Pepe era o cara que ninguém mexia nem driblava em Maceió, lembra ex-técnico

Jogador saiu da periferia de Maceió para se tornar peça importante no elenco de Portugal

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Maceió

Pepe saiu do bairro do Benedito Bentes, em Maceió, para se tornar estrela em Portugal e peça importante nesta Copa do Mundo. Ele é o jogador mais velho a fazer um gol em mata-mata no torneio.

Inicialmente um jogador da várzea, destacou-se como um zagueiro forte e viril, que não aceitava desaforos e sempre chegava duro quando disputava a bola. Era a máxima de "passa o cara ou a bola" que lhe conduzia.

"O Pepe era o cara que ninguém mexia nem driblava. Eu lembro do dia em que fui falar com o pai dele, o senhor Anael, para dizer que queria que ele fosse ser meu atleta na base do CRB. Ele jogava em um time chamado Napoli, no Benedito Bentes, aqui na periferia da cidade, e chamou minha atenção em um campeonato. Não tive dúvidas. Queria ele no meu elenco", conta o técnico Guilherme Farias.

Pepe comemora após a partida contra a Suíça, pelas oitavas de final da Copa - Ding Xu - 6.dez.22/Xinhua

Pepe iniciaria uma lista de grandes atletas do futebol nacional e internacional que foram treinados por Guilherme, como Roberto Firmino (Liverpool) e Otávio (Atlético-MG). Os três estiveram na base do CRB, mas o zagueiro de Portugal ficou menos tempo. Chamou a atenção do Corinthians Alagoano e de lá se transferiu para o Marítimo.

"A verdade é que o Pepe saiu de Alagoas ainda um garoto, numa época em que essas transferências internacionais de jovens ainda estavam começando. Ele gostava muito de treinar, odiava perder, e queria estar sempre jogando. Tinha uma boa postura, tanto que não me surpreende que a braçadeira de Portugal passe do Cristiano Ronaldo para ele em situações como nesta Copa do Mundo", analisa o técnico.

O zagueiro, no entanto, também ficaria conhecido durante a carreira como um jogador explosivo e às vezes com episódios de violência em campo. Isso também aconteceu quando era mais novo, em uma das primeiras viagens que fez com o elenco do CRB.

"Fomos ao Espírito Santo para disputar um campeonato e ele deu uma chegada muito forte num atleta do outro time. Era em outro estado e, claro, nós tínhamos que protegê-lo. O jeito foi juntar os meus jogadores e fazermos um cordão de isolamento para que ele pudesse sair de campo sem ninguém 'pegar' ele. Felizmente, deu certo. Ninguém bateu no Pepe naquele dia", disse, rindo.

Guilherme tinha uma relação boa com os pais de Pepe e se reunia com eles após as partidas. O contato se perdeu com o tempo, mas ele continua acompanhando as conquistas do jogador. Aos 39 anos, o zagueiro ainda é um colosso no time de Portugal e fez um gol de cabeça na goleada sobre a Coreia do Sul, pelas oitavas de final da Copa do Mundo.

"Pela idade, eu não imaginava que o Pepe ainda estaria jogando. Mas ele está lá, em forma, ainda se divertindo como se fosse um menino. Eu só consigo imaginar o que significaria para ele ganhar uma Copa do Mundo com Portugal. Sempre cabeceou bem. Existe algo que mostre mais o que é o futebol do que um menino sair de Alagoas para se tornar campeão do mundo com outro país? É algo inexplicável. Torço que ele avance ainda mais".

Portugal entra em campo no próximo sábado (10) às 16h, contra Marrocos. Caso Cristiano Ronaldo seja mantido no banco de reservas pelo técnico Fernando Santos, a tendência é que Pepe continue com a braçadeira de capitão.

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