Cristiano Ronaldo transformou Portugal e agora busca o ápice pela seleção

Em queda nos clubes, atacante continua sendo o maior nome da equipe lusitana

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Doha (Qatar)

Primeiro foi Bernardo Silva. Depois, Rúben Neves, Bruno Fernandes e, por fim, o técnico Fernando Santos. Desde a chegada de Portugal ao Qatar, todos aqueles que foram questionados sobre Cristiano Ronaldo se esquivaram de fazer qualquer crítica ao craque.

Mais do que evitar que o litígio do atacante com o seu –agora– ex-clube Manchester United pudesse contaminar o ambiente da seleção, há entre os portugueses um enorme respeito ao camisa 7 por tudo que ele representa para o país.

Desde que Cristiano Ronaldo estreou pela seleção, Portugal nunca mais ficou fora de um torneio importante.

Cristiano Ronaldo durante treino em Al-Shahaniya, o último de Portugal antes da estreia na Copa do Mundo no Qatar - Paul Childs/Reuters

O atacante liderou seu país nos dois primeiros títulos oficiais da equipe principal, a Eurocopa e a Nations League, e tem agora a chance de chegar ao ápice com a conquista da Copa do Mundo.

A estreia dos lusos será nesta quinta-feira (24), às 13h (de Brasília), contra Gana, no estádio 974, em Doha.

Será o quinto Mundial do craque, que mudou o patamar dos portugueses no cenário do futebol internacional. Não é nenhum exagero dizer que a história de Portugal se divide em dois momentos distintos, antes e depois da estreia dele.

Já faz 19 anos desde que ele vestiu a camisa lusitana pela primeira vez. Ele nem era ainda o dono da camisa 7 quando o técnico brasileiro Luiz Felipe Scolari o colocou no segundo tempo de um amistoso contra o Cazaquistão, em 2003.

O então camisa 16 entrou no lugar de Rui Costa, ídolo histórico em seu país, e de cara já mostrou suas habilidades. Infernizou a defesa adversários com seus dribles e velocidade.

Até aquele momento, Portugal tinha um histórico modesto no futebol, com participações em apenas três mundiais e três Eurocopas, entre 1930 e 2002.

Neste período, suas maiores glórias foram o terceiro lugar no Mundial de 1966, até hoje seu melhor desempenho no torneio, e a consagração individual de Luís Figo como melhor jogador do mundo em 2001.

Já com o camisa 7, são cinco Copas e cinco Euros consecutivas, incluindo a histórica campanha de 2016, quando ganhou a competição de seleções europeias pela primeira vez.

Soma-se a isso como motivo de orgulho para os portugueses os títulos individuais de Cristiano, sobretudo as cinco vezes em que ele foi eleito o melhor do planeta. É também o jogador com mais gols por uma seleção (117), e o artilheiro histórico da Champions League (140).

É um currículo que contrasta com o momento atual vivido por ele, pelo menos, em sua trajetória por clubes. Neste instante, ele pode se considerar desempregado.

O rompimento com o Manchester United ocorreu após uma polêmica entrevista que ele deu para um programa de TV britânico, em que criticou a estrutura do clube, disse que se sentia traído por algumas pessoas e detonou o técnico Erik ten Hag, a quem disse não respeitar –por não se sentir respeitado.

Apesar disso, segundo a equipe inglesa, o desligamento ocorreu em "comum acordo". Já o atleta valorizou sua trajetória na equipe, mas disse que também era a hora certa de ir.

A conversa do jogador com o jornalista Piers Morgan ocorreu dias antes da estreia portuguesa na Copa. Segundo o jogador, "timing é sempre timing".

Ele acredita, inclusive, que o elenco português não foi nem será influenciado por questões individuais dele. "Todos me conhecem desde os 11 anos. Todos querem muito esta competição, todos querem jogar, que é algo que gosto de ver, a ambição é muito alta."

Na esteira do craque, surgiu junto com ele uma geração que fez Portugal deixar de ser um figurante no torneio para um time que realmente pode sonhar com o título. É com essa condição que o time chega ao Qatar.

Nomes como Bernardo Silva, Bruno Fernandes, Rafael Leão e companhia não entram mais em campo com medo de adversários mais tradicionais, como a França, derrotada por Portugal na final da Euro, ou a Holanda, superada na decisão da Nations League 2019.

Se não todos, a maioria incorporou a mentalidade vencedora –muitas vezes acusada de egocêntrica– de Cristiano Ronaldo. O próprio astro reconhece isso.

"Essa seleção tem um potencial enorme. Podemos fazer algo grande por nosso país."

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