Brasileiros correm contra nova marca negativa na São Silvestre

Na prova de 2017, atletas do país tiveram seu pior desempenho em 44 anos

Foto de longa exposição com pernas de pessoas correndo
Corredores durante a 93ª São Silvestre, na avenida Paulista, em 2017 - Eduardo Anizelli/Folhapress
Bruno Rodrigues Daniel E. de Castro
São Paulo

​No último dia de um 2018 difícil para muitos corredores brasileiros, a 94ª edição da São Silvestre aparece como boa oportunidade para encerrar o ano em alta.

A tradicional corrida pelas ruas de São Paulo será realizada na manhã desta segunda-feira (31), com largada e chegada na avenida Paulista (veja os horários das largadas e o percurso abaixo).

Em 2017, os atletas do país tiveram seu pior desempenho em 44 anos contando as categorias masculina e feminina. O melhor resultado foi de Joziane Cardoso, que terminou na décima posição.

Entre os homens, Ederson Pereira foi o brasileiro mais bem colocado, em 12º lugar.

Desde 1973, quando a prova tinha 8,9 km de percurso —hoje são 15 km—, o resultado final não havia sido tão ruim para os atletas da casa.

Parecia um prenúncio do ano tumultuado que viveria o atletismo brasileiro, pelo menos fora das pistas. A temporada de 2018 foi marcada pelo fechamento da principal equipe da modalidade, a B3, acompanhada do encerramento das atividades de uma das mais tradicionais do país, o Cruzeiro.

A B3 era o time defendido por Ederson Pereira, 28, que agora está no Esporte Clube Pinheiros.

"É triste isso. A gente vê alguns amigos que acabam ficando desempregados, que não conseguem arrumar outro clube. Ficamos até um pouco pressionados, porque o esporte está passando por dificuldade nos últimos anos, mas não podemos nos abater por isso. A gente é guerreiro", afirmou o atleta.

Apesar do desempenho ruim do país na última edição, ele disse que ficou satisfeito com a condição de brasileiro mais bem colocado.

"Particularmente é um sonho vencer essa prova, e eu posso dizer que a preparação foi muito boa. Porém, eu tive um ano difícil com lesões, o que impossibilitou fazer uma preparação mais específica em termos de altitude, de buscar um treinamento diferenciado", afirmou Pereira.

Por ora, seu principal objetivo é ficar entre os cinco primeiros colocados e conseguir um lugar no pódio.
Joziane Cardoso, 33, tem o mesmo objetivo. Ela reconhece, porém, que a concorrência das atletas de países da África dificulta a vida dos locais.

"Não que os brasileiros não sejam capazes, mas é outro nível. A questão de nós nos prepararmos para chegarmos no nível deles, a cada ano que passa está ficando mais difícil. Porque os patrocínios estão acabando, equipes estão acabando. Então isso está desmotivando muito atleta", declarou a corredora do Londrina Atletismo, clube do Paraná.

Cláudio Castilho, gerente de esportes olímpicos do Pinheiros, também insiste na necessidade de os brasileiros fazerem um planejamento específico para a prova se quiserem ter chances de vitória.

Para ele, o fato de o evento atrair os africanos deve ser encarado como um fator positivo. "Nos últimos anos, os resultados que têm ocorrido na São Silvestre demonstram esse status que a prova tem. Gostaria que isso continuasse, prefiro que a prova tenha esse nível. Porque a gente sai pra buscar isso. E em casa a gente tem que valorizar."

Bicampeão da prova, Dawitt Admasu, etíope que agora defende o Bahrein, é o maior destaque entre os estrangeiros. Outro é o queniano Paul Kipkemboi, campeão da Meia Maratona do Rio neste ano.

Vencedora da mesma prova, a queniana Ester Kakuri se destaca entre as mulheres, assim como a etíope Sintayehu Hailemichael, vice da São Silvestre no ano passado.

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