Cássio se iguala ao goleiro Ronaldo em novo momento de redenção do Corinthians

Goleiro alcança marca de 602 partidas em sua 11ª temporada com a camisa do clube

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São Paulo

Único jogador deste século a permanecer no Corinthians por mais de uma década, Cássio continua acumulando marcas que reforçam os argumentos de quem o aponta como o maior goleiro da história do clube.

Nem sempre estatísticas são suficientes para descrever devidamente a dimensão de um atleta na galeria de ídolos de um clube, mas os números alcançados por ele são muito expressivos.

Frequentemente comparado a outros jogadores da posição, sobretudo com Ronaldo, o camisa 12 está prestes a igualar uma das maiores marcas obtidas pelo lendário goleiro que brilhou no clube entre os anos 80 e 90, tornando-se o terceiro atleta que mais vezes vestiu a camisa alvinegra.

Assim que a bola rolar para o confronto entre Corinthians e Ceará, neste sábado (16), em Fortaleza, pelo Campeonato Brasileiro, o atual dono da meta corintiana chegará ao duelo de número 602 pelo time preto e branco.

Ronaldo Giovanelli e Cássio em encontro realizado no CT do Parque Ecológico
Ronaldo Giovanelli e Cássio em encontro realizado no CT do Parque Ecológico - Rodrigo Coca/Ag. Corinthians

Ele caminha, ainda, para, em pouco tempo, tornar-se o segundo colocado no ranking histórico, superando Luizinho, ídolo dos anos 50, que somou 607. Assim, só ficará atrás de Wladimir, lateral que somou 806 partidas nos anos 70 e 80.

No último fim de semana, quando recebeu uma placa por ter completado 600 jogos pela equipe diante do Flamengo, o camisa 12 demonstrou orgulho, mas preferiu valorizar Ronaldo.

"Não tenho essa vaidade de me achar o maior. Para mim, o Ronaldo é o maior da história do Corinthians, tenho muito respeito por ele. Sei que tenho grandes chances de passá-lo em questão dos números, mas não tenho essa vaidade e essa briga de me achar maior, não é o meu perfil", afirmou.

Aos 35 anos, o gaúcho de Veranópolis está em sua 11ª temporada pela equipe do Parque São Jorge e vive, mais uma vez, um momento de redenção.

Três meses depois de conviver com críticas da torcida e até ameaças de morte, que o levaram a fazer uma denúncia à polícia, o goleiro conseguiu superar uma fase conturbada. Ele é um dos pilares do elenco atualmente comandado por Vítor Pereira.

Sem ele seria difícil imaginar que o time dirigido pelo português estaria vivo e brigando por títulos em três competições —Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil e Copa Libertadores.

No mais recente confronto em que saiu de campo exaltado como herói, Cássio defendeu dois pênaltis na disputa com o Boca Juniors (ARG). O arqueiro alcançou 24 batidas da marca penal defendidas na equipe —Ronaldo tem 27—, que avançou às quartas de final do torneio continental.

No dia seguinte, conselheiros alvinegros enviaram uma carta ao presidente Duilio Monteiro Alves para pedir que o goleiro seja homenageado com um busto no Parque São Jorge assim que pendurar as luvas. Apesar de a solicitação ter sido feita no calor da comemoração de uma importante classificação, Cássio já tem méritos para ser eternizado pelo clube.

Desde sua estreia, em 28 de março de 2012, ele acumula nove títulos: quatro Paulistas (2013, 2017, 2018 e 2019), dois Brasileiros (2015 e 2017), uma Libertadores (2012), uma Recopa (2013) e um Mundial (2012). Teve atuações marcantes em todos esses torneios, sobretudo nas conquistas de dez anos atrás.

Ao tornar-se ídolo, teve uma fase de deslumbramento e passou a aproveitar os benefícios da fama com exageros. O próprio atleta contou isso em depoimento ao livro "Cássio — A trajetória do Maior Goleiro da História do Corinthians" (2019), do jornalista e historiador Celso Unzelte.

"Teve situações em 2014 e 2015 em que eu acordava e minha casa estava cheia de gente que eu nem conhecia. Eram situações de eu acordar à noite, ter feito festa em casa e não saber quem estava lá", relatou.

Como reflexo, viveu em 2016 sua pior temporada no Parque São Jorge. Em maio daquele ano, na semana em que recebeu a notícia da morte da avó, Maria Luiza, perdeu a posição de titular para Walter por opção do técnico Tite. Não fosse esse período no banco, poderia já ter alcançado a marca de Ronaldo.

O ex-goleiro também poderia ter estabelecido um registro mais extenso de jogos. Ele chegou ao 602º jogo pelo time alvinegro aos 30 anos, em 1998, cinco anos mais jovem do que Cássio é atualmente. À época, o paulistano ainda atuava em alto nível e havia sido um dos destaques da conquista do Paulista no ano anterior, mas teve sua trajetória na equipe encerrada após a chegada de Vanderlei Luxemburgo.

O treinador foi contratado em um período em que o guarda-metas negociava a renovação de seu vínculo, mas o acordo não foi adiante porque o técnico, segundo o agora ex-atleta, queria minar sua liderança e demonstrar poder. Ronaldo e Luxemburgo não conviveram nem por um mês no Parque São Jorge.

Em 2012, em entrevista no UOL ao ex-companheiro Neto, que também deixou o Corinthians no início de 1998, o ex-goleiro disse que não guardava mágoa do treinador. "Mas tem coisa ruim que é bom não encontrar na vida", desmentiu-se.

Cássio, por sua vez, chegará à marca de 602 partidas ainda com um longo contrato pela frente. Em janeiro, renovou seu vínculo até o fim de 2024. Tem, portanto, tempo para ampliar seus recordes.

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