Marrocos elimina a Espanha nos pênaltis e já faz sua melhor Copa do Mundo

Bono pega duas cobranças; nação é a 1ª árabe nas quartas de final, na 1ª vez que um país árabe abriga o Mundial

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Yassine Bounou, goleiro de Marrocos, salta para a esquerda e defende chute de Carlos Soler, da Espanha, na disputa de pênaltis que classificou a seleção da África e eliminou a da Europa da Copa no Qatar

Yassine Bounou, goleiro de Marrocos, defende chute de Carlos Soler, da Espanha, na disputa de pênaltis que classificou a seleção da África e eliminou a da Europa da Copa no Qatar Jack Guez - 6.dez.2022/AFP

São Paulo e Doha

A Espanha, que empolgou ao estrear goleando por 7 a 0 a Costa Rica, está fora da Copa do Mundo do Qatar.

A campeã do mundo em 2010, considerada uma das favoritas ao título, perdeu para Marrocos no estádio Cidade da Educação, parando na mesma fase da Copa de 2018, na Rússia.

Com o triunfo por 3 a 0 na disputa de pênaltis, depois de 0 a 0 no tempo normal e na prorrogação, os azarões marroquinos fizeram história.

O melhor resultado da seleção no norte da África em um Mundial havia sido no México, em 1986, as oitavas de final, quando perdeu da Alemanha por 1 a 0.

Agora, em sua quinta participação em Copas, está nas quartas de final. O adversário no sábado (10) por uma vaga nas semifinais, às 12h (no horário de Brasília), será Portugal, que goleou a Suíça por 6 a 1.

Jogadores de Marrocos erguem o goleiro Bounou, que defendeu dois pênaltis, na partida em que a seleção africana eliminou, no estádio Cidade da Educação, a Espanha da Copa do Qatar
Jogadores de Marrocos erguem o goleiro Bono, que defendeu dois pênaltis, na partida em que a seleção africana eliminou, no estádio Cidade da Educação, a Espanha da Copa do Qatar - Javier Soriano - 6.dez.2022/AFP

Coube a Marrocos também se tornar a primeira seleção árabe a alcançar o segundo mata-mata de uma Copa, e justamente na primeira edição (de um total de 22) abrigada por um país árabe.

No Brasil, em 2014, a Argélia chegou às oitavas de final, perdendo para a Alemanha na prorrogação (2 a 1). Nos EUA, em 1994, a Arábia Saudita chegara à mesma fase, sendo derrotada pela Suécia por 3 a 1.

A classificação marroquina serviu ainda para impedir que a Copa qatariana prosseguisse somente com seleções da Europa e da América do Sul.

Os demais representantes de outros continentes que tinham passado para as oitavas (EUA, Austrália, Japão, Coreia do Sul e Senegal) sucumbiram ante os favoritos.

O primeiro tempo do jogo desta terça-feira (6) em Al Rayyan foi quase modorrento.

Mesmo com 70% da posse da bola, a Espanha não criou quase nada. O time treinado por Luis Enrique deu nessa etapa um único chute –Asensio, para fora– à meta defendida por Bono, como é chamado o goleiro Yassime Bounou.

Marrocos, em três tentativas nos primeiros 45 minutos (mais um de acréscimo), ao menos acertou uma vez o gol de Unai Simón: o lateral esquerdo Mazraoui, reintegrado à seleção antes do Mundial, arriscou de fora da área e o camisa 23 defendeu.

Gavi entre os marroquinos Ziyech, que usa a camisa 7, e Hakimi, que usa a camisa 2, no jogo em que a Espanha deu adeus à Copa de 2022, no Qatar
Gavi, um dos talentos da nova geração da Espanha, entre os marroquinos Ziyech e Hakimi no jogo em que os espanhóis deram adeus à Copa de 2022 - Kirill Kudyavtsev - 6.dez.2022/AFP

Na segunda etapa, o panorama pouco mudou. A Espanha tinha a bola quase todo o tempo, porém não sabia como ultrapassar a marcação marroquina, que colocava os dez jogadores de linha no campo de defesa.

Marrocos, por seu lado, sentia a parte física e não tinha força para contra-atacar. O treinador Walid Regragui usou as cinco substituições a que tinha direito para tentar revigorar a equipe, sem muito êxito.

