Descrição de chapéu Copa América

Após mordida, Suárez pode enfim ajudar Uruguai em mata-mata no Brasil

Incidente com o italiano Chiellini tirou atacante das oitavas na Copa-2014

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São Paulo

Cinco anos depois do episódio mais controverso de sua carreira, o atacante uruguaio Luis Suárez, 32, poderá enfim ajudar sua seleção em um mata-mata no Brasil.

Neste sábado (29), o Uruguai enfrenta o Peru, na Fonte Nova, em Salvador, às 16h, valendo a última vaga nas semifinais da Copa América.

No dia 24 de junho de 2014, Suárez mordeu o ombro do zagueiro italiano Giorgio Chiellini na vitória da equipe celeste por 1 a 0, em Natal, na última rodada da fase de grupos da Copa do Mundo. Dois dias depois, o jogador foi suspenso pelo Comitê Disciplinar da Fifa por nove jogos, além de ser afastado por quatro meses de qualquer atividade relacionada ao futebol.

Suárez no chão após morder o zagueiro italiano Chiellini no duelo pela fase de grupos da Copa do Mundo de 2014.
Suárez após morder o zagueiro italiano Chiellini no duelo pela fase de grupos da Copa do Mundo de 2014. - Tony Gentile-24.jun.2014/REUTERS

A entidade que comanda o futebol mundial ainda obrigou o atleta a se despedir dos companheiros e deixar o local da concentração uruguaia.

“Me mataram, me mataram”, disse Suárez ao roupeiro da seleção Edgardo “Minguta” Di Mayo na época, em relato publicado pelos jornalistas Luis Eduardo Inzaurralde e Jorge Señorans no livro “Maestro — El Legado de Tabárez” (Maestro — O legado de Tabárez).

“Me encontrei com ele [Tabárez] depois do almoço no hotel para me despedir, porque eles iam para o Rio de Janeiro, e nesse abraço senti sua tristeza e a dor que todos nós sentimos”, disse o atacante em seu relato aos escritores.

Sem seu principal atacante, o time do técnico Óscar Tabárez sucumbiu diante da Colômbia nas oitavas do Mundial. Na entrevista coletiva após a partida, no Maracanã, o treinador deu uma demonstração pública de apoio ao atleta, condenando o que ele viu como “severidade excessiva” por parte da Fifa no caso.

Não foi a primeira e nem a última vez que Tabárez se portou como uma espécie de protetor do camisa 9.

Segundo contam Inzaurralde e Señorans na obra publicada em 2018, a carreira de Suárez com a camisa da seleção é repleta de conversas e conselhos por parte do treinador. Sempre de maneira privada, discreta, uma característica do modo como o ex-professor primário trabalha com seu elenco de jogadores.

A suspensão no Mundial do Brasil fez com que o atleta ficasse o restante de 2014 e todo o ano de 2015 distante da Celeste. Ele sentia que havia decepcionado Tabárez.

Só em 2016 é que ele voltou a vestir oficialmente a camisa da seleção, que disputava as eliminatórias para a Copa do Mundo da Rússia e tinha uma Copa América, nos Estados Unidos, por disputar. 

Recuperando-se de uma lesão com o torneio em andamento, foi colocado no banco de reservas na competição que celebrava o centenário da Conmebol.

Na derrota do Uruguai para a Venezuela por 1 a 0, Tabárez fez as três alterações e não colocou o atacante em campo, por ainda estar se recuperando do problema na coxa direita. Foi a senha para Suárez estourar outra vez, socando o banco de reservas, revoltado em não poder ajudar o Uruguai do lado de dentro.

A irritação aconteceu três meses após o técnico dar nova demonstração de confiança ao jogador, elegendo-o como capitão da equipe em duelo contra o Brasil pelas eliminatórias.

Luis Suárez, mais uma vez, demonstrava desequilíbrio. Mas seguia fundamental para a seleção. E Óscar Tabárez, do alto de sua tranquilidade e experiência para lidar com o grupo, sabia disso.

“Luis tem uma coisa. Quando as coisas não estão bem, ele considera que ele não está. Dito de outra forma, ele quer ganhar sozinho, e essa é uma medida equivocada”, diz o treinador no livro.

Na atual edição da Copa América, na vitória por 1 a 0 sobre o Chile, Suárez ficou cara a cara com o goleiro Arias e, na tentativa de cruzar para o meio da área, acabou chutando em cima do camisa 1 chileno. Quase que instintivamente, após o toque na mão do goleiro, pediu pênalti ao árbitro. Em um lapso, parece ter percebido a gafe e levou as mãos à cabeça pela oportunidade de gol desperdiçada.

O gol de Edinson Cavani deu ao Uruguai a liderança do grupo, a possibilidade de encarar o Peru nas quartas de final e a chance para que Suárez finalmente dispute um mata-mata pelo Uruguai no Brasil. Ainda que o fio que conecta sua mente ao jogo continue meio solto.

Tabárez, como sempre, pagará para ver.

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