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Agüero queria jogar com Messi, brilhar no Barcelona e ganhar a Copa, mas nada deu certo

Atacante, maior artilheiro do City, teve detectada arritmia e se aposentou aos 33 anos

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São Paulo

Era o cenário ideal para Sergio Agüero em 2021. Ele iria para o Barcelona e pela primeira vez estaria no mesmo clube do seu amigo Lionel Messi. Os dois poderiam recolocar os catalães no topo do futebol europeu. Seria a preparação ideal para a Copa do Qatar, em 2022. Seria a última de sua carreira.

Ele se lesionou ao chegar e não atuou nenhuma vez ao lado do parceiro argentino que, sem contrato, foi para o Paris Saint-Germain (FRA).

Sergio Aguero se emociona ao anunciar sua aposentadoria, nesta quarta-feira (15), em Barcelona
Sergio Agüero se emociona ao anunciar sua aposentadoria, nesta quarta-feira (15), em Barcelona - Pau Barrena/AFP

Esta quarta-feira (15) foi o fim dos sonhos e dos planos. Às lágrimas, o atacante argentino anunciou que não vai mais jogar futebol. Há quase dois meses, ele teve detectada uma arritmia e, após testes, ouviu dos médicos do Barcelona e do seu cardiologista pessoal que o melhor seria se aposentar aos 33 anos.

"Tivemos uma conversa sobre o assunto. Ele perguntou a minha opinião, o que é sempre uma situação complicada. Futebol é a vida de Sergio. Eu não lhe disse o que deveria fazer. Mas falei que se ele fosse meu filho, eu o aconselharia a parar de jogar. Acho que entendeu tudo", disse Roberto Peidro, médico argentino de Agüero.

Foi Peidro quem diagnosticou a primeira arritmia do jogador, em 2004, então com 16 anos. De acordo com o especialista, aquele problema foi bem diferente e menos sério do que o atual. Na época, o adolescente passou em todos os testes e nunca mais sentiu nada. Durou até este ano, quando sentiu o descompasso nos batimentos cardíacos e teve de se aposentar.

"É um momento muito difícil. Estou feliz pela decisão que tomei. Primeiro vem a minha saúde. Quero dizer que fiz todo o possível para ver se havia alguma esperança, mas não havia muita", disse Agüero, em pronunciamento no Camp Nou, estádio do Barcelona, entre lágrimas.

A decisão interrompeu uma carreira que deveria, se tudo corresse como planejado, terminar com uma temporada de despedida no Independiente. Ele foi revelado pelo clube de Avellaneda, onde disputou a primeira partida como profissional aos 15 anos, o mais jovem a estrear na história da liga profissional argentina. Era considerado um fenômeno.

"Te quero muito bem. Vou sentir muita falta estar com você dentro de campo e quando estávamos juntos na seleção", escreveu Lionel Messi.

Colegas de quarto na concentração da equipe em Copas do Mundo e melhores amigos, os dois tiveram caminhos semelhantes com a camisa alviceleste. Apareceram jovens, foram cobrados por desempenhos ruins na seleção e brilharam muito por seus clubes. Com 260 gols, Agüero é o maior artilheiro da história do Manchester City. Foi cinco vezes campeão inglês.

"Ele é uma lenda do clube. É um dos jogadores que transformou a história do City", define Kevin Parker, secretário da associação de torcedores da equipe no Reino Unido.

Quando deixou o Reino Unido, ele sorteou seu carro Range Rover Evoque, avaliado em R$ 370 mil, entre os funcionários do clube. O ganhador foi um dos roupeiros. Ele também deu um relógio Hublot de cerca de R$ 8.000 para cada um dos 60 empregados do prédio principal no centro de treinamento.

Antes de chegar à Inglaterra, o goleador passou cinco anos no Atlético de Madrid (2006 a 2011) e venceu a Liga Europa de 2010.

Pode servir de consolo para ele que sua última imagem pela seleção tenha sido com o troféu de campeão da Copa América neste ano, no gramado do Maracanã, após a vitória sobre o Brasil na final. Foi a primeira conquista de expressão da Argentina em 28 anos. Até então, Agüero estava marcado como integrante da geração que falhava em decisões.

Com a dupla de ataque em campo, a Argentina foi vice em três anos consecutivo. Perdeu as decisões do Mundial de 2014, da Copa América de 2015 e da Copa América Centenário de 2016. Embora não tenha sido tão cobrado quanto Messi, Agüero foi também massacrado pela imprensa do seu país quando as coisas não foram bem.

Aconteceu isso na Copa de 2014. O atacante estava no auge, mas não brilhou no Brasil. Jogou mal, se machucou e foi chamado de "cagão" por Diego Maradona (seu ex-sogro), morto de 2020, por causa de uma briga envolvendo Benjamin, neto do craque argentino e filho de Agüero com Giannina Maradona. Não fez nenhum gol.

Seu momento derradeiro no Mundial foi receber cruzamento de Messi para marcar de cabeça contra a França nas oitavas de final do torneio na Rússia, em 2018. A Argentina perdeu por 4 a 3 e acabou eliminada.

Um camisa 10 que se transformou, com o tempo, em atacante mortal dentro da área, Agüero, el Kun (seu apelido em homenagem a um personagem de história em quadrinhos), anotou apenas um gol pelo Barcelona. Disputou cinco partidas. Ele esperava ser um recomeço, a retomada de um ciclo que poderia ser encerrado no Qatar, em 2022. Talvez com o título.

"Eu já sabia o que Sergio diria para a imprensa e não imaginei que fosse se emocionar como se emocionou. Quando isso aconteceu, todos os que o viam pela televisão e que o conhecem, se emocionaram também", conclui o médico Roberto Peidro.

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