Em Buenos Aires, gritos de 'Dibu, Dibu' soam tão altos quantos os de 'Argentina, Argentina'

Fan Fest na capital portenha tem fé no goleiro da seleção, muito calor, poucas sombras e bebidas inflacionadas

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Buenos Aires

Já caíam algumas gotas de chuva na tarde abafada desta sexta-feira (9), em Buenos Aires, quando um grupo de adolescentes com vuvuzelas, bandeiras e tambores saiu correndo pelas ruas que davam acesso ao parque de Palermo. Eles gritavam "Argentina, Argentina".

Não havia ninguém no caminho deles, porque desde às 16h a cidade estava vazia. Apenas com o fim da partida carros passaram a transitar nas principais vias, buzinando, muitos deles com bandeirinhas alvicelestes nas janelas.

Sob um sol de 37oC, quem não estava vendo o jogo em casa ou em bares se reuniu ali no parque, que abrigava a Fan Fest, onde havia dois telões, banheiros, food trucks, vendedores de empanadas e umas poucas sombras.

Torcedores acompanham vitória da Argentina, em Buenos Aires
Torcedores acompanham vitória da Argentina, em Buenos Aires - Augustin Marcarian/Reuters

Desde o começo do dia, um casal que vestia camisas das seleções brasileira e argentina já estava no espaço. A terra batida do parque, onde haviam acampado, já tinha manchado as peças e dificultava a distinção entre uma e outra.

"A gente sempre torce junto. E as camisas são velhas, daqui a pouco vai parecer que são do mesmo time", disse Luca Antés, uruguaio-argentino, que usava a celeste e branca, e Marina Naldini, a amarelinha.

"Viemos aqui para ver os dois jogos, o do Brasil e da Argentina, queríamos uma semi com as duas equipes, mas não deu", disse Marina, fazendo uma careta, referindo-se à derrota do Brasil para a Croácia, mais cedo.

Já Luca estava mais animado. A família argentina dele preparava um churrasco, e ele esperava que a partida com a Holanda terminasse em, "no mínimo", 2 a 0.

"É a Copa de Messi. Podemos ficar sem ganhar outros 20 anos, mas precisamos ganhar este Mundial", disse.

Fã do Peñarol, já que vive do outro lado do rio da Prata desde pequeno, não titubeia ao torcer para a Argentina na Copa do Mundo. "Tem mais paixão, mais canções, não tem torcida igual à da torcida da Argentina", disse. Marina concordava com a cabeça.

O calor castigava os torcedores e aumentava o preço das bebidas. Cada garrafa de água estava US$ 2,50 (R$ 13,30). No jogo anterior, custava US$ 2 (R$ 10,50). Como muita gente veio para ver as duas partidas do dia, os food trucks e vendedores de empanadas estavam a toda. Empanadas de carne ou de queijo e cebola custavam US$ 2, e a vegana, US$ 2,30.

A multidão se dividia entre as duas telas da Fan Fest. Os dois primeiros gols foram comemorados com abraços e gritos. Já o primeiro da Holanda foi praticamente ignorado pela torcida.

Havia muitos estrangeiros no espaço, que no verão costumam visitar Buenos Aires. Ouvia-se vários idiomas e se filmava cada ângulo ou detalhe.

Perto do fim do jogo, quando o público já começava a dar sinais de que deixaria a festa com uma vitória certa da Argentina, veio o grito, este não de festejo, mas de indignação. "Não", gritaram quase todos, ao se darem conta de que a Holanda havia marcado de novo, e que a partida teria uma prorrogação.

O esticamento do jogo foi tenso, parecia mais longo do que o normal devido ao calor e ao nervosismo. Muitos diziam que queriam os pênaltis logo, porque viam Messi cansado, e porque Dibu Martínez, o goleiro argentino, é conhecido por agarrar pênaltis importantes.

Não deu outra, vitória por 4 a 3 nas cobranças. Além de "Argentina, Argentina", os torcedores que saíram festejando também gritavam "Dibu, Dibu".

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