Descrição de chapéu Tóquio 2020

Ao som de vogais e palmas, público do futebol nas Olimpíadas lembra jogos de tênis

Com poucos torcedores nas arquibancadas, silêncio reina na maior parte do tempo

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Miyagi

Rara nesta edição das Olimpíadas, a presença de público em alguns eventos virou atração especial na Tóquio-2020. Liberada com restrições, a torcida em jogos de futebol tem lembrado cenas de partidas de tênis, vibrando ao som de vogais e palmas.

Apenas residentes são permitidos nesses poucos locais e há muitas limitações para quem comparece aos estádios.

A poucos dias do início do evento, a capital japonesa decretou estado de emergência por causa da pandemia do coronavírus e, com isso, proibiu espectadores em todas as arenas da cidade.

Três províncias, no entanto, mantiveram as portas abertas ao público. Miyagi, Ibaraki e Shizuoka estão recebendo visitantes, com limite de 10 mil ingressos.

Torcedores no duelo entre Brasil e China pelas Olimpíadas, na cidade de Miyagi
Torcedores no duelo entre Brasil e China pelas Olimpíadas, na cidade de Miyagi - Molly Darlington/Reuters

Na prática, o silêncio das arquibancadas é o que prevalece na maior parte do tempo, amplificando a voz dos jogadores e os sons que vêm de dentro do campo, como no momento em que a chuteira toca a bola ou quando um chute acerta a trave.

As reações dos torcedores podem ser simplificadas a quatro tipos de sons, alternando vogais: "aaaaaaaa", "óóóóóóó", "ôôôôôôôô", "uuuuuuuuuu" –que não é uma vaia–, e a batida de palmas após boas jogadas, arrancadas, desarmes, dribles e chutes.

A Folha acompanhou na sexta (30), pela primeira vez nestas Olimpíadas, uma partida com público: a eliminação do futebol feminino brasileiro nas quartas de final para o Canadá, no estádio de Miyagi, que tem capacidade para 49 mil pessoas.

Durante os mais de 120 minutos de jogo (que teve prorrogação e pênaltis), não foi possível ouvir outros tipos de barulho vindos da arquibancada, como gritos ou conversas.

Na maior parte do tempo reinou o silêncio, com vibrações apenas em lances específicos.

Assim como no tênis, a variação dos sons das vogais ocorre de acordo com o acontecimento. Lamento, admiração, solidariedade ou empolgação.

No esporte de raquete, porém, o silêncio é uma regra enquanto os jogadores disputam o ponto. E, ainda assim, vira e mexe acontece de o juiz chamar a atenção da plateia.

Famosos pela polidez, os japoneses têm questões com barulhos. No metrô, por exemplo, a recomendação é para que os passageiros não fiquem conversando. Raramente alguém é visto falando ao telefone, por exemplo.

O princípio básico do comportamento tem a ver com o respeito ao próximo, o cuidado de não atrapalhar o outro, como colocado em livros do país sobre etiqueta.

Para além da cultura, fato é que mesmo que quisessem, os japoneses não poderiam sair gritando nos estádios dessa vez. As regras são rígidas para o (pequeno) público presente.

Entre as orientações está não não cantar e não usar cornetas, além da obrigação do uso de máscara, álcool em gel e distanciamento social.

A seleção masculina do Brasil disputará a semifinal das Olimpíadas na próxima terça-feira (3), às 5h (de Brasília). Será o primeiro jogo da equipe nas Olimpíadas com presença de torcida.

Em busca de mais "óóóóóóó" do que "aaaaaaaa", o time dirigido por André Jardine tentará conquistar a segunda medalha de ouro seguida na competição.

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