Como dirigente, Sheik quer ser 'antiexemplo' para jogadores do Corinthians

Aposentado, ex-atacante assume cargo de coordenador de futebol no clube

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São Paulo | Agora

Não é uma regra, mas geralmente ex-jogadores que se aventuram como dirigentes após pendurarem a chuteira tinham, quando atletas, um perfil politicamente correto, centrado e agregador. Novo coordenador de futebol do Corinthians, Emerson Sheik, 40, foge desse modelo.

Ao longo de sua carreira, o ex-atacante colecionou episódios de indisciplina e polêmicas com a mesma desenvoltura com qual fazia gols e conquistava títulos. Recém-aposentado, ele mesmo admite isso e quer servir agora como um antiexemplo.

“Toda minha história e esses erros vão servir agora. Vou poder identificar um atleta que está errando e falar para ele com propriedade que não é um bom caminho”, disse em entrevista coletiva no CT do Parque Ecológico, ao lado de Vilson, que também assume um cargo diretivo no clube.

Emerson Sheik deixou a carreira de jogador de futebol no fim da última temporada
Emerson Sheik deixou a carreira de jogador de futebol no fim da última temporada - Daniel Augusto/Ag. Corinthians

O ex-zagueiro, que se aposentou em 2018 aos 30 anos por causa de sucessivas lesões, será gerente de futebol do Corinthians, cargo ocupado até o início do ano pelo ex-lateral Alessandro.

Sheik e Vilson, porém, vão dividir suas atribuições dentro do clube, embora não esteja claro para eles as funções de cada um.

“Tudo é novo para nós”, disse o ex-atacante. “A gente vai se ajudando que as coisas têm dado certo”, afirmou Vilson.

Segundo a diretoria corintiana, eles vão atuar como uma ponte entre o elenco e os dirigentes. 

Sheik fará, ainda, o trabalho de integração entre os atletas da base e o profissional. Terá, por exemplo, que dar conselhos que talvez tenham faltado ao ex-jogador.

Diretor de futebol do Corinthians, Duilio Monteiro Alves (centro) apresenta Emerson Sheik e Vilson como dirigentes do clube
Diretor de futebol do Corinthians, Duilio Monteiro Alves (centro) apresenta Emerson Sheik e Vilson como dirigentes do clube - Daniel Augusto Jr./Ag. Corinthians/Divulgação

Em 2006, enquanto embarcava do Rio de Janeiro para o Qatar, o ex-atleta foi detido pela Polícia Federal no aeroporto por estar com um passaporte falso.

A origem dessa história, no entanto, é bem mais antiga. Ele nem era conhecido como Emerson Sheik e, sim, como Márcio Passos de Albuquerque, seu nome verdadeiro.

Em 1996, aos 18 anos, ele estava desiludido por não conseguir ser aprovado em nenhum clube de futebol e sua mãe, Carmen, resolveu adulterar a certidão de nascimento do filho para ele poder fazer mais testes.

Lideson (esq.) e Emerson Sheik carregam a taça de campeão da Libertadores
Lideson (esq.) e Emerson Sheik carregam a taça de campeão da Libertadores - Robson Ventura - 5.jul.12/Folhapress

Assim, Márcio Passos de Albuquerque, nascido em 6 de dezembro de 1978, virou Márcio Emerson Passos, registrado em 6 de setembro de 1981, três anos a menos.

Foi assim que ele conseguiu ingressar na base do São Paulo. Emerson se destacava entre os demais justamente por seu porte físico para a idade.

Dez anos depois, após ser detido no aeroporto no Rio, ele foi condenado a três anos e nove meses de prisão, mas a sua pena foi convertida em multa e prestação de serviços comunitários.

Emerson Sheik conseguiu superar esse episódio e seguiu sua carreira. Cinco anos mais tarde, em 2011, foi contratado pelo Corinthians.

De lá para cá, somou três passagens pelo clube, com 195 jogos, 28 gols e sete títulos conquistados, entre eles a Libertadores e o Mundial de Clubes. Na decisão do torneio continental, fez os dois gols na final contra o Boca Juniors e se tornou o símbolo daquela campanha.

Ídolo da torcida, Sheik cultivou amizades com os jogadores do Corinthians e também com os dirigentes do clube, em especial, o presidente do time alvinegro, Andrés Sanchez.

Isso foi determinante para o mandatário resolver convidá-lo a trabalhar novamente no Parque São Jorge após o término do seu contrato como jogador, no fim de dezembro.

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