Descrição de chapéu Futebol Internacional

China sinaliza ambição de sediar Copa do Mundo com novos estádios

Início da construção de arena para 100 mil pessoas no país chamou a atenção

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

AFP

A China está passando por uma onda de investimentos que viu bilhões de dólares destinados à construção de novos estádios de futebol, o que está fazendo aumentar sua ambição de sediar uma Copa do Mundo, talvez já em 2030.

A onda de construções ocorre a despeito da pandemia do coronavírus, que paralisou as atividades em boa parte do planeta, abalando economias e interrompendo as competições esportivas.

Mas com o recuo do surto na China, onde a doença emergiu em dezembro, o Guangzhou Evergrande, campeão da Chinese Super League (CSL), na semana passada iniciou a construção de um novo estádio, avaliado em US$ 1,7 bilhão (R$ 9,5 bilhões).

Com capacidade para 100 mil espectadores, o estádio, em formato de flor de lótus, por algum tempo superará em capacidade o Camp Nou, do Barcelona –que passará por uma expansão– e será a maior arena de futebol do planeta, quando for completado, no final de 2022.

O Evergrande Group, uma grande incorporadora de imóveis fundada por um dos homens mais ricos da China, também pretende construir mais dois estádios para 80 mil espectadores em outras cidades do país.

O país terá pelo menos 12 novos estádios de futebol de grande porte, daqui a dois anos, de acordo com o Southern Metropolis Daily, um jornal estatal, que falou em uma “nova era para o futebol da China”.

A maioria deles será usada para Mundial de Clubes expandido que será disputado em 2022 e para a Copa da Ásia de 2023, mas o presidente Xi Jinping está de olho na maior das presas futebolísticas.

“Creio que o desejo da China de se candidatar a sediar a Copa do Mundo seja muito claro”, disse Ji Yuyang, jornalista do Oriental Sports Daily. Ji afirmou que uma candidatura chinesa é só questão de tempo.

Gianni Infantino, presidente da Fifa, disse em junho do ano assado que encarava positivamente uma candidatura chinesa para organizar a Copa do Mundo de 2030, a próxima data sem sede definida.

O novo estádio do Guangzhou Evergrande conquistou manchetes devido à sua vasta escala e ao projeto audacioso.

Mas a notícia também causou estranheza em um momento em que o mundo está parado e as economias –incluindo a da China, a segunda maior do planeta– cambaleando por conta do coronavírus.

Além disso, Cantão (Guangzhou) não vai abrigar partidas da Copa da Ásia, e não se sabe se o estádio estará pronto a tempo para o Mundial de Clubes.

Críticos também questionaram por que um clube que atrai em média 50 mil torcedores para seus jogos em casa precisaria de uma arena tão grande.

Caminhões na cerimônia de inauguração das obras do novo estádio do Evergrande
Caminhões na cerimônia de inauguração das obras do novo estádio do Evergrande - AFP

“Creio que o Evergrande pode ter duas considerações. A primeira é que um estádio de 100 mil lugares pode vir a calhar se a China tiver de sediar a final ou a cerimônia de abertura de uma Copa do Mundo”, disse Ji.

“Outro aspecto é que o Evergrande vai se afirmar ao dizer que tem o maior estádio de futebol profissional do planeta, com o maior número de espectadores”, ele acrescentou.

A maioria dos estádios em uso atualmente pelos clubes de futebol chineses foi construído para múltiplos esportes. Eles estão enfrentando problemas de manutenção, e as instalações para os torcedores são precárias.

Substitui-los por arenas novas e reluzentes construídas especificamente para o futebol se enquadra ao plano mestre de Xi para transformar o esporte em seu país, dentro e fora de campo.

Em Xangai, que ambiciona sediar uma Olimpíada, um estádio de 33 mil lugares para o Shanghai SIPG, da CSL, deve ser inaugurado no ano que vem.

O Shanghai Stadium, a maior arena da cidade e o local em que o SIPG costumava mandar seus jogos, está passando por uma grande reforma.

Ji disse que, embora o Evergrande Group estivesse pagando pelo novo estádio em Cantão, em alguns outros casos as despesas estavam sendo cobertas em parceria pelos clubes e governos locais.

O professor Simon Chadwick afirmou que, mesmo sem levar em conta as aspirações da China a sediar uma Copa do Mundo, a corrida pela construção de novos estádios sinaliza que “ a China está se desenvolvendo e se tornando mais forte e mais saudável”.

“Há algo na iconografia e simbolismo dos estádios, especialmente o de Cantão”, disse Chadwick, diretor do Centro para a Indústria Esportiva Eurasiana na Escola Emlyon de Administração de Empresas.

“É um imenso estádio, com um projeto incrivelmente ousado. Imagens dele foram veiculadas no mundo todo e pessoas estão comentando a respeito”, declarou. "A China está tentando usar esses novos e imensos projetos de estádios como forma de atrair pessoas e atenção, e de levar as pessoas a compreender que a China deseja as mesmas coisas que outros países desejam."

Tradução de Paulo Migliacci

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.