Técnico de Portugal mantém estilo, dá de ombros a críticas e deve barrar CR7 de novo

Fernando Santos apostou em Gonçalo Ramos contra a Suíça, que marcou três gols

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Doha (Qatar)

Em 2018, durante a Copa do Mundo na Rússia, Fernando Santos foi questionado sobre como lidar com a pressão de ser técnico.

Então com 64 anos, disse: "A pressão é para panelas. Estou velho demais para me preocupar com isso".

Quatro anos mais experiente, aos 68, o treinador da seleção portuguesa ainda dá de ombros para críticas e cobranças externas.

Vencedor da Eurocopa de 2016 e da Nations League 2018/19, ele provou isso mais uma vez no Mundial do Qatar ao barrar Cristiano Ronaldo, o maior astro do elenco que ele comanda desde 2014, e talvez o principal responsável pelas inéditas conquistas do país.

O técnico de Portugal, Fernando Santos, durante treino nesta sexta (9)
O técnico de Portugal, Fernando Santos, durante treino nesta sexta (9) - Patricia de Melo Moreira/AFP

Ele foi forçado a fazer isso por causa de uma atitude do camisa 7 no último jogo da fase de grupos, contra a Coreia do Sul, quando o atleta deu um chilique após ser substituído antes da metade do segundo tempo.

Mesmo com o episódio, a decisão do técnico foi considerada ousada, sobretudo porque o capitão da seleção lusitana não é do tipo que aceita bem a condição de reserva. Entrou em litígio com o Manchester United antes da Copa justamente por isso. Poderia causar o mesmo problema na seleção.

Fernando Santos sabia disso e teve uma conversa com o atleta antes de tornar pública sua nova escalação, apostando no jovem Gonçalo Ramos, 21, 16 anos a menos que o veterano de 37.

"Essa conversa tinha de acontecer, é mais do que normal, mas é verdade que não faço isso com todos. O capitão, alguém que é quem é, com a projeção que tem, por tudo o que deu ao futebol português. Tinha de ter essa conversa com ele", afirmou.

A conversa aconteceu no dia do jogo contra a Suíça, na terça-feira (6), pouco depois do horário do almoço, no gabinete do treinador no centro de treinamento em Al Shahaniya, onde a delegação está concentrada.

Cristiano Ronaldo não ficou satisfeito, segundo o técnico. "Expusemos pontos de vista. Ele [o atacante] não aceitou [ser suplente] de forma simples, mas foi tudo tranquilo."

Segundo jornal português Record, o papo não teria sido tão tranquilo assim e o astro teria ameaçado deixar o grupo. O treinador, a Federação Portuguesa e o próprio atleta negaram.

"Temos um grupo bastante unido para ser quebrado por forças externas", escreveu nas redes o jogador.

Mas ele não escondeu sua frustração, principalmente quando viu o jogador do Benfica fazer 3 dos 6 gols na vitória sobre os suíços, por 6 a 1, pelas oitavas de final.

A nova aposta dos portugueses deverá ser titular novamente neste sábado (10), diante do Marrocos, às 12h (de Brasília), pelas quartas de final, no estádio Al Thumama.

Gonçalo Ramos foi convocado para defender a seleção portuguesa no Mundial sem nunca ter disputado uma partida pela equipe principal do país.

Na primeira fase da Copa, acumulou apenas dez minutos em campo, entrando na parte final dos duelos contra Gana e Uruguai. Diante da Coreia, nem saiu do banco.

Cristiano Ronaldo, por sua vez, nunca tinha sido reserva em um jogo nas cinco Copas do Mundo que disputou (2006, 2010, 2014, 2018 e 2022).

O camisa 7 se tornou no Qatar o primeiro jogador da história a marcar em cinco edições diferentes do torneio. Ele tem oito gols ao todo, mas nunca balançou as redes na fase de mata-mata, enquanto Gonçalo Ramos já soma três gols.

Apesar disso, Fernando Santos evitou se comprometer com a manutenção do jovem na equipe, barrando Cristiano Ronaldo. Disse apenas que vai estudar Marrocos e montar a escalação com nomes que representem "a melhor estratégia para o jogo".

Tão surpreendente quanto a decisão de colocar o astro na reserva seria recolocá-lo na equipe depois que Portugal teve sua melhor atuação na Copa do Mundo sem precisar dele como titular.

Neste momento, a tendência é que o treinador mantenha a formação que venceu a Suíça. Principalmente pela dificuldade que ele espera do Marrocos, responsável por eliminar a Espanha nas oitavas, na disputa por pênaltis.

Os marroquinos tornaram-se a quarta nação africana a chegar às quartas de final da Copa do Mundo, depois de Camarões (1990), Senegal (2002) e Gana (2010), e a primeira falante de árabe a alcançar essa etapa.

Enquanto Marrocos pretende se tornar, também, o primeiro país africano a chegar à semifinal, Portugal luta para superar as duas melhores campanhas na história do torneio, o terceiro lugar em 1966 e o quarto lugar em 2006, esta justamente a primeira com Cristiano Ronaldo na equipe.

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