Descrição de chapéu Tóquio 2020 paraolimpíada

Nadadora desiste da Paraolimpíada por não poder ter a mãe como cuidadora

Americana tem deficiência visual e auditiva e precisaria de assistência durante os Jogos

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São Paulo

A nadadora Becca Meyers, dos EUA, anunciou que não disputará a Paraolimpíada após o comitê organizador dos Jogos de Tóquio negar um pedido para levar a própria mãe como cuidadora.

Becca tem deficiência auditiva e visual e era uma aposta de medalhas em quatro provas. Em 2016, chegou a conquistar três ouros e uma prata. Devido à recusa, no entanto, decidiu não viajar ao Japão.

Em 2016, no Rio, a atleta teve de parar de comer na Vila Olímpica por não conseguir encontrar o refeitório, algo que só mudou com a chegada e a ajuda dos pais. Por isso, desde 2017, ela tem um acordo com o comitê dos EUA: Maria, mãe de Becca, viaja com ela como cuidadora pessoal.

"Ninguém nunca me perguntou o que eu preciso. Ninguém nunca me fez essa pergunta. Quando tivemos uma reunião em maio para discutir isso, apresentei o meu caso e perguntei: 'Como faremos isso funcionar?'. E eles falaram por cima de mim. Dispensaram-me. Disseram: 'Isso é o que nós temos; você vai ter que lidar com isso'", contou ela em entrevista ao jornal americano The Washington Post.

Becca nasceu com a síndrome de Usher e, por isso, é surda desde o nascimento. Sua visão também diminui progressivamente, o que fez com que ela mudasse de categoria nos Jogos, já que as provas são definidas com base na deficiência do atleta. "Ela estava apavorada de ter que ir sozinha. E quando digo apavorada, é deitada em posição fetal, tremendo", lamentou Maria, a mãe da atleta.

Becca obteve ótimos resultados desde 2017. No ano seguinte, conquistou cinco ouros no torneio Pan-Pacífico de Paranatação, além de quatro medalhas e dois recordes mundiais no Campeonato Mundial.

Becca Meyers, dos Estados Unidos, compete nos 200m medley nas finais das seletivas de paranatação dos Estados Unidos, no Jean K. Freeman Aquatic Center.
Becca Meyers, dos Estados Unidos, compete nos 200m medley nas finais das seletivas de paranatação dos Estados Unidos, no Jean K. Freeman Aquatic Center. - Stacy Revere/Getty Images/AFP

Segundo a família de Becca, a decisão foi informada pelo comitê dos EUA, que teve de acatar determinação do comitê organizador e reduzir as equipes dos atletas devido às restrições causadas pela pandemia da Covid. Assim, a equipe de paranatação americana terá apenas um cuidador para os 34 atletas nos Jogos, e os seis técnicos também terão que auxiliar os competidores com as suas necessidades pessoais. Becca era a única que tem deficiência visual e auditiva no grupo.

"Essas são as Paraolimpíadas. Deveríamos estar celebrando as deficiências de todos. Quebramos barreiras na sociedade. E é assim que eles nos tratam? Como um fardo para o time?", lamentou ela.

A nadadora usa aparelhos auditivos, mas em situações em que há multidões ou sons muito altos apoia-se na leitura labial. Durante a pandemia, com o uso de máscaras, até essa alternativa foi prejudicada.

"Tem sido muito difícil. Mas agora tenho que ser forte e dizer 'chega'. Preciso proteger as pessoas mais novas. Eu tenho que fazer algo para forçar uma mudança."

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