O COI (Comitê Olímpico Internacional) proibiu as equipes de mídias sociais da Olimpíada de Tóquio de publicarem fotos e vídeos de protestos antirracistas feitos por atletas durante os Jogos. A informação é do jornal britânico The Guardian.
Nesta quarta-feira (21), na primeira rodada do futebol feminino, atletas de cinco seleções se ajoelharam em campo antes do início das partidas. O gesto se popularizou como forma de protesto após a morte de George Floyd, no estado americano de Minnesota, no ano passado. As manifestações foram feitas por jogadoras do Chile, Estados Unidos, Grã-Bretanha, Suécia e Nova Zelândia.
Os profissionais teriam recebido a instrução que proíbe a postagem dos conteúdos na noite de terça-feira (20), no horário de Tóquio, antes da partida entre Chile e Grã-Bretanha, que marcou o início da competição de futebol nesta Olimpíada.
Os gestos de protesto foram transmitidos normalmente pelas redes de televisão, mas não aparecem nas redes sociais do COI ou da Olimpíada.
Segundo o The Guardian, a orientação gerou surpresa nas equipes das redes sociais uma vez que o COI celebra imagens icônicas de protestos, entre elas as dos ex-velocistas americanos Tommie Smith e John Carlos erguendo os punhos durante a Olimpíada de 1968 em manifestação contra a desigualdade racial nos Estados Unidos.
A orientação também vai na contramão de decisão recente da entidade, que afrouxou regra que proibia as manifestações políticas nos Jogos.
A redação original da Regra 50.2 da Carta Olímpica afirmava que, para preservar a neutralidade dos Jogos, nenhum tipo de manifestação política, religiosa ou racial era permitida nas arenas e em outras áreas.
Diante de manifestações pelo mundo e do crescente ativismo de atletas, porém, foi divulgado no início do mês a nova versão das diretrizes do COI para a aplicação da Regra 50.2, que inclui os locais de jogo como palcos permitidos para manifestação, desde que antes do início das competições. Ajoelhar-se ou erguer o punho no pódio permanece vetado.
De acordo com a entidade, a manifestação precisa ser "consistente com os princípios fundamentais do Olimpismo" e não pode ser dirigida direta ou indiretamente a pessoas, países e organizações.
O gesto antirracista de se ajoelhar com o punho erguido antes de partidas de futebol se manteve presente na última temporada da Inglaterra e se repetiu entre algumas seleções na Eurocopa, ainda que sob reprovação do público em determinados países.
Durante o campeonato europeu, parte da torcida inglesa chegou a vaiar os jogadores da própria seleção durante a execução do gesto. Após a derrota para a Itália, na final, os atletas ingleses Rashford, Saka e Sancho, que perderam suas cobranças de pênaltis, foram alvos de ataques racistas.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.