Descrição de chapéu tênis

Djokovic tem entrada negada na Austrália e deve ser deportado

Tenista não atendeu aos requisitos de entrada no país e seu visto foi cancelado

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São Paulo | Reuters

Após passar mais de oito horas no aeroporto Tullamarine, em Melbourne, na Austrália, onde desembarcou nesta quarta-feira (5) por volta das 23h30 no horário local (9h30 de Brasília), Novak Djokovic teve negada a sua entrada no país e foi avisado de que será deportado.

O tenista entrou com um pedido de liminar para impedir sua deportação. O atleta não revela se foi ou não vacinado contra a Covid-19, requisito para entrar no país.

"Djokovic não forneceu as evidências adequadas para atender aos requisitos de entrada na Austrália, e seu visto foi posteriormente cancelado", disseram as autoridades de fronteira australiana. O primeiro-ministro, Scott Morrison, destacou que "regras são regras, especialmente quando se trata de nossas fronteiras".

Atual campeão do Australian Open, o tenista número 1 do mundo está no centro de uma polêmica por não revelar se foi imunizado contra o novo coronavírus, além de ter buscado uma autorização especial a fim de disputar o torneio, no qual ele buscaria seu 21º título de Grand Slam para se isolar como o maior vencedor —atualmente, ele está empatado com Rafael Nadal e Roger Federer.

Novak Djokovic posta foto em aeroporto antes de viajar para a Austrália
Novak Djokovic posta foto em aeroporto antes de viajar para a Austrália - @djokernole no Instagram

Diversas autoridades australianas passaram as últimas semanas afirmando que o sérvio só poderia entrar no país caso fosse vacinado. Porém a organização do evento concedeu a ele uma exceção médica, numa decisão tomada em conjunto com autoridades de saúde do governo de Victoria.

Apesar disso, quando desembarcou no país, foi barrado pelo serviço federal da alfândega. De acordo com a imprensa australiana, um membro da equipe de Djokovic solicitou um tipo de visto para a sua entrada no país que não se aplica a quem recebeu a dispensa da vacina.

Após constatar o erro, o departamento federal de fronteiras entrou em contato com o governo estadual de Victoria, parceiro na organização do torneio, para tentar resolver o problema ainda durante o voo no qual o atleta estava, mas a tentativa de contato não recebeu retorno positivo.

Djokovic não forneceu as evidências adequadas para atender aos requisitos de entrada na Austrália e seu visto foi posteriormente cancelado

Scott Morrison

Primeiro-ministro da Austrália

"Não forneceremos a Novak Djokovic apoio individual para o pedido de visto para participar do Grand Slam Australian Open 2022", escreveu nas redes sociais Jaala Pulford, ministra do governo de Victoria.

"Sempre fomos claros em dois pontos: a aprovação de vistos é assunto do governo federal e as isenções médicas são um assunto dos médicos", completou.

Os dois painéis médicos independentes que aprovaram a isenção de vacina para Novak Djokovic têm a participação do governo de Victoria e da Tennis Australia, autoridade do esporte no país e organizadora do Grand Slam.

O diretor do torneio, Craig Tiley, defendeu a "inscrição e processo completamente legítimos" e insistiu que não havia tratamento especial para Djokovic.

Torcedor sérvio aguardava a chegada de Novak Djokovic em Melbourne
Torcedor sérvio aguardava a chegada de Novak Djokovic em Melbourne - William West/AFP

O presidente sérvio, Aleksandar Vucic, chegou a oferecer apoio ao tenista para resolver a problema. "Disse ao nosso Novak que toda a Sérvia está com ele e estamos fazendo de tudo para que o assédio ao melhor tenista do mundo seja encerrado imediatamente", afirmou, por meio de um comunicado.

Pouco antes da confirmação de que o sérvio não poderia ingressar no país, o pai dele, Srdjan, acusou as autoridades australianas de mantê-lo preso, sem contato com sua equipe e acesso ao celular.

​"Não tenho ideia do que está acontecendo, eles estão mantendo meu filho cativo por cinco horas", afirmou Srdjan.

O pai de Djokovic disse à mídia sérvia que o atleta esperava sozinho em uma sala do aeroporto sob guarda armada para uma decisão final sobre o caso. "Na frente da sala estão dois policiais", relatou ao portal B92.

Srdjan ameaçou sair às ruas para protestar. "Se não o soltarem em meia hora, vamos nos reunir na rua, esta luta é para todos", disse. Não houve, porém, registro de protestos.

Os organizadores da Tennis Australia estipularam que todos no complexo de Melbourne Park devem ser vacinados ou ter a isenção para circular livremente no torneio.

De acordo com a organização, o torneio recebeu 26 pedidos de dispensa de vacina entre cerca de 3.000 participantes e alguns foram aprovados, mas o número exato não foi revelado. A maioria teria sido obtida em razão de contaminação pelo coronavírus nos últimos seis meses —algo que é apontado pela imprensa australiana como mais provável justificativa para o pedido de isenção do número 1 do mundo.

Ter sido impedido de entrar na Austrália não foi a única polêmica protagonizada por Djokovic durante a pandemia de Covid-19.

Além de seu posicionamento contra as vacinas, ele chegou a organizar em 2020 um torneio em quatro cidades dos Bálcãs chamado Adria Tour, enquanto o circuito mundial estava paralisado justamente por causa da disseminação do novo coronavírus.

O evento, que tinha o objetivo de arrecadar recursos para projetos sociais da região, acabou sendo alvo de críticas por ter sido organizado sem nenhuma medida de distanciamento social.

Enquanto as arquibancadas ficaram lotadas, os jogadores foram vistos comemorando abraçados em uma boate sem máscaras. Quatro atletas, incluindo o número 1 do mundo, foram infectados pelo vírus.

Desde então, o sérvio tem sido bastante criticado por sua postura durante a pandemia e ganhou apelidos que ironizam seu comportamento, como "Djocovid" e "Novaxxx", uma brincadeira com as palavras "não" e "vacina", em inglês.

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