Fase de grupos da Copa tem tempo de acréscimos equivalente a 5 partidas e meia

Pênaltis, por outro lado, são mais raros do que em 2018

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São Paulo

Se, com a estreia do VAR e os atrasos causados pelo árbitro de vídeo, a Copa do Mundo de 2018 foi a "Copa dos acréscimos", a de 2022 pode ser a "Copa dos acréscimos ainda maiores" –e dos impedimentos.

Levantamento da Folha comparando as duas últimas edições do mundial aponta que os minutos acrescidos na fase de grupos cresceram de 288 na Rússia para 511 no Qatar. Isso é equivalente a 5,6 partidas de 90 minutos. São dois jogos e meio a mais só na diferença de tempo adicional entre as duas edições.

A análise leva em consideração o tempo estipulado pelo juiz, e não o que de fato decorreu na partida. No duelo entre Sérvia e Suíça realizado nesta sexta-feira (2), por exemplo, são contados os 7 minutos definidos pela arbitragem, e não os quase 10 que decorreram.

Telão indica 14 minutos de acréscimos na partida entre Inglaterra e Irã, em Doha - Paul Ellis - 21.nov.22/AFP

A alta chamou a atenção nos primeiros tempos, período em que tradicionalmente os acréscimos são mais curtos. A média subiu de menos de 2 para mais de 4 minutos minutos. Foram 14 somente na etapa inicial do duelo entre Irã e Inglaterra, na primeira rodada do Grupo B.

Na ocasião, os ingleses venceram por 6 a 2. O duelo foi paralisado no primeiro tempo após choque de cabeça envolvendo o goleiro iraniano Alireza Beiranvand, que caiu no gramado, ficou sangrando e precisou ser atendido por médicos. Ele até tentou seguir na partida, mas foi substituído na sequência, o que retardou ainda mais o jogo regido pelo árbitro brasileiro Raphael Claus.

Com 10 minutos extra no segundo tempo, a partida entre Irã e Inglaterra foi também a que mais teve acréscimos no fim, empatada com Coreia do Sul x Gana e Costa Rica x Alemanha.

A alta nos acréscimos também apareceu nas segundas etapas, indo de uma média de pouco menos de 4 minutos em 2018 para acima dos 6 e meio em 2022.

As partidas mais longas decorrem de orientação da Fifa, que pediu aos árbitros mais rigor ao monitorar as paralisações das partidas, sob o entendimento de que os jogos passavam muito tempo parados e as interrupções não eram devidamente compensadas.

"As pessoas querem mais futebol. E nos pedem para fazer algo a respeito há anos", disse Pierluigi Collina, presidente do Comitê de Árbitros da Fifa. "Estamos muito felizes com esse resultado."

Na Copa de 2022, todos os primeiros e segundos tempos dos jogos da fase de grupos tiveram acréscimos. Em 2018, a reposição não apareceu nos primeiros tempos de cinco partidas e no segundo de uma.

Esses minutos a mais foram bem aproveitados pelo português Bruno Fernandes. Na vitória por 2 a 0 sobre o Uruguai, que deu aos vencedores o acesso antecipado ao mata-mata, ele converteu pênalti no finalzinho.

O lance, motivado por um desvio na mão do zagueiro Giménez dentro da área, marca algo que foi mais raro nesta edição do Mundial: os pênaltis. Foram de 24 na última Copa para 14 agora.

E foi justamente a regra da bola na mão uma das principais mudanças no regulamento entre as duas edições da Copa. Na prática, as penalidades marcadas pelo toque irregular caíram de 7 para 2.

Para a temporada atual, a International Football Association Board, entidade que regulamenta as leis do futebol, formalizou uma alteração nas regras dizendo que nem todos os toques de bola na mão de um jogador devem ser considerados irregulares. Agora, é necessário um movimento deliberado do atleta para configurar a infração, ou que o braço esteja em "posição antinatural", ampliando o espaço de ação do jogador.

Com reforço tecnológico, os impedimentos também saltaram 29% em relação a 2018. Foram 143 na Copa passada e, agora, 185.

O VAR atual é capaz de traçar impedimentos de forma semiautomática, usando equipamento que rastreia a bola e a posição dos atletas em campo. Com isso, os árbitros na cabine recebem um alerta em casos de potenciais irregularidades, e um um modelo 3D da jogada é gerado para checagem.

A mudança impactou diretamente a Argentina em sua derrota para a Arábia Saudita por 2 a 1 na estreia do Grupo C. Na ocasião, os latinoamericanos chegaram a marcar quatro vezes no primeiro tempo, mas só um gol valeu.

No quesito cartões, pouca mudança. Os amarelos foram de 160 na última Copa para 166 neste ano. E as expulsões, de 3 para 2, sendo apenas uma em cada edição com o cartão vermelho direto. Neste cálculo foram desconsideradas as advertências para integrantes de comissões técnicas.

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