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Em 3º dia com mais mortes por Covid no RJ, Flamengo joga com eco no Maracanã

Clube rubro-negro vence Bangu por 3 a 0 em um estádio vazio na volta do futebol

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Rio de Janeiro

No mesmo dia em que o estado do Rio de Janeiro passou a marca de 8.400 mortes por Covid-19, registrando o terceiro maior número de óbitos (274) em 24 horas desde o início da pandemia, o Flamengo venceu o Bangu por 3 a 0 na reabertura do Estadual do Rio, em um Maracanã vazio, com as vozes dos atletas em campo ecoando pelo estádio.

Não teve troca de abraços na comemoração do gol de Arrascaeta, o primeiro no futebol brasileiro em três meses, desde quando o novo coronavírus paralisou o esporte no país.

A última vez que o Flamengo havia entrado em campo, em 14 de março, teve vitória por 2 a 1 contra a Portuguesa-RJ, também num Maracanã fechado para o público. Na semana seguinte, o campeonato e os estaduais por todo o Brasil foram interrompidos.

Bruno Henrique e Pedro Rocha fizeram os outros dois gols do atual campeão brasileiro, da Libertadores e da Taça Guanabara (primeiro turno do estadual). Na Taça Rio, os rubro-negros lideram o grupo A com 12 pontos.

O pouco ânimo evidenciado pela comemoração do gol do Flamengo refletiu o ambiente que tomou conta do Maracanã na noite desta quinta.

As arquibancadas estavam vazias, pela proibição de público. Era possível contar quantas pessoas ocupavam as cadeiras do estádio. No meio do primeiro tempo, a reportagem somou 39 no anel inferior, entre jornalistas e funcionários dos clubes.

A ausência de público fez com que os gritos dos goleiros fizessem eco nas arquibancadas. Eles podiam ser ouvidos do anel superior do estádio. O momento de mais intensidade ocorreu quando jogadores do Bangu reclamaram um pênalti, em gritaria que assustou quem não prestava atenção na partida. A narração dos locutores de rádio quebrava o silêncio.

A alguns metros de onde a bola rolava, um hospital de campanha funciona para ajudar a cidade no combate à Covid-19. O local, no mesmo complexo esportivo, foi construído especialmente para isso e conta com cerca de 400 leitos.

Nesta quinta, eram 54 internados e duas pessoas morreram. Desde a inauguração, aconteceram 182 óbitos na unidade.

O retorno do futebol em meio a um cenário pandêmico mudou a rotina no Maracanã. Para ingressar no estádio, a reportagem chegou ao portão 12, indicado pela organização, mas não havia ninguém no local, que estava pouco iluminado. Foi preciso chamar a atenção de três homens do lado de dentro, atrás de uma pilastra, para ser conseguir entrar.

Os profissionais de imprensa tiveram que passar por protocolos de segurança antes de entrarem no estádio. A exigência era de um exame negativo de Covid-19. Foi aceito o teste rápido, que tem menos eficácia do que o PCR.

Como a partida só foi confirmada 36 horas antes do seu início, não era possível realizar um exame do tipo em tempo hábil. Os jornalistas também ganharam uma máscara e um pequeno tubo de álcool em gel no estádio.

Bruno Henrique comemora seu gol com Gabriel na vitória de sua equipe sobre o Bangu, na retomada do futebol
Bruno Henrique comemora seu gol com Gabriel na vitória de sua equipe sobre o Bangu, na retomada do futebol - Ricardo Moraes/Reuters

Após o jogo, os espaços de entrevistas (zonas mista e coletivas) não estavam previstos como de costume. Para preservar a segurança das pessoas presentes e evitar aglomerações. O Flamengo anunciou que enviaria entrevistas por meio de seu canal de comunicação particular, a FlaTV.

A temperatura de todos também foi medida antes da entrada no Maracanã, e um questionário sobre eventuais sintomas recentes ou comorbidades teve que ser preenchido. Os jornalistas ainda tiveram que atravessar um box neutralizador preventivo, que rapidamente higienizava quem passava pelo equipamento.

Os atletas também passaram por procedimentos parecidos. Na tarde desta quinta, jogadores de Flamengo e Bangu fizeram testes da Covid-19 antes de irem ao estádio. Não houve casos positivos.

Nas últimas 24 horas, em todo o Brasil, só São Paulo registrou mais óbitos que o Rio de Janeiro. O estado é também o segundo no número total de mortes, atrás do vizinho paulista.

Segundo o painel mantido pela secretaria estadual de saúde, já são 87.317 casos acumulados. A letalidade está em 9,63%. As internações chegam a 17.419. Já o número de internados por síndrome respiratória aguda grave são quase o dobro, 34.250 —13.008 deles passaram por UTI.

Desde a semana passada, o Rio de Janeiro vem adotando a flexibilização do distanciamento social, determinada pelo governo do estado e pela prefeitura da capital. A Justiça chegou a barrar a reabertura ordenada pelo Poder Executivo, mas a decisão foi suspensa.

No começo de junho, entrou em curso no município do Rio a fase um da retomada anunciada pelo prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), com a permissão para a prática de atividades no calçadão da praia, no mar e em parques, além do funcionamento de lojas de vendas de carros, móveis e decoração.

A fase dois começou na última terça (16), etapa que prevê o retorno das competições esportivas, mas com os portões fechados. O jogo entre Flamengo e Bangu faz parte desse processo. O retorno do Estadual do Rio foi definido em reunião na manhã de quarta-feira (17), entre o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) e os clubes do estado.

O encontro decidiu, inclusive, os próximos compromissos de Fluminense e Botafogo, que são contrários à volta imediata do estadual e ainda nem voltaram a treinar. Contra a vontade dos times, suas partidas foram marcadas para segunda (22). O Vasco joga no domingo (21).

Enquanto o futebol voltou no Rio de Janeiro, o Brasil registrou nesta quinta (18) mais 1.204 mortes de infectados novo coronavírus. Foi o terceiro dia seguido com mais de mil óbitos em todo país em razão da epidemia. Houve 23.050 casos confirmados da Covid-19 nas últimas 24 horas.

O país já tem 983.359 pessoas contaminadas com o vírus e um total de 47.869 óbitos até o momento. Se mantiver o ritmo atual de novas infecções, o Brasil deve chegar a marca 1 milhão de casos nesta sexta-feira (20).

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