Descrição de chapéu Tóquio 2020

Arthur Zanetti pode fazer história em Tóquio e planeja ir até Paris-2024

Ginasta brasileiro pretende aproveitar ciclo mais curto para disputar quarta Olimpíada

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São Paulo

Arthur Zanetti, 31, sabe que pode fazer história nas Olimpíadas de Tóquio. Se subir ao pódio, ele será o primeiro ginasta a ganhar três medalhas nas argolas, após o ouro em Londres-2012 e a prata na Rio-2016.

As classificatórias da ginástica artística começam neste sábado (24) na capital japonesa. A equipe masculina brasileira e Zanetti, que competirá apenas na disputa invidual das argolas, vão se apresentar na sessão marcada para as 2h30 (horário de Brasília). A final do seu aparelho será na manhã do dia 2 de agosto.

No que depender dele, a edição japonesa dos Jogos não será a última de sua carreira. “Eu pretendo competir mais um ciclo. Porque minha cabeça está boa. A cabeça estando boa, o corpo consegue responder. É um ciclo um pouco mais curto, de três anos. Então, acredito que, treinando bem, estrategicamente, com planejamento alinhado, e me cuidando, acredito que dê para ir até 2024”, afirma à Folha.

Zanetti faz movimento na posição horizontal nas argolas
Arthur Zanetti treina nas argolas em Tóquio, onde disputará sua terceira edição olímpica - Júlio César Guimarães - 19.jul.21/COB

Em razão do adiamento das Olimpíadas de 2020 para 2021, causado pela pandemia, a distância para a próxima edição, em Paris, diminuiu dos habituais quatro anos para três.

Por isso, nomes importantes do Brasil que já haviam decidido deixar as competições de lado após 2020, como a também ginasta Jade Barbosa, recalcularam suas trajetórias.

Pelo menos agora, o futuro após uma aposentadoria ainda parece algo distante para Zanetti. Sua mãe, Roseane, é presidente da Federação Paulista de Ginástica. Uma carreira que o filho não descarta abraçar.

“Quando eu encerrar minha carreira, não sei exatamente o que fazer, porque ainda estou com esse pensamento de atleta. Mas acredito que faça algo na gestão de esporte, no meio do esporte com certeza, porque é o que eu sempre vivi, o que eu sei fazer”, imagina.

Se a pandemia encurtou o próximo ciclo olímpico, prejudicou bastante a preparação para os Jogos de Tóquio.

Ele e outros membros da delegação brasileira ficaram mais de um ano sem competir em alto nível desde que o esporte mundial parou, ainda em 2020.

Para tentar manter o ritmo desde então, os atletas brasileiros fizeram um intensivo de treinos em Portugal organizado pelo Comitê Olímpico do Brasil e também competiram entre si.

Mas disputar em nível mundial só foi possível para ele no final de junho, na Copa do Mundo de ginástica em Doha, no Qatar. Antes, no Pan de Ginástica do Rio de Janeiro, em maio, uma lesão fez Zanetti ficar fora.

“Na Copa do Mundo, a gente chegou bem em cima da classificatória, então ainda estávamos com a viagem nas costas, o fuso. Consegui pegar a final, e eu fiz uma boa prova, ficando com o segundo lugar”, disse, analisando sua medalha de prata. Ele terminou atrás apenas do atual campeão olímpico, o grego Eleftherious Petrounias, seu grande rival.

Nos Jogos de Tóquio, Zanetti vai para a sua terceira Olimpíada. Se Londres teve gosto de estreia e a edição do Rio apresentou o fator casa como diferencial, é impossível desvincular a competição no Japão da influência da pandemia da Covid-19.

“Esta aqui está a cara da adversidade, por toda essa situação que o mundo passou, chegada ao aeroporto com diversos protocolos. Na Vila, também. Então, esta é a Olimpíada da adversidade”, disse, em entrevista concedida já na Vila Olímpica.

A palavra adversidade resume bem os últimos meses do ginasta. Não bastassem a pandemia e todas as suas decorrências, ele ainda enfrentou problemas em São Caetano do Sul, cidade onde treina.

Apontando a redução de custos como justificativa, a prefeitura cortou o salário dele e de Marcos Goto, seu treinador. A situação foi de tensão por alguns meses, e a dupla chegou a cogitar deixar a cidade após as Olimpíadas. Zanetti agora diz que tudo foi resolvido e os problemas ficaram no passado.

Antes de pensar em brigar por uma medalha, seu foco neste momento é conseguir fazer uma boa prova na classificatória. “Não tenho que provar nada para ninguém mais, só para mim mesmo. Então, o resultado que vier, lógico, vai ser também para o meu país, mas vai ser mais uma conquista individual do que geral. A gente já provou e já fez o que tinha que ter feito, e o que vier será lucro."

Goto segue a mesma linha do atleta. "Buscar uma medalha olímpica não é um supermercado, onde você pega, paga e vai embora. Não tenho essa cobrança. Falo que ele tem que fazer o melhor que puder. A parte dele pelo país já fez, duas medalhas olímpicas consecutivas não é para qualquer atleta."

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