Algoz de Rafaela Silva ficou no judô para superar perda do pai

Ketelyn Nascimento, 21, derrotou campeã olímpica e foi vice em Grand Slam

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Brasília

Vice-campeã do Grand Slam de Brasília em sua primeira competição desse nível, Ketelyn Nascimento, 21, começou a praticar judô aos 5 anos de idade, na escola em que estudava na zona sul de São Paulo, após descobrir que levava mais jeito para a luta do que para o balé.

Ela só decidiu que ficaria para valer na arte marcial aos 11 anos, como consequência de um episódio triste.

“Tive certeza quando perdi meu pai. Eu já não ganhava muito e comecei a estagnar, então queria parar com o judô e com a escola, porque ficava pensando no que tinha acontecido. Mas minha mãe disse que, se eu só pensasse no passado, nunca olharia para o presente e para o futuro. Foi aí que comecei a querer investir mais no judô e na escola”, afirmou.

Ketelyn luta com Rafaela Silva durante o Grand Slam de Judô de Brasília
Ketelyn luta com Rafaela Silva durante o Grand Slam de Judô de Brasília - Abelardo Mendes Jr/ rededoesporte.gov.br

Dos treinos no colégio colégio Shangri-lá, a paulistana foi parar no centro de excelência do Ibirapuera. Lá, teve contato com o medalhista olímpico de 1996 Henrique Guimarães, que a levou para o Palmeiras. Atualmente, ela treina no clube Pinheiros.

Na primeira seletiva nacional em que foi escolhida para disputar competições fora do país, em 2013, Ketelyn teve que providenciar um passaporte e um quimono de mais qualidade em comparação ao que tinha na época.

“Eu nunca tinha nem tocado num quimono Adidas, mas minha mãe [Telma, que trabalha como diarista] deu um jeito de conseguir dinheiro. Foi bastante esforço por parte da minha ‘mãetrocínio'”, conta a judoca.

O investimento deu certo, e neste domingo ela derrotou  nas semifinais ninguém menos que a campeã olímpica e mundial Rafaela Silva, 27, pela segunda vez na carreira.

A primeira foi em 2018, durante o Troféu Brasil (competição de clubes), em combate definido após mais de cinco minutos de golden score (prorrogação).

Questionada sobre um possível segredo para bater a rival bem mais experiente e condecorada, a jovem, que chegou ao Grand Slam como número 127 do ranking, desconversou. "Se tiver receita ainda não sei a fórmula. Ela é uma grande adversária por quem tenho muito respeito."

Na decisão, ela foi derrotada pela britânica Nekoda Smith-Davies e ficou com a medalha de prata.

Tratada como promessa do judô nacional, Ketelyn é uma das participantes da série em formato reality show Ippon, da TV Globo, que busca apresentar os novos nomes do esporte. “Não sou revelação ainda não, tenho muito mais para mostrar”, disse.

Tímida e ainda iniciante nas entrevistas coletivas, ela que fez uma pergunta ao se despedir dos repórteres. "Para onde vou agora?".

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