Clubes contestam receitas da Globo por exibição de jogos na internet

Dirigentes se queixam de descontos indevidos em valores pelo serviço de streaming

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São Paulo

A remuneração do Grupo Globo aos clubes do Campeonato Brasileiro pelas partidas transmitidas via streaming, por meio do aplicativo Premiere Play, têm sido alvo de contestações de dirigentes.

O consenso entre cartolas de sete clubes da Série A ouvidos pela Folha é que a exibição na internet deve se tornar fundamental para o caixa nos próximos anos, com a adesão de um número maior de assinantes.

Esse assunto também integra um processo do Flamengo contra o Grupo Globo, iniciado em janeiro deste ano, na 36ª Vara Cível do Rio de Janeiro.

Os rubro-negros se queixam, no processo, de que a Globo desconta um percentual supostamente indevido no valor que o clube teria a receber. Isso também acontece com outras equipes consultadas pela reportagem, mas apenas o atual campeão nacional acionou a Justiça.

No modelo apresentado pela emissora, os pagamentos pelo serviço da internet são diferentes do pay-per-view pela TV. Neste, os clubes têm direito a 38% do total bruto arrecadado com a venda da assinaturas, e o dinheiro é dividido de acordo com a pesquisa de torcedores assinantes do serviço, realizada pela Globo. Quem tem mais torcida fica com uma fatia maior.

A fórmula para o aplicativo é diferente. A Globo se comprometeu inicialmente a pagar aos clubes 50% da receita líquida do serviço, como está registrado no processo do Flamengo.

As agremiações esperavam que a empresa descontasse 10% de imposto, mas foram retirados também outros 10% do imposto pelo repasse das imagens entre dois braços do grupo, da Globosat para a Globo, e 20% de repasse de custos com a transmissão.

A estimativa do Flamengo é que, com os descontos, o clube tenha direito a receber metade do que esperava em relação ao valor total arrecadado pela emissora.

Maracanã em jogo do Flamengo no Campeonato Brasileiro de 2019
Maracanã em jogo do Flamengo no Campeonato Brasileiro de 2019 - Sergio Moraes - 25.set.19/Reuters

Para os dirigentes rubro-negros, a Globo explicou estar repassando o lucro da operação, não o líquido.

“Ao apresentar planilha de apuração do que seriam as receitas líquidas sobre os serviços em questão, a ré [Globo] realizou descontos que não se limitam a impostos, tendo elas incluído no cálculo despesas com comissões pagas a empresas do grupo e custos diversos com a operação", diz o processo iniciado pelo clube.

Procurada pela Folha, a emissora afirma que cumpre o que foi estabelecido no documento: "Globo e clubes dividem as receitas das vendas do Premiere Play, depois de abatidos os custos do produto, tal como previsto no contrato. É um modelo justo e aceito por todos os clubes".

A empresa cobra R$ 79,90 mensais pelo pacote de streaming com a maior parte dos jogos do Campeonato Brasileiro (o Athletico não tem contrato para exibir suas partidas nessa plataforma).

Apesar de a Globo não divulgar sua base de clientes, os clubes ouvidos pela reportagem acreditam que todo o serviço de pay-per-view, considerando TV e internet, configuram um mercado de aproximadamente R$ 2 bilhões anuais.

No material de divulgação que enviou às agências de propaganda, a Globo avaliou que sua plataforma de transmissão, junto com os acessos aos jogos pelo site GloboEsporte.com, recebe 10,6 milhões de visitantes únicos por mês.

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