Em final marcada por VAR, Cruzeiro vence Corinthians e é hexa da Copa do Brasil

Clube mineiro conquistou o sexto título e se tornou o maior vencedor do torneio

Henrique, capitão do Cruzeiro, levanta a taça de campeão da Copa do Brasil de 2018
Henrique, capitão do Cruzeiro, levanta a taça de campeão da Copa do Brasil de 2018 - Nelson Almeida/AFP
São Paulo

​Em final marcada pela interferência do VAR (árbitro assistente de vídeo), que assinalou pênalti para o Corinthians e anulou gol da equipe, o Cruzeiro venceu o time paulista por 2 a 1, nesta quarta (17), no Itaquerão, e se tornou o maior campeão da Copa do Brasil, com seis títulos.

As intervenções do VAR aconteceram na segunda etapa e geraram reclamações. O árbitro Wagner do Nascimento Magalhães foi chamado pela primeira vez para analisar possível falta dentro da área no volante Ralf. Após quase dois minutos, assinalou pênalti que foi convertido por Jadson, aos 10 minutos.

Catorze minutos depois, o árbitro de vídeo foi utilizado novamente. Quando os corintianos já comemoravam um gol de Pedrinho, em finalização de fora da área, o árbitro foi chamado e marcou falta de Jadson em Dedé pouco antes do chute do atacante.

"O VAR sempre ajuda o bom futebol. Infelizmente, atrapalhou o Corinthians, mas se foi a decisão correta, segue o jogo", afirmou o atacante após a partida.

Essa foi a primeira vez que a tecnologia participou ativamente da decisão de um título nacional. O árbitro de vídeo começou a ser utilizado na Copa do Brasil deste ano nas quartas de final.

"O Corinthians não votou contra o VAR, votou contra a situação. Tanto é que hoje muita gente está falando que foi, que não foi [os lances corretos ou não]... Se tem o VAR para interpretação, não é para ter", disse o presidente corintiano Andrés Sanchez.

Em reunião realizada no dia 5 de fevereiro, o Corinthians votou contra a implementação do VAR no Campeonato Brasileiro. Além do clube alvinegro, votaram contra: América-MG, Atlético-PR, Ceará, Cruzeiro, Fluminense, Paraná, Santos, Sport, Vasco e Vitória.

Como havia vencido o jogo de ida por 1 a 0, no Mineirão, o Cruzeiro precisava de ao menos um empate para conquistar o título sem a necessidade da disputa de pênaltis. Para o Corinthians ficar com o título, a vitória teria que ser por dois gols de diferença.

Sem o título, o Corinthians deve encerrar o ano apenas com a conquista do Paulista e precisará resolver sua situação no Brasileiro o mais rápido possível, já que, a quatro pontos da zona de rebaixamento, ainda corre risco de cair para a Série B.

Em crise financeira, o clube teve de se desfazer de uma série de jogadores para fechar as contas e não conseguiu recompor o elenco com reforços do mesmo nível.

Tanto é que os treinadores que passaram pela equipe tiveram que apostar em jovens promessas, como Léo Santos, 19, que falhou no primeiro gol cruzeirense no Itaquerão.

Ele errou o domínio pelo lado direito e perdeu a jogada para Rafinha, que avançou e tocou para Barcos colocar no canto e acertar a trave. A bola sobrou para Robinho bater de primeira e abrir o placar. 

 

A falta de peças de reposição também fez a equipe ter de alterar a forma de atuar que levou à conquista do Brasileiro do ano passado.

Principal candidato a substituir Jô, vendido no fim do ano passado para o futebol japonês, o atacante Roger não pôde atuar na Copa do Brasil porque já havia jogado o torneio pelo Internacional.

Além de perder jogadores que formavam a base da equipe, o Corinthians também viu o treinador Fábio Carille aceitar uma proposta milionária do Al Wehda, da Arábia Saudita, e deixar o comando após 16 meses e três títulos. 

A diretoria apostou em uma solução caseira. Osmar Loss, que dirigia o time sub-20 até fevereiro de 2017, foi anunciado como o novo técnico, mas durou apenas 22 jogos. Ele conquistou só 42% dos pontos e deixou o cargo.

O clube foi ao mercado e trouxe Jair Ventura, que tem como ponto forte a marcação e o futebol reativo, algo que a torcida corintiana ficou acostumada após a coleção de troféus da última década.

Nesse estilo, passou pelo Flamengo na semifinal, mas não fez frente ao clube mineiro na decisão do principal torneio mata-mata do país.

O zagueiro corintiano Henrique lamenta chance perdida após cabeçada que foi para fora
O zagueiro corintiano Henrique lamenta chance perdida após cabeçada que foi para fora - Danilo Verpa/Folhapress

Já o Cruzeiro conquistou a Copa do Brasil pela sexta vez e se tornou o maior campeão --ultrapassou o Grêmio, que tem cinco conquistas. A equipe mineira já havia levantado o troféu do torneio em 1993, 1996, 2000, 2003 e 2017.

Na campanha rumo ao título, o clube obteve 100% de aproveitamento como visitante. Venceu Atlético-PR, Santos, Palmeiras e Corinthians na segunda partida da decisão.

Em casa, empatou com Atlético-PR e Palmeiras, perdeu para o Santos e ganhou apenas do Corinthians.
O time deu o primeiro passo para o título no Mineirão, na semana passada, quando venceu por 1 a 0.

Assim, a equipe adotou sua estratégia mais eficaz fora de casa: marcou forte e explorou o contra-ataque. 

Já o Corinthians teve dificuldades para criar assim como aconteceu no primeiro jogo. Nesta quarta-feira, o treinador Jair Ventura tirou Mateus Vital e Clayson e colocou Jonathas e Emerson Sheik, que teve uma boa atuação. 

Com a derrota parcial, o clube voltou arriscando mais na etapa complementar e conseguiu o empate com Jadson, de pênalti. E até chegou ao segundo gol, que foi anulado. 

Já no fim do jogo, quando se arriscava para marcar o gol da virada, o time levou um contra-ataque e o uruguaio De Arrascaeta, que desembarcou em São Paulo nesta quarta, após defender sua seleção em amistosos no Japão, escapou pela esquerda e tocou na saída do goleiro Cássio, encerrando qualquer chance de reação. 

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