Eu estou totalmente consciente do que não fiz, diz Rogério Caboclo

Presidente nega acusações de assédio sexual e prepara defesa para voltar à CBF

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São Paulo

Rogério Caboclo tem passado os dias ao telefone, segundo o próprio. De seu apartamento em São Paulo, tem feito contatos com dirigentes (que ele não diz quais são) e conversado com seus advogados.

"Eu estou totalmente consciente do que não fiz", disse à Folha o presidente afastado por 30 dias pelo Comitê de Ética da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).

Caboclo é acusado por uma funcionária da confederação de assédio moral e sexual. Contratada em 2012, foi cerimonialista, secretária e foi promovida a assessora especial da presidência. Ela gravou diálogos com o dirigente em que ele questionava, entre outras coisas, se a assessora "se masturbava".

O cartola pede para não comentar mais o assunto.

"Em conversa com meus advogados, concluímos que o melhor é não nos manifestarmos. Espero que você compreenda", disse ele, pedindo para encerrar a ligação.

A defesa de Caboclo, segundo o próprio, será feita por Fernanda Tórtima, especialista em direito penal. Em contato com a reportagem nesta segunda (7), a advogada afirmou que ainda não cuida do caso do presidente afastado da CBF e que apenas o fará se chegar à esfera criminal.

"Nós estamos acertando isso", disse o dirigente.

A alguns cartolas com os quais conversou desde segunda (7), Caboclo afirmou estar tranquilo e que conseguirá provar que não cometeu o assédio, embora admita ter tido um comportamento indesejado, que qualificou como "brincadeiras".

Caboclo foi afastado no domingo (6) à tarde, por decisão do Comitê de Ética da CBF. Isso apenas aconteceu porque ele resistia a todos os pedidos e conselhos para renunciar ou se afastar voluntariamente do cargo para o qual assumiu em 2019 –com duração até 2023.

A saída foi recebida com alívio pela Conmebol e cartolas brasileiros preocupados com a repercussão do caso e possível boicote dos jogadores à Copa América. À ESPN, Caboclo havia dito que não demitiria Tite do comando, mas outros cartolas têm certeza que isso aconteceria e consideram que teria repercussões péssimas dentro do elenco da seleção.

Os jogadores questionaram, em reunião com Caboclo, a realização da Copa América no país após a desistência de Argentina e Colômbia. Reclamaram também que não houve diálogo com o elenco sobre a mudança de país. Aproveitaram para se queixar de terem de disputar o torneio um ano antes da Copa do Mundo, após uma temporada exaustiva e colada em partidas das Eliminatórias. Jogos que eles consideram muito mais importantes do que a Copa América.

O código da CBF determina, em seu artigo 22, que a duração de qualquer sanção é de alçada da comissão de ética da entidade e também diz que o comitê "poderá recomendar ao órgão apropriado da CBF que proceda notificação às autoridades policiais e judiciais competentes".

O Ministério Público do Trabalho do Rio de Janeiro vai investigar o caso.

O código também determina que a aplicação de sanções de dirigentes eleitos (como o impedimento definitivo do presidente, por exemplo), "ficará sujeita à confirmação das Assembleias Gerais Administrativas das respectivas entidades, exigindo-se aprovação de 3/4 (três quartos) da totalidade de seus membros".

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