Cléber Machado deixa a Globo após 35 anos

Narrador que atuou em nove Copas do Mundo é mais um nome forte do esporte demitido da emissora

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São Paulo

A TV Globo encerrou nesta quarta-feira (22) o contrato com o narrador Cléber Machado, 60. O profissional estava na emissora havia 35 anos, desde 1988.

Cléber era um dos principais nomes do canal carioca e costumava fazer as narrações de jogos dos times paulistas em diversos campeonatos, além de atuar em outras modalidades esportivas.

À Folha o narrador afirmou que não gostaria de fazer comentários no momento. Apenas deixou claro que não pretende encerrar a carreira e que vai em busca de novas oportunidades.

Em nota, a Globo afirmou que as "portas para ele continuam abertas".

"Sua história profissional se mistura à história do esporte da Globo e, além de futebol, automobilismo, basquete, vôlei, atletismo, entre outras modalidades, ele mostrou versatilidade ao atuar também como apresentador e comentarista em programas da TV Globo e do SporTv e ao ancorar transmissões de desfiles de Carnaval", citou a emissora.

Narrador Cléber Machado está na TV Globo desde 1988
Narrador Cléber Machado está na TV Globo desde 1988 - Reprodução/TV Globo

"Grande profissional, Cléber esteve presente nos principais eventos esportivos nacionais e internacionais ao longo das últimas décadas e contribuiu para alimentar a paixão do brasileiro pelo esporte, especialmente o futebol", acrescentou a Globo no texto.

A saída do narrador ocorre num momento em que ele vinha perdendo espaço na emissora. Na última Copa do Mundo, no Qatar, ele não fez parte da equipe que viajou ao país-sede. Apenas Galvão Bueno, que deixou de ser narrador na emissora, e Luís Roberto, que segue no canal, narraram o torneio in loco.

Durante a Copa, Cléber deixou transparecer mágoa por ter trabalhado no torneio a distância pela primeira vez em 30 anos. Ao vivo, ele deu uma leve alfinetada após a exibição de um vídeo que mostrava uma homenagem da Fifa a Galvão por ele ter trabalhado em 12 finais.

"Muito bom, muito bonito. Também quero dar parabéns para mim, eles podiam mandar uma coisinha dessa aí pra mim, é a nona Copa do Mundo. Aqui é a nona Copa do Mundo. Não sei se vale a distância, mas... Manda pelo Correio ou traz aqui pra gente", afirmou.

Durante muito tempo, Cléber foi apontado como sucessor natural de Galvão Bueno para os jogos da seleção brasileira e para grandes eventos, como o Mundial e as Olimpíadas, posto para o qual ele se preparou ao longo de décadas.

Amante das locuções esportivas desde a infância, o paulista buscou construir um estilo próprio de narrar, sem bordões específicos, mas com forte entonação em momentos de emoção, além de usar uma dose de humor.

Ele ficou marcado, ainda, por momentos inusitados, como em 2002, ao narrar o GP da Áustria de F1. Na ocasião, o brasileiro Rubens Barrichello, da Ferrari, estava a poucos metros de vencer a prova, mas acabou obrigado por sua equipe a ceder a vitória para o alemão Michael Schumacher.

Cléber já se preparava para destacar o triunfo do compatriota, quando se viu surpreendido pela situação e mudou sua locução.

"Hoje não, hoje não! Hoje sim... hoje sim?", indagou ele, antes de fazer um discurso questionado a Ferrari pelo ato que considerou antidesportivo.

Agora, com a saída dele, a função de narrador principal da Globo continua aberta. Outro nome lembrado com frequência para a função é Gustavo Villani, 41. Ele, aