Tribunal e COB devem apurar denúncias de abusos no Pinheiros

Relatório do clube reúne queixas de assédio moral e injúrias raciais contra ginastas

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São Paulo

O Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) da ginástica artística deverá investigar as denúncias de casos de assédio moral e injúria racial que teriam como vítimas atletas do clube Pinheiros, na cidade de São Paulo.

A informação foi publicada inicialmente pelo UOL e confirmada pela Folha nesta terça-feira (25). O TJD foi acionado pela Federação Paulista da modalidade após reportagem da Globo revelar os relatos.

Ginásio do Esporte Clube Pinheiros, em São Paulo - Felipe Gabriel 25.mai.2016/Projetor/Folhapress

O Comitê Olímpico do Brasil também afirmou ao GE que as informações foram encaminhadas para sua ouvidoria. "Sendo identificadas práticas de ato antiético ou violação das normas e legislação aplicável, uma representação será apresentada ao Conselho de Ética, visando analisar violação no âmbito administrativo do COB."

Um relatório, elaborado pelo departamento de governança do próprio clube, ouviu queixas de 16 atletas, cujas identidades não foram divulgadas. As reclamações são referentes a atos praticados por cinco técnicos do Pinheiros entre os anos de 2013 e 2019.

Entre as queixas, os atletas disseram ter sido hostilizados pelos treinadores, ameaçados de perder bolsas de auxílio e vítimas de comentários de cunho racista.

O ginasta Angelo Assumpção, 24, que é negro e em 2015 foi vítima de supostas piadas com conteúdo racista feitas em vídeo por colegas de seleção brasileira, concedeu entrevista à reportagem em que diz ter sido demitido do Pinheiros no ano passado, depois de 16 anos de serviços prestados ao clube, sem qualquer explicação.

No ano seguinte ao vídeo, Assumpção ficou fora da convocação para a Olimpíada do Rio-2016. Na sequência, teve temporadas ruins, em que precisou conviver com lesões e chegou a ter depressão.

Em 2019, ele retomou a evolução e ajudou o Pinheiros a conquistar o título do Campeonato Brasileiro. No mesmo período, porém, afirmou ter sofrido com comentários racistas dentro do clube e sido criticado por usar tranças no cabelo.

Depois de procurar a diretoria do Pinheiros para reclamar dos insultos, o atleta recebeu suspensão de 30 dias por indisciplina. Ao fim desse período, teve seu contrato encerrado.

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