Recordista em medalhas, Scheidt deixa aposentadoria e tentará 7ª Olimpíada

Velejador anunciou que retornará às disputas da classe laser de olho na vaga em Tóquio

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Demétrio Vecchioli
São Paulo | UOL

Durou quinze meses e alguns dias a aposentadoria de Robert Scheidt. Como tantos outros grandes atletas olímpicos, do Brasil e do exterior, o astro da vela brasileira não conseguiu ficar muito tempo longe.

Nesta terça-feira (5), ele concedeu entrevista coletiva em São Paulo para anunciar que vai tentar vaga nos Jogos Olímpicos de Tóquio na classe Laser e tentar se isolar como maior medalhista brasileiro —ele e Torben Grael, técnico da seleção, têm cinco cada um. Será também a chance de disputar sua sétima Olimpíada, outro recorde.

O anúncio, porém, não causou surpresa. Em outubro de 2017, quando também reuniu a imprensa no Yacht Club Santo Amaro, na beira da represa de Guarapiranga, para anunciar que estava se aposentando como velejador olímpico, o debate entre os jornalistas presentes não era se ele mudaria de ideia, mas quando.

Aos 45 anos, Scheidt não é do tipo que se contenta com pouco. Há quinze meses, disse que iria se dedicar à classe Star, que não faz parte do programa olímpico mas tem um calendário internacional agitado e de ótimo nível. E que, enfim, estaria à disposição da vela de oceano, considerada um desafio para os melhores velejadores do mundo.

"Agora podemos começar a dizer 'sim' para algumas categorias que sempre vinham me chamando e eu dizia 'não'. Neguei muitos convites interessantes", disse na ocasião.

Mas os convites, se vieram, não foram aceitos. Scheidt não participou da Volvo Ocean Race, no ano passado, e ao que tudo indica também não estará nas fases preliminares da America's Cup.

Nesses 15 meses, o brasileiro foi campeão sul-americano de Star e, com Henry Raul Boening, faturou a prata no Star Sailors League Finals, em dezembro. Foi superado por Jorge Zarif, velejador da Finn a quem treinou no Mundial do ano passado, sem grande sucesso.

O evento que mudou o curso da história para Scheidt, porém, foi a Copa Brasil de Vela, em Florianópolis (SC). O multicampeão se inscreveu, segundo ele, para se divertir.

"Estou indo pelo prazer do esporte. Não quer dizer que eu tenha voltado definitivamente à classe ou tenha aspiração olímpica. Não estou pensando nisso. Quero ir para curtir a minha velejada", disse antes da competição, na qual foi medalhista de prata na Laser —terminou empatado em pontos com Bruno Fontes, atrás nos critérios de desempate.

Robert Scheidt veleja na final olímpica da classe Laser em 2016
Robert Scheidt veleja na final olímpica da classe Laser em 2016 - Benoit Tessier - 16.ago.16/Reuters

Ali o velejador que se aposentou em 2017 porque dizia não se sentir competitivo viu que, na verdade, ainda é bastante competitivo. E que o sonho de conquistar a sexta medalha olímpica, que escapou por pouco na Rio-2016, quando foi quarto colocado, não está tão distante assim.

Em busca da vaga olímpica, será fundamental para Scheidt o Troféu Princesa Sofia, em Palma de Mallorca (Espanha), entre 29 de março e 6 de abril. Se ele ficar entre os 20 primeiros da Laser, será custeado pela CBVela para disputar a etapa de Hyères (França) da Copa do Mundo e para disputar o evento teste olímpico da vela, no Japão.

Já a competição em Hyères vale vaga na equipe da CBVela no Mundial de Vela, que por sua vez é classificatório para a Olimpíada. Esta será a quinta corrida olímpica de Scheidt na Laser, classe que o projetou internacionalmente com um título mundial júnior em 1991 e com o ouro em sua primeira participação olímpica, em Atlanta-1996.

Depois ele ainda foi prata em Sydney-2000 e bronze em Atenas-2004. Em 2006, migrou para a Star, desafiando a hegemonia de Torben Grael e Marcelo Ferreira, donos de dois ouros e um bronze nas três Olimpíadas anteriores.

Com Bruno Prada, conseguiu o que parecia impossível. Quando já era favorito à vaga olímpica em Pequim-2008, viu Torben desistir da corrida para fazer sucesso na vela de oceano. Passou, então, a ser o cara do Brasil na Star, faturando a prata em Pequim e o bronze em Londres-2012, quando já havia sido anunciado que a classe mais tradicional da vela sairia do programa olímpico para o Rio.

No pódio das cinco edições olímpicas anteriores, o Brasil tentou convencer a federação internacional a voltar atrás da decisão, mas não teve jeito. Seria uma forma de estender as conquistas de Scheidt, numa classe em que idade não é um problema: Torben foi medalhista pela última vez aos 44, o norte-americano Mark Reynolds foi ouro em 2000 aos 45 e o sueco Fredrik Lööf venceu em 2012 aos 43.

Restou a Scheidt voltar para a Laser, classe que exige mais da parte física. Ele até foi campeão mundial em 2013, no seu retorno à classe, mas não fez uma campanha olímpica brilhante. Mesmo assim, chegou bem cotado à Olimpíada, quando o bronze lhe escapou pelas mãos, ficando em quarto.

Depois da Rio-2016, arriscou velejar de 49er, com Gabriel Borges, mas teve um primeiro ano, de 2017, sem resultados relevantes, e optou por parar.

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