Descrição de chapéu Tóquio 2020 atletismo

Com 11 pódios, Allyson Felix vira maior medalhista do atletismo dos EUA após gravidez de risco

Atleta de 35 anos teve parto complicado em caminho acidentado até Olimpíadas de Tóquio

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São Paulo

Há dois anos, Allyson Felix teve uma gravidez cheia de complicações, que colocou em risco sua vida e a de Camryn, sua filha. Ela passou um tempo sem conseguir andar e ganhou bastante peso após a cirurgia de emergência. E, em Tóquio, aos 35 anos, conseguiu ultrapassar o conterrâneo Carl Lewis e se tornou o esportista dos Estados Unidos, entre homens e mulheres, com mais medalhas no atletismo olímpico.

No Japão, ela levou um ouro ao subir no seu 11º pódio, no revezamento 4 x 400 m, na manhã brasileira de sábado (7). Junto com sua equipe, superou as polonesas (prata) e as jamaicanas (bronze).

Na véspera, Felix obteve sua melhor marca nos 400 m desde 2015.

Os 49s46 que ela levou para fazer a volta na pista do Estádio Nacional a colocaram em um surpreendente terceiro lugar. O bronze havia feito da norte-americana a mulher com mais medalhas no atletismo na história dos Jogos Olímpicos. Com dez, ela deixou para trás a jamaicana Merlene Ottey.

Então veio o ouro, e o recorde entre os dois gêneros.

Allyson Felix exibe sua décima medalha conquistada em Jogos Olímpicos, algo que só ela fez entre as mulheres do atletismo - Li Ming/Xinhua

“Parabéns, Allyson Felix. Ter 35 anos nunca pareceu tão bom”, escreveu Lewis quando ela ganhou o bronze, apostando que seu recorde também seria quebrado. “Que carreira e que inspiração! Agora, para o revezamento!”, acrescentou o ex-atleta de 60 anos, que acumulou nove ouros e uma prata nos Jogos de 1984, 1988, 1992 e 1996.

Um dia depois, a liderança estava com ela.

Felix chegou a Tóquio com seis ouros e três pratas, mas jura que não tinha a medalha como principal objetivo. “Soa como um clichê, mas acho honestamente que é mais do que correr para mim. Não fico muito presa nessa coisa de ganhar mais medalhas. A maior coisa para mim foi ter voltado”, afirmou.

“Mais cedo, eu estava revendo algumas gravações que fizemos quando eu estava no hospital com a Cammy. O trilho para recuperação teve momentos muito, muito difíceis, e foi nisso que pensei. Claro que eu sempre corro para o ouro, mas eu só queria sentir alegria, independentemente do que acontecesse na pista”, acrescentou.

Allyson Felix cruza a linha de chegada no Estádio Nacional de Tóquio, algo que parecia pouco provável há dois anos - Li Ming/Xinhua

Classificada com o sétimo tempo, ela não entrou na final como uma das favoritas, mas conseguiu surpreender. Se não foi possível acompanhar o ritmo de Shaunae Miller-Uibo, das Bahamas, ou buscar a dominicana Marileidy Paulino, Felix travou ótimo duelo com a jamaicana Stephenie Ann McPherson pelo bronze.

A norte-americana estava atrás nesse confronto, porém apertou o ritmo nos 50 metros finais e conseguiu a marca de 49s46 que não alcançava fazia tempo. Ficou 0s15 à frente de McPherson, ultrapassada nas últimas passadas.

Felix era a veterana do time na prova de revezamento. Também penduraram o ouro no pescoço Sydney McLaughlin, 22, Dalilah Muhammad, 31, e Athing Mu, 19.

Assim que a corrida acabou, o quarteto se reuniu e orou na pista. Em seguida, as atletas posaram para fotos com a bandeira americana.

As primeiras semanas de Cammy, a bebê da medalhista, foram passadas numa unidade de terapia intensiva neonatal. Felix tinha medo de não conseguir recuperar o fôlego para voltar às pistas olímpicas.

Em 2019, quando a filha tinha seis meses, a corredora participou de uma audiência pública no Capitólio para falar sobre as disparidades raciais nos índices de saúde e mortalidade materna.

Disse não acreditar que mulheres morriam no parto, não atletas profissionais como ela, em bons hospitais do país. No fim da gravidez, ela descobriu ter pré-eclampsia grave, uma condição que pode ser fatal para mãe e feto.

Foi quando descobriu que mulheres negras morriam três vezes mais do que brancas ao dar à luz.

Após receber seu ouro, dois anos depois, disse sentir que "estou absolutamente onde eu deveria estar".

VEJA TODAS AS MEDALHAS E OS TEMPOS DE ALLYSON FELIX

Tóquio 2020 (2)
ouro no revezamento 4 x 400 m (3min16s85)
bronze nos 400 m (49s46)

Rio 2016 (3)
ouro no revezamento 4 x 100 m (41s01)
ouro no revezamento 4 x 400 m (3min19s06)
prata nos 400 m (49s51)

Londres 2012 (3)
ouro no revezamento 4 x 100 m (40s82)
ouro no revezamento 4 x 400 m (3min16s87)
ouro nos 200 m (21s88)

Pequim 2008 (2)
ouro no revezamento 4 x 400 m (3min18s54)
prata nos 200 m (21s93)

Atenas 2004 (1)
prata nos 200 m (22s18)

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