NBA tenta conter prejuízo com Jogo das Estrelas desanimado

Será o primeiro realizado sem público, com atletas atuando a contragosto

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São Paulo

A NBA vai apresentar neste domingo (7) um Jogo das Estrelas que ficará marcado na história. Será o primeiro realizado sem público, também o primeiro em que os próprios atletas atuarão declaradamente a contragosto, cumprindo um acordo na tentativa de minimizar prejuízos em meio à pandemia.

Grande craque da liga norte-americana de basquete, LeBron James falou com todas as letras o que alguns de seus colegas manifestaram de maneira menos explícita. O evento que reúne os principais jogadores do campeonato é para muitos deles um estorvo, especialmente em uma temporada espremida no calendário.

"Eu tenho zero energia e zero empolgação para um Jogo das Estrelas neste ano", disse o ala do Los Angeles Lakers, no início de fevereiro, poucos dias após a confirmação da programação e o início da votação dos torcedores. "Eu nem consigo entender por que vamos ter um Jogo das Estrelas. É basicamente um tapa na cara", reclamou o astro.

O jogador de basquete americano, LeBron James
O jogador de basquete americano, LeBron James - USA TODAY Sports

A frustração de LeBron, que completou 36 anos em dezembro e está em sua 18ª temporada na NBA, é a perda de um momento previsto para descanso. A agenda ficou apertadíssima desde que a Covid-19 paralisou por quatro meses e meio a competição de 2019/20, e ninguém sentiu tanto o peso do acúmulo de partidas quanto ele.

Retomado o torneio, o camisa 23 liderou os Lakers ao título, obtido em outubro no que se convencionou chamar de "bolha", um ambiente de proteção instalado no complexo da Disney, nos arredores de Orlando. Após as férias mais curtas da história da liga, ele começou em dezembro mais uma campanha, na expectativa de ganhar um respiro em março.

"Foi um período pequeno após as finais para mim e para meus companheiros. Entrando nesta temporada, disseram a nós que não haveria Jogo das Estrelas, que teríamos um tempinho para recalibrar as energias. Aí, de repente, botaram aí um Jogo das Estrelas que quebrou tudo isso", reclamou James.

"Botaram aí", mas foi com a anuência dos jogadores. A associação dos atletas concordou com a realização do evento anual porque ele é lucrativo e ajuda a engordar o bolo de dinheiro que é dividido entre os donos das equipes e aqueles que entram em quadra. Em um momento de crise financeira, minimizar prejuízos foi a prioridade.

Nem os dirigentes negam isso. Em 2019/20, a perda estimada foi de US$ 1,5 bilhão (R$ 8,4 bilhões, na cotação atual). Em 2020/21, com a tabela reduzida (cada time fará 72 jogos na fase de classificação, não os 82 habituais) e os ginásios basicamente vazios (alguns, poucos, têm recebido de 10% a 20% da capacidade), a situação não é alvissareira.

"Estamos em uma crise econômica que se estende à NBA. Há dezenas de milhares de pessoas que dependem da NBA para levar suas vidas. Então, aqueles que dizem que estamos fazendo isto pelo dinheiro podem dizer o mesmo sobre toda a nossa operação, sobre toda a temporada, não só sobre o Jogo das Estrelas", disse o principal cartola da liga, o comissário Adam Silver.

Ele observou que, mesmo na situação atípica da pandemia, existe uma demanda considerável pela realização da partida. Foram registrados quase 100 mil votos do público, responsável por eleger os titulares do jogo, e o mais lembrado na escolha popular foi justamente o maior opositor do evento, LeBron James.

O craque respirou fundo e cumpriu com o protocolo. Ele, o mais votado da Conferência Oeste, e Kevin Durant, o preferido entre os representantes da Conferência Leste, atuaram como capitães e escolheram, um a um, entre os atletas pré-selecionados, as equipes que duelarão na State Farm Arena, em Atlanta.

Além do Jogo das Estrelas, acontecerão neste domingo todos os eventos de uma programação que costuma começar na sexta-feira. Por questões de segurança relacionadas à Covid-19, o concurso de enterradas e a disputa de arremessos de três pontos ocorrerão no mesmo dia da atração principal. A jornada será transmitida a partir das 20h30 (de Brasília), pela ESPN.

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