Scheidt e Torben viram técnicos e guiam nova geração da vela

Campeões olímpicos estarão no Mundial que começa nesta semana na Dinamarca

Guilherme Costa
Aarhus (Dinamarca)

Dois dos maiores nomes da história da vela mundial, Robert Scheidt e Torben Grael estarão juntos novamente em uma seleção brasileira. Aposentados de categorias olímpicas, eles serão técnicos da equipe que disputa o Campeonato Mundial de vela, que começa no próximo dia 2, na Dinamarca.

A novidade no torneio é a presença de Robert Scheidt, dono de cinco medalhas olímpicas, na comissão. Ele será o treinador direto de Jorge Zarif, aposta do país na classe Finn. Torben Grael é coordenador da seleção há quatro anos.

Jorge Zarif, da categoria Finn, durante as Olimpíadas do Rio 2016
Jorge Zarif, da categoria Finn, durante as Olimpíadas do Rio 2016 - Brian Snyder 9.ago.16/Reuters

Scheidt, 45, participou de todas as Olimpíadas de 1996 a 2016, somando cinco medalhas, duas de ouro, duas de prata e uma de bronze.

Os números o colocam como o maior medalhista da história do país entre todas as modalidades. Além disso, ele foi campeão mundial 14 vezes, 11 na classe Laser e 3 na Star.

Aposentado das competições olímpicas após o quarto lugar na Rio-2016, ele inicia a nova fase da carreira como técnico de Jorge Zarif.​

“Durante o campeonato, minha função ficará mais focada em identificar as condições da raia. Agora teremos mais dois olhos na raia tentando identificar as condições de cada percurso, as características de cada um. Com isso, espero conseguir que o Jorge tenha um mundial consistente. Vou sempre tentar fazer análises de risco e retorno para cada estratégia de regata” afirma.

Ele não definiu ainda se seguirá na função até a Olimpíada de Tóquio, em 2020.

Zarif é atleta da classe Finn, categoria em que Scheidt jamais competiu internacionalmente.

Com 25 anos, ele participou das duas últimas Olimpíadas. Foi quarto colocado nos Jogos do Rio e ocupa a liderança do ranking da Federação Internacional.

“A expectativa é classificar o Brasil para os Jogos Olímpicos de Tóquio, terminando entre os oito primeiros países. É um campeonato muito importante dentro ciclo olímpico e muito competitivo”, afirma Zarif.

O Mundial é o primeiro campeonato que classifica direto aos Jogos de Tóquio 2020. São 101 vagas para a Olimpíada entre as dez categorias. Na Finn, os oito primeiros garantem um lugar no Japão.

Desde a Olimpíada de 1984, em Los Angeles, nos Estados Unidos, em todas edições dos Jogos o Brasil teve ao menos um de seus principais pilares da modalidade: Robert Scheidt ou Torben Grael. A Olimpíada de Tóquio será, portanto, a primeira em 40 anos sem a presença de ao menos um dos dois na água.

Torben Grael, que será o coordenador da seleção, minimiza a ausência da dupla na água e aposta na força da equipe:

“Esta é uma equipe que pode defender muito bem as tradições de bons resultados do Brasil na vela. A gente tem uma classe que é medalhista de ouro agora, por exemplo, que é a 49er feminina, campeã olímpica. E ainda temos velejadores jovens, com bons resultados e boa experiência”, afirma.

A principal chance de medalha do Brasil é na classe 49er FX, com Martine Grael e Kahena Kunze.

Campeãs olímpicas na Rio-2016, foram medalhistas de ouro no Mundial de 2014 e têm no currículo outros três pódios na competição. Torben é pai de Martine.

“É uma relação normal durante a competição. A treinadora delas, a Martha Rocha, é quem tem um relacionamento direto com ela e a Kahena no dia a dia. Meu papel é mais de orientar um pouco a parte de treinamento e dar apoio nas competições, quando necessário”, disse Torben, que também tem na equipe um outro filho, Marco, na classe 49er.

A dupla campeã olímpica ficou separada nos últimos dez meses. Martine participou da Volvo, a regata de volta ao mundo, enquanto Kahena aproveitou o período para focar os estudos, no curso de engenharia ambiental.

“Aprendi muita coisa na competição. Eu não tinha domínio nenhum de vela oceânica e agora me sinto segura. Isso passa para o meu dia a dia do 49er, que é o barco olímpico. Minha visão de vento e manobras é outra hoje”, disse Martine, que velejou mais de 15 mil quilômetros em nove meses na competição.

Kahena admite que não fez muitos treinamentos enquanto a parceira estava longe:

“Eu me dediquei aos meus estudos para valer no último ano. Não me preocupei em treinar muito. Claro que dei uma velejada ou outra de vez em quando, mas não era o meu foco. Eu me mantive ativa, fazendo outros esportes e atividades que eu gosto. Mas agora já estou de volta à forma e está tudo certo”, afirma.

Na Olimpíada do Rio, Martine e Kahena ganharam a medalha de ouro com apenas três pontos de vantagem para o barco da Nova Zelândia, formado por Alex Mahoney e Molly Meech. Para Kahena, elas são as maiores rivais pelo título mundial.

“Nossas principais adversárias são as neozelandesas, que não pararam desde os Jogos. Estão bem fortes, são bem constantes. É uma boa dupla a ser combatida”, disse.

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