Pesadelo das quartas: Brasil perde nos pênaltis e está fora da Copa

Croácia busca o empate na prorrogação e vence após seleção desperdiçar duas cobranças

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Goleiro Livakovic pega pênalti de Rodrygo, que foi o primeiro passo para colocar a Croácia nas semifinais Matthew Childs/Reuters

Doha (Qatar)

Neymar levou alguns minutos para começar a chorar. Parecia que não acreditava no que havia acabado de acontecer.

Olhava para os companheiros, para a torcida e para o céu, como se tentasse buscar uma explicação para a derrota do Brasil diante da Croácia. Era o fim do sonho brasileiro de conquistar o hexa.

Nesta sexta-feira (9), em seu jogo mais difícil na Copa do Mundo no Qatar, o Brasil empatou com a Croácia por 1 a 1, na prorrogação, e acabou superado nos pênaltis por 4 a 2.

Jogadores da Croácia festejam o gol de empate na prorrogação - Jewel Samad/AFP

O jovem Rodrygo, 21, e o experiente Marquinhos, 28, desperdiçaram suas cobranças. Neymar nem chegou a ter a vez dele.

A Croácia acertou todas as suas cobranças. Nas semifinais, na próxima terça-feira (13), a seleção de Modric enfrentará a Argentina, que também avançou nos pênaltis, em duelo com a Holanda.

Antes do Mundial, Neymar chegou a declarar que esta poderia ser a sua última Copa do Mundo. Não voltou a falar sobre isso durante a competição —ao fim do jogo, procurou não fechar a porta nem se comprometer a retornar—, mas começou a temer pelo pior quando se machucou na estreia, diante da Sérvia, e perdeu os dois últimos jogos da fase de grupos.

Recuperado, foi bem contra a Coreia do Sul nas oitavas de final e podia ter sido o herói contra a Croácia. Ele chegou a colocar o Brasil na frente no primeiro tempo extra, mas Petkovic igualou na etapa final da prorrogação, provocando os pênaltis.

O camisa 10 chegou ao seu 77º gol pela seleção brasileira. De acordo com a contagem da Fifa, igualou a marca de Pelé com camisa amarela, tornando-se o maior artilheiro do país ao lado do Rei.

A CBF (Confederação Brasileira de Futebol), no entanto, considera que Pelé tenha acumulado mais, um total de 95. A diferença ocorre porque a entidade máxima do futebol contabiliza apenas jogos entre seleções, enquanto a contagem brasileira leva em consideração jogos do Brasil contra clubes e combinados, algo que era comum e importante quando o velho camisa 10 jogava.

Desta vez, mesmo com um gol de Neymar, o Brasil acumulou mais uma derrota nas quartas de final. A sexta de sua história. E, como havia ocorrido nas quatro edições do Mundial anteriores à do Qatar, a queda foi de novo diante de um adversário europeu.

Neymar é consolado por Raphinha após eliminação do Brasil no Qatar - Hannah Mckay/Reuters

Em 2006, a seleção perdeu para a França. Em 2010, caiu diante da Holanda. Na Rússia, em 2018, o carrasco foi a Bélgica. Na última vez em que avançou à semifinal, em 2014, viveu seu maior pesadelo, com o 7 a 1 da Alemanha.

O Brasil não vence um adversário europeu na fase eliminatória desde que bateu a própria Alemanha, na final de 2002.

Diante da Croácia, pela primeira vez neste Mundial, Tite conseguiu repetir uma escalação, algo que sucessivas lesões no elenco o impediram de fazer antes. Com Neymar no meio, Danilo e Éder Militão nas laterais, ele colocou em campo a mesma formação que derrotou a Coreia do Sul, por 4 a 1.

A história, porém, foi bem diferente. Em vez de dominar o adversário como fez com os coreanos, acabou envolvido pelo ritmo do adversário. Teve no primeiro tempo seus 45 minutos mais difíceis.

Com exceção a chutes fracos, o goleiro Dominik Livaković pouco trabalhou. É verdade que Alisson também não foi muito exigido, mas as chegadas da Croácia levaram mais perigo.

Em um raro momento, o camisa 1 brasileiro chegou a cometer um erro bobo em uma saída de bola, colocando Casemiro na fogueira. O volante perdeu a bola, mas a zaga conseguiu se recuperar e afastar um cruzamento de Luka Modric.

Enquanto Neymar esteve apagado na etapa inicial, o camisa 10 da Croácia ditou o ritmo para tornar o jogo mais confortável para seu time, acelerando as ações sé em determinados momentos.

Era a tática correta para quem chegou às quartas com mais minutos jogados, sobretudo por ter disputado a prorrogação também nas oitavas de final, contra o Japão.

Em média, até o encontro de sexta, os jogadores da Croácia jogaram 66 minutos a mais do que os brasileiros, segundo levantamento da Folha. A estatística considera os 16 atletas mais atuantes das duas equipes (11 titulares e 5 reservas).


Mapa de calor do jogo

Por onde cada time concentrou suas jogadas

Mapa de calor da Croácia no duelo entre Brasil e Croácia
Mapa de calor da Croácia nas quartas de final da Copa do Mundo - Opta
Mapa de calor do Brasil no duelo contra a Croácia na Copa do Mundo
Mapa de calor do Brasil no duelo contra a Croácia - Opta

Eram 221 minutos no cronômetro dos brasileiros, em média, a menor entre as oito equipes que foram até as quartas. No outro extremo desse ranking, os croatas registravam 287.

Historicamente, isso não costuma ser um problema para eles. Em 2018, chegaram à final disputando prorrogações em todos os mata-matas. Só na final jogou 90 minutos, perdendo para a França, por 4 a 2.

De qualquer maneira, um ritmo mais lento interessava à equipe de Zlatko Dalic. O placar zerado antes do intervalo acabou sendo melhor para os brasileiros.

Com a mesma formação do primeiro tempo, o Brasil voltou do intervalo com mais ímpeto. Chegou a reclamar de um pênalti, aos tês minutos, mas o VAR (árbitro de vídeo) não considerou infração o toque de mão de um defensor croata.

Aos 11 minutos, insatisfeito à beira do gramado, Tite trocou Raphinha por Antony. Sem ver grandes mudanças, esperou até os 20 para trocar Vinicius Junior por Rodrygo.

Somente aos 22 veio a primeira grande chance, quando Lucas Paquetá brilhou pela bola, invadiu a área e, cara a cara com o goleiro, chutou em cima do camisa 1. Aos 32, foi a vez de Neymar esbarrar nele, após finalizar rasteiro.

Parecia que o Brasil estava com mais medo de perder uma bola que pudesse gerar um contra-ataque do que preocupado em manter uma pressão para achar seu gol. O marasmo se arrastou até o fim do tempo regulamentar.

A seleção brasileira não disputava uma prorrogação em Copas do Mundo desde 2014, quando empatou com o Chile por 1 a 1 no tempo normal das oitavas, ficou no zero no tempo extra e avançou nos pênaltis, com vitória por 3 a 2.

Desta vez, Neymar tentou evitar um drama maior, ao abrir o placar aos 16 minutos do primeiro tempo extra. Após tabelar com Rodrygo e Lucas Paquetá, ele driblou o goleiro e fez 1 a 0.

No segundo tempo extra, quando a vitória parecia certa, Petkovic deixou tudo igual, aos 12 minutos, na única finalização certa da Croácia no jogo, e arrastou a decisão para os pênaltis.

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