Os jogadores da seleção norueguesa de futebol fizeram um protesto nesta quarta (24) contra as condições de trabalho para os imigrantes no Qatar.
Antes da partida em que venceram Gibraltar por 3 a 0, na primeira rodada das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022, os atletas usaram camisetas brancas com a frase: "Direitos humanos dentro e fora de campo".
A mensagem foi exibida durante o aquecimento e enquanto os hinos nacionais eram executados no Victoria Stadium.
O protesto sinaliza o que parece ser o início de um movimento de jogadores para pressionar o governo do Qatar, que sediará o Mundial em novembro do próximo ano, e a Fifa.
O técnico norueguês Stale Solbakken chegou ao estádio com camiseta que dizia "Respeito dentro e fora de campo". Na última terça (23), ele já havia afirmado que sua seleção pressionaria a Fifa para "ser ainda mais direta, ainda mais firme, perante as autoridades do Qatar e impor exigências mais rígidas" para salvaguardar os direitos dos trabalhadores.
"Muitos estão interessados no assunto, se preocupam e querem fazer algo para tentar contribuir", disse o meia e capitão da equipe, Martin Odeegard.
Reportagem publicada pelo jornal britânico The Guardian afirma que 6.500 operários imigrantes morreram no Qatar desde 2010 (ano em que o país foi escolhido pela Fifa para sediar o torneio), 37 deles enquanto trabalhavam nas construções dos estádios para a Copa.
Pesquisa do diário de Oslo Verdens Gang (VG) diz que 55% das pessoas do país acreditam que a Noruega deveria boicotar a competição, caso se classifique, o que não acontece desde 1998.
"[As denúncias] são algo que soubemos e definitivamente queremos falar sobre isso", disse o zagueiro John Stones, da seleção inglesa, antes da partida desta quinta-feira (25), contra San Marino, também pelas eliminatórias.
O comitê organizador da Copa contestou os números publicados pelo The Guardian e afirma que eles não são precisos. Em entrevista à Folha em dezembro de 2019, o secretário-geral do Comitê para Execução e Legado do Mundial do Qatar, Hassan Al Thawadi, disse que a legislação trabalhista do país evoluiu nos últimos anos.
A Fifa considera que o número de acidentes ocorridos durante obras nos estádios do torneio é baixo "comparado com outros projetos em construção ao redor do mundo".
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