Para o fanático por futebol, na Copa do Mundo não tem aquela história dos jogos imperdíveis. Todos são. Vale ver cada um deles, do começo ao fim, sem restrição.
Começando com a partida de abertura, Qatar x Equador, neste domingo (20), qualquer e todo duelo é válido, mesmo aqueles que, se fossem jogo amistoso, nem se saberia da existência.
Por exemplo: Austrália x Tunísia, Irã x País de Gales, Costa Rica x Japão, Canadá x Marrocos. Desinteressantes por natureza, na Copa eles são atraentes.
Só que para acompanhar todos, ou quase todos os jogos do Mundial –pois na rodada final da fase de grupos há partidas ocorrendo simultaneamente, então não dá para ver ao mesmo tempo–, é necessário, além de ser apaixonado por Copa, ter bastante tempo livre.
Nas duas primeiras rodadas, há quatro partidas em sete dos nove dias. A bola começa a rolar às 7h só para perto das 18h (no horário de Brasília).
Haverá, claro, os superfãs de futebol (e de Copa) que arranjarão esse tempo, tanto entre os mais jovens (estudantes com boas notas, que já passaram de ano, podem negociar com os pais para faltar nas aulas) como entre os mais velhos (aposentadoria é pra isso mesmo... ver futebol até enjoar).
Se você não se enquadra nesses dois grupos, eu indico ver, além das partidas do Brasil (nos próximos dias 24, 28 e 2), obrigatórias –se há simpatia por Neymar e companhia, para torcer a favor; se há antipatia, para torcer contra–, duas outras, as únicas da fase de grupos que envolvem seleções de nome e tradição.
Para assistir a uma delas, o calendário ajuda, já que será em um domingo, dia de folga para muita gente.
E é a melhor das duas, já que envolve um tetracampeão mundial, a Alemanha (considerando os títulos antes da unificação, 1954 e 1974, e depois, 1990 e 2014), e um campeão mundial, a Espanha (2010).
Alemães e espanhóis duelam às 16h do dia 27, pelo Grupo E, no estádio Al Bayt, em Al Khor, a 50 km da capital, Doha.
As duas seleções são as favoritas para se classificarem na chave que tem também Costa Rica e Japão.
Os times não contam atualmente com nomes superbadalados, não há nenhum Messi (Argentina), nenhum Benzema (França), nenhum Lewandowski (Polônia), nenhum Kane (Inglaterra).
A Alemanha, contudo, tem um ataque entrosado, formado por jogadores do poderoso Bayern de Munique (Gnabry, Sané, a revelação Musiala e o veterano Thomas Müller, dono do grito de gol mais colérico que já vi), abastecido pelo volante-meia Kimmich, também do Bayern.
O goleiro, Neuer, capital da seleção germânica e outro do Bayern, ainda é um dos melhores do mundo.
A Espanha entrará em campo sem favoritismo e depositará suas esperanças na capacidade de o trio de meio-campistas do Barcelona (o veterano Busquets e as jovens sensações Pedri e Gavi) vencerem o duelo no setor contra os alemães.
A defesa espanhola não inspira confiança, com veteranos em decadência nas laterais (Carvajal e Jordi Alba) e um goleiro um tanto instável (Unai Simón). A instabilidade é marca também do ataque, com as opções (Morata, Ansu Fati, Ferrán Torres, Olmo, Sarabia, Asensio) alternando altos e baixos com grande frequência.
O outro jogo que considero imperdível na fase classificatória da Copa será realizado no dia seguinte, uma segunda-feira (28), às 16h: Portugal x Uruguai, no estádio de Lusail, a 15 km de Doha, para 80 mil pessoas, o maior do Mundial.
É dia útil, de trabalho, mas é também o dia do segundo confronto da seleção brasileira no Mundial, contra a Suíça, às 13h.
Então é possível que você, mesmo que não tenha a vida ganha e precise trabalhar, seja dispensado pelo chefe mais cedo para ver Neymar e companhia. Isso ocorrendo, na sequência da partida da seleção dá para ver o duelo entre portugueses e uruguaios.
O Uruguai é atração por ser bicampeão mundial (1930, em casa, e 1950, derrotando o Brasil em pleno Maracanã) e por demonstrar sempre sua famosa garra em campo.
Portugal jamais ganhou uma Copa, porém elevou seu status nos últimos anos ao faturar a Eurocopa de 2016, derrotando a França na França, e a edição inaugural da Liga das Nações, em 2019, superando a Holanda em Portugal.
Além disso, conta com a atração de sempre Cristiano Ronaldo, 37, talvez em sua última Copa.
O CR7 está sedento por gols que não tem conseguido em seu clube, o Manchester United, com o qual tem se relacionado pessimamente mal, notadamente com o técnico holandês Ten Hag, que o relegou várias vezes à reserva.
O atrativo final desse embate pelo Grupo H, completado por Gana e Coreia do Sul, é o fato de definir o rival do Brasil –caso o Brasil de classifique– nas oitavas de final.
O primeiro colocado do Grupo G (o da seleção brasileira) jogará partida eliminatória contra o segundo do Grupo H, e o segundo do G pegará o primeiro do H.
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