Descrição de chapéu Copa Libertadores

42 anos depois, primeira final entre Boca e River ainda gera polêmica

Gol do Boca aconteceu enquanto goleiro do River ainda arrumava a barreira

Alex Sabino Bruno Rodrigues
São Paulo

Até março deste ano, antes de os rivais decidirem a Supercopa Argentina, só um gol havia sido marcado em uma final disputada entre Boca Juniors e River Plate. Gol controverso de uma partida tensa, histórica e que, depois daquele 22 de dezembro de 1976, ninguém mais pôde ver novamente.

Não há registros em vídeo da cobrança de falta de Rubén Suñé, que decidiu o Nacional há 42 anos, com vitória do Boca por 1 a 0. A partida foi transmitida ao vivo para o país, mas o que aconteceu com a fita (desaparecida) é alvo de várias teorias, nenhuma delas comprovada.

O único fato concreto é que o jogador do Boca cobrou a falta enquanto o goleiro do River, Ubaldo Fillol, ainda arrumava a barreira. Fez o gol.

Mastrángelo, do Boca, chuta vigiado por Passarella, do River, na final do Campeonato Argentino de 1976
Mastrángelo, do Boca, chuta vigiado por Passarella, do River, na final do Campeonato Argentino de 1976 - Boca Juniors/Site oficial/Divulgação

Neste domingo (11), as duas equipes fazem, em La Bombonera, a primeira partida da decisão da Copa Libertadores, e apenas a segunda final relevante na história envolvendo uma das maiores rivalidades sul-americanas.

O jogo seria neste sábado (10), mas foi adiado por causa da chuva. No Brasil, SporTV e Fox Sports transmitem. 

Na Supercopa de 2018, o River Plate venceu o rival por 2 a 0 e sagrou-se campeão, mas trata-se de um troféu recente e de pouca expressão.

"Fiquei com tanta raiva que me lembro muito pouco daquele jogo. Não merecíamos perder. Nosso time era melhor que o do Boca. Bem melhor", relembra à Folha o goleiro Fillol, que oito anos depois foi jogar no Flamengo.

O sentimento amargo em relação àquela partida é compartilhado pelo colega de equipe Leopoldo Luque, campeão com Fillol da Copa do Mundo de 1978 pela seleção.

"Me sinto um pouco culpado [pelo lance]. Cheguei a dar um pique, estava quase chegando na bola para evitar que [Suñé] fosse chutar, mas ele cobrou", diz Luque. "Que se perca dessa maneira, ainda mais em um clássico, é frustrante."

A edição especial da revista argentina El Gráfico sobre o título do Boca, publicada em 28 de dezembro de 1976, traz a imagem do árbitro Arturo Ithurralde levantando os braços e autorizando a cobrança de falta.

A revista também procura esclarecer uma outra polêmica daquele jogo: um suposto pênalti do goleiro do Boca, Hugo Gatti, sobre Luque.

Na seção dedicada ao lance, com fotos do momento no qual Gatti derruba o atacante, a El Gráfico diz no texto de apoio das imagens: "Gatti vai para o chão e chega primeiro na bola, tocando para um dos lados. Não houve infração."

Mais de 40 anos depois, Leopoldo Luque segue irredutível quanto ao lance e defende que sofreu a penalidade.

"Fui arrancando com a bola e ia chutar, mas não consegui. Ele me toca e, bem... foi dentro da área. Seu braço pega no peito do meu pé direito e me derruba", afirma o ex-atleta do River Plate.

O 1 a 0 deu ao Boca o título do Nacional, que se juntou ao Metropolitano conquistado no primeiro semestre para consagrar o bicampeonato em 1976 sob o comando do técnico Juan Carlos Lorenzo.

Rubén Suñé, que ainda não tinha feito nenhum gol em toda a temporada, marcou seu primeiro e único naquele ano justamente diante do arquirrival. O suficiente para imortalizá-lo na história do Boca.

Hoje, o ex-camisa 5 tem uma estátua no hall da Bombonera, ao lado de outros grandes ídolos como Diego Maradona, Juan Román Riquelme e Martín Palermo.

"Foi uma das melhores noites da minha vida. Durante todo o ano eu não havia marcado um gol, e esta noite coube a mim marcar o que nos dá o campeonato", afirmou Suñé à El Gráfico, ainda nos vestiários do estádio Cilindro, em Avellaneda, antes de seu último banho como um mero mortal nas páginas da maior rivalidade da Argentina.

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