998. Ele voltou ao Parque Antártica em 2010. Saiu em 2012, após conquistar a Copa do Brasil, mas ir mal no Brasileiro.

Jair Picerni, 73, de 2003 a 2004, e Gilson Kleina, 50, de 2012 a 2014 foram os outros técnicos que sobreviveram mais de um ano no clube. Ambos conquistaram o Campeonato Brasileiro da Série B.

Marcelo Oliveira chegou com o status de bicampeão brasileiro pelo Cruzeiro. Ganhou a Copa do Brasil de 2015 pelo clube alviverde, mas caiu com dez meses de trabalho.

Foi um dos únicos técnicos do grupo dos consagrados, desde os anos 1990, que não cumpriu nem um ano de trabalho. Cuca, após vencer o Brasileiro de 2016, também saiu com dez meses, mas por decisão própria. Porém, voltou em maio de 2017 e caiu em outubro do mesmo ano.

O retorno de Scolari recoloca o debate entre estudiosos e medalhões em alta. 

Na visão do técnico Dorival Junior, 56, hoje sem clube, a volta de Scolari “é muito importante”. Para ele, que teve como trabalho mais recente a manutenção do São Paulo na Série A, a divisão entre estudiosos e medalhões não é salutar para o Brasil.

“A parte teórica é importante. Mas não tivemos esta oportunidade [no início da carreira]. Nós aprendemos no trabalho, na vida, nos vestiários e na repetição do dia a dia”.

Segundo Dorival, que ficou três meses no Palmeiras em 2014, por mais que as diretorias tenham dúvidas e que avaliem os treinadores pelos resultados, o sucesso no futebol depende de tempo.

O tempo da terceira passagem de Felipão no Palmeiras começa a contar a partir do jogo diante do América-MG, às 16h deste domingo (5), no estádio Independência, em Belo Horizonte.

Em sua estreia, o treinador veterano vai enfrentar um pupilo. Adílson Batista, 50, recém-contratado pelo América-MG, era o capitão do novo técnico do Palmeiras nos anos 1990, no Grêmio. Juntos, ganharam vários títulos, como a Libertadores de 1995. 

No futebol, Batista considera Scolari um pai. Essa será a terceira partida dele no time. Até agora, foram duas vitórias.

O Palmeiras pode ter a volta do atacante Borja, recuperado de lesão. Mas Willian, com problema muscular, está fora do jogo.

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.