Já nos acréscimos, perto dos 50min, os espanhóis quase marcaram em uma bola parada, com Olmo, mas Bono salvou.

Nada de gols. Prorrogação.

Na qual o cenário de quase toda a partida, especialmente no segundo tempo, repetiu-se, ataque (da Espanha) contra defesa (do Marrocos).

Luis Enrique mudou o time, que jogou com o uniforme reserva (camisa azul-clara), formando o ataque com Morata, Nico Williams (que tinham entrado durante o segundo tempo) e Ansu Fati. Sem efeito.

No segundo tempo da prorrogação ainda entrou na Espanha Sarabia, que no último lance acertou, de raspão, a trave. Foi a melhor oportunidade do jogo.

Nada de gols. Decisão por pênaltis.

Então, como havia ocorrido na segunda-feira (5), quando a Croácia eliminou o Japão, um goleiro brilhou nas penalidades máximas.

Bono, 31, que atua no futebol espanhol (Sevilla), defendeu os chutes de Soler e Busquets –Sarabia repetiu o que fizera no fim do tempo extra e mandou a bola na trave.

Só um jogador de Marrocos (Benoun) errou sua cobrança. Acertaram Sabiri, Ziyech e Hakimi, que, nascido na Espanha (Madri), selou a classificação dos africanos.

Você sabe: pênaltis são uma questão de um pouco de intuição e um pouco de sorte

Yassine 'Bono' Bounou

Goleiro de Marrocos, sobre sua atuação nos pênaltis contra a Espanha

Bono, o herói marroquino, mostrava-se um tanto incrédulo com o resultado: "Com o passar do tempo, vamos perceber o que conseguimos".

O treinador Walid Regragu, marroquino nascido na França, rasgou elogios ao seu camisa 1: "Temos um dos melhores goleiros do mundo, e isso nos deu a chance de nos classificarmos".

O que meus jogadores fizeram é algo extraordinário. Eles [espanhóis] foram agressivos, nos fizeram correr. Não poupamos energia nem esforço e mostramos que podemos chegar o mais longe possível [na Copa]

Walid Regragu

Treinador de Marrocos

Busquets, o capitão espanhol, considerou que Marrocos tornou a partida muito difícil por se defender o tempo todo. No fim, disse o volante, seu país deixou o Mundial "da maneira mais cruel", em referência aos pênaltis.

No Mundial de 2018, a eliminação também tinha sido na disputa das penalidades máximas, 4 a 3 para a Rússia.

"Os jogadores seguiram minhas instruções 100%, ou 99% porque o plano também era marcar [gols]", declarou o treinador Luis Enrique, que isentou seus atletas de responsabilidade pela queda. "Mas é isso, acabou, não adianta se martirizar."

O zagueiro Jawad El Yamiq estende sobre a cabeça a bandeira de Marrocos no estádio Cidade da Educação depois da classificação da seleção para seu segundo mata-mata no Mundial no Qatar; a bandeira é vermelha e tem uma estrela de cinco pontas verde no centro
O zagueiro Jawad El Yamiq com a bandeira de Marrocos no estádio Cidade da Educação depois da classificação da seleção para seu 2º mata-mata no Mundial no Qatar - Fabrizio Bensch - 6.dez.2022/Reuters

O resultado estica a ótima campanha da seleção da África setentrional nesta Copa.

Marrocos permanece invicto depois de, na fase de grupos, empatar com a Croácia (0 a 0) e derrotar a favorita Bélgica (2 a 0) e o Canadá (2 a 1).

Curiosamente, o único gol sofrido pelos marroquinos não foi feito por um jogador da equipe adversária. O zagueiro Aguerd marcou, contra, o tento dos canadenses.

A saída espanhola fez chegar a três o número de campeões mundiais eliminados em solo qatariano. Alemanha e Uruguai não passaram da primeira fase –a Itália nem se classificou.

Brasil (pentacampeão), Argentina (bicampeã), França (bicampeã) e Inglaterra (uma vez campeã) continuam na busca pela Taça Fifa, que será erguida no próximo dia 18 no estádio Lusail.

Com informações da AFP

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.