Descrição de chapéu copa são paulo

Máquina de fazer gols na base do Palmeiras, Endrick é a maior aposta do clube

Atacante é chamado de 'força da natureza' por dirigente e já fez quatro gols na Copinha

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São Paulo

Endrick entrou na sala de João Paulo Sampaio, coordenador das categorias de base do Palmeiras, em outubro do ano passado. Ao lado do meia Luis Guilherme, fez um pedido para o dirigente: a liberação para a dupla disputar a Copa Nike, torneio sub-15 que ocorreria no mês seguinte.

"Tudo bem. Mas, se não ganharem, eu vou raspar a cabeça de vocês", foi a resposta do dirigente.

Endrick durante treino na Academia de Futebol, do Palmeiras
Endrick durante treino na Academia de Futebol, do Palmeiras - Cesar Greco/Palmeiras

A dupla de 15 anos estava no sub-20 e aceitou a aposta. O Palmeiras venceu o torneio e goleou o Corinthians na final por 5 a 0. Luis Guilherme fez três gols, e Endrick, um.

A dupla é a grande aposta da base da equipe alviverde e foi inscrita na Copa São Paulo, uma competição sub-21. Endrick já anotou quatro vezes e se tornou uma das atrações do torneio. Desde a estreia de Neymar, também aos 15 anos, em janeiro de 2008, um jogador tão jovem não chama tanto a atenção.

"Endrick é uma força da natureza. Você não consegue pará-lo", afirma Sampaio, o responsável por apostar no garoto, que na época tinha 11 anos. Até o início da Copinha, ele tinha 165 gols em 169 partidas pelo clube. Na maior parte desse tempo, atuou em categorias acima de sua idade. A ideia era ele se sentir desafiado.

Aos 14, foi levado ao sub-17. Aos 15, para o sub-20. Já treinou com os profissionais, chamado por Abel Ferreira.

"Ele não pode atuar no Brasil, mas pode jogar o Mundial. A torcida ficaria louca com isso. Já brinquei com outras pessoas dizendo que é o cenário ideal", afirma Wagner Ribeiro, que tem sido chamado de assessor do pai de Endrick.

A frase do agente (que não pode ser chamado de empresário do atacante, que ainda não tem acordo profissional) brinca com o fato de a posição de centroavante ser a mais carente do elenco profissional.

Endrick pode ser inscrito no Mundial do próximo mês, mas só pode jogar pelo elenco principal no Brasil quando completar 16 anos e assinar o primeiro contrato profissional. Isso vai ocorrer apenas em julho. Por enquanto, o Palmeiras tem um documento de clube formador.

É pouco provável que Ferreira aposte em um menino de 15 anos na competição mais importante da equipe em 2022. Por mais talentoso que ele seja. É possível, por enquanto, que o camisa 9 ajude o Palmeiras a buscar outro título inédito: o da Copa São Paulo.

Na semana passada, ele teve resultado positivo em teste para Covid-19, mas não apresentou sintomas e foi liberado para voltar nas oitavas de final, vitória por 2 a 1 sobre o Internacional. A agremiação gaúcha pediu os pontos do confronto porque o protocolo contra a pandemia não teria sido seguido.

Se nada mudar, nesta quarta-feira (20), Endrick estará em campo pelo Palmerias contra o Oeste, às 19h, em Barueri, por uma vaga na semifinal.

Na teoria, qualquer rival poderia tirar a promessa de craque do Palestra Itália. Mas, se for para o exterior agora, só poderá atuar aos 18 anos. Se um brasileiro quiser contratá-lo, terá de pagar, segundo Sampaio, R$ 20 milhões.

"O principal é que o garoto, a família dele e os empresários não querem tirá-lo daqui", completa o coordenador da base.

O Palmeiras apostou no talento de Endrick quando adversários do estado tiveram dúvidas. O atacante já era considerado um talento precoce em Brasília, onde morava. Foi observado pelo São Paulo e chegou a fazer parte de um programa de treinamento do time.

Seu pai, Douglas Souza, pediu para a agremiação do Morumbi dar uma chance ao seu filho nas categorias de base. Mas avisou que a família precisava de ajuda de custo e ele, de um emprego para se mudar. O São Paulo ofereceu R$ 150 mensais. O Santos, nem isso. Respondeu apenas não trabalhar dessa forma.

Sampaio o observou em vídeo enviado por um empresário e resolveu que valia a pena apostar. Os pais de Endrick trabalhavam no estádio Mané Garrincha, e as condições econômicas eram difíceis. Douglas contou em entrevistas sobre dias em que o filho pediu algo para comer e não havia nada em casa.

O Palmeiras aceitou levá-los para a capital paulista, dar ajuda de custo e um emprego para o pai. Ele foi contratado como faxineiro na Academia de Futebol. Com os gols marcados pelo garoto nas categorias de base, logo ficou conhecido como "pai do Endrick" e fez várias amizades. O goleiro Jailson (agora sem clube depois de rescindir contrato com o Cruzeiro) pagou seu tratamento dentário.

Endrick (o segundo da esquerda para a direita) com a camisa do São Paulo quando treinou na escolinha da equipe
Endrick (o segundo da esquerda para a direita) com a camisa do São Paulo quando treinou na escolinha da equipe - Acervo pessoal

Quando o centroavante sofreu lesão logo nos primeiros meses no clube, não se tratou no departamento amador. Recebeu o mesmo cuidado dado aos profissionais. A fisioterapia foi realizada no centro de treinamento. Na última visita de Gabriel Jesus (o último grande camisa 9 revelado pelo time), o Palmeiras arranjou um encontro entre os dois.

"Endrick sempre foi muito humilde. A família dele é a mesma coisa. Nunca foi um guri que se achou. Sempre despertou a atenção, teve patrocínios e nunca se deixou levar por isso. É o mesmo de quando chegou", diz Sampaio.

Douglas não trabalha mais na Academia de Futebol e abraçou a carreira de pai de um possível futuro craque. Mantém os amigos no clube, mas sabe que a atenção de empresários, o primeiro contrato profissional com a equipe e as marcas interessadas em patrocinar o artilheiro vão mudar a vida da família. Endrick já tem acordo com a Nike.

O interesse do exterior se tornou inevitável. A imprensa espanhola já o chamou de "novo Vinicius Junior".

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