Brasil volta a Yokohama, palco do penta, para estreia do futebol olímpico masculino

Seleção enfrenta a Alemanha, assim como na final da Copa do Mundo de 2002

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Tóquio

A primeira lembrança de Claudinho no futebol aconteceu em Yokohama. Ele tinha cinco anos de idade quando Ronaldo fez os gols contra a Alemanha que deram ao Brasil o título da Copa do Mundo de 2002.

“É a recordação mais antiga que tenho de uma partida. A imagem que me vem à cabeça é assistir pela TV ao Ronaldo dando aquele chute de bico”, afirma o meia-atacante do Red Bull Bragantino, em referência ao lance que definiu o placar de 2 a 0 e a conquista do pentacampeonato.

A memória de Claudinho é a mesma de milhões de brasileiros. Porque nenhum estádio internacional traz tantas lembranças para o futebol nacional quanto o de Yokohama.

Nesta quinta-feira (22), às 8h30 (horário de Brasília), o Brasil volta ao local para disputar um torneio internacional —e contra o mesmo adversário de 19 anos atrás. A equipe comandada por André Jardine enfrenta a Alemanha na estreia da seleção masculina de futebol na Tóquio-2020.

A combinação de Olimpíada e alemães também traz outra lembrança para o jogador que deverá ser titular nesse primeiro jogo. “Se você me perguntar qual é a partida mais marcante de Jogos Olímpicos para mim, é a final da Rio-2016 e o pênalti do Neymar. Aquilo foi inesquecível”, afirma.

Claudinho se refere à decisão no Maracanã. Após empate em 1 a 1, o Brasil venceu na disputa de pênaltis, com o atacante do Paris Saint-Germain, à época no Barcelona, a converter a última cobrança. Foi a primeira vez que o país conquistou a medalha de ouro no futebol olímpico.

O chute certeiro de Neymar contra os alemães colocou fim a um trauma do futebol nacional. A cada quatro anos, os jogadores convocados tinham de conviver com as perguntas sobre “o título que a seleção brasileira não tem”, algo que ficou pior no decorrer dos torneios e com o acúmulo de derrotas decisivas. Começou com a prata em Los Angeles-1984, que se repetiu em Seul-1988.

O Brasil era favoritíssimo para o ouro em Atlanta-1996, com um time que tinha Ronaldo, Bebeto, Rivaldo e Roberto Carlos, mas foi bronze após perder para a Nigéria na semifinal. Em Sydney-2000, acabou eliminado por Camarões, que tinha apenas nove jogadores em campo. Depois, em Pequim-2008, foi goleado pela Argentina na semifinal e saiu derrotado na decisão com o México em Londres-2012.

Claudinho se prepara para chutar a bola
Claudinho, do Brasil, em amistoso da seleção contra os Emirados Árabes, na Sérvia - Lucas Figueiredo-15.jul.2021/CBF

“Lembro de todos esses jogos, mas espero que agora seja igual à final de 2002, por tudo o que representou. Não é a final e Olimpíada não é a mesma coisa que Copa do Mundo, mas é o começo da caminhada. O jogador que representar a seleção brasileira e não sentir frio na barriga está com problema. Tem que ter algo assim”, completa Claudinho.

As recordações marcantes de Yokohama não são apenas para a seleção, mas também para clubes brasileiros. Nesse estádio, São Paulo, Internacional e Corinthians venceram títulos mundiais. O Santos, por sua vez, foi goleado pelo Barcelona.

Nos anos 1980 e 1990, a Copa Intercontinental era disputada no Estádio Nacional de Tóquio. Quando foi estabelecido o formato atual do torneio, a partir de 2005, o Japão o sediou oito vezes. Todas as finais foram em Yokohama. A competição entre equipes neste ano também está programada para acontecer no país asiático, mas não está definida a arena da decisão.

Foi no estádio da partida desta quinta que Mineiro deu o tricampeonato mundial ao São Paulo na vitória por 1 a 0 diante do Liverpool (ING), em 2005. É também local do histórico gol de Adriano Gabiru que derrotou o favoritismo do Barcelona (ESP) e fez do Internacional campeão no ano seguinte. É, ainda, o campo no qual o Corinthians conquistou, em 2012, o Mundial pela segunda vez com a cabeceada de Guerrero contra o Chelsea (ING).

Daniel Alves durante hino do Brasil
Daniel Alves foi campeão em Yokohama três vezes na carreira - Lucas Figueiredo-15.07.21/CBF

Nome mais experiente e famoso da seleção de Jardine, Daniel Alves já levantou a taça da competição três vezes em Yokohama. Com o Barcelona, foi campeão em 2009, 2011 e 2015. Na segunda vez, o adversário foi o Santos. Naquela que o técnico Pep Guardiola definiu como a melhor atuação da equipe catalã sob o seu comando, os espanhóis golearam por 4 a 0.

O resultado entrou para a história, mas não da maneira como os santistas esperavam. O folclore do futebol brasileiro também ganhou mais um momento devido à declaração do lateral Léo na festa do título da Libertadores: “A gente pega o Barcelona lá [em Yokohama]. Vamos ver se é isso tudo".

Além de Daniel Alves, 38, Jardine convocou outros dois jogadores acima dos 24 anos, como permite o regulamento da Olimpíada: o zagueiro Diego Carlos, 28, e o goleiro Santos, 31.

Já a seleção alemã, dirigida pelo ex-atacante Stefan Kuntz, abandonou um amistoso contra Honduras, no sábado (17), a cinco minutos do fim. Segundo a federação do país, o defensor Jordan Torunarigha foi alvo de racismo. Para os hondurenhos, tratou-se de um “mal-entendido em campo”.

Kuntz convocou apenas dois atletas acima dos 24 anos: o atacante Max Kruse, 33, do Union Berlin, e o meia Maximilian Arnold, 27, do Wolfsburg.

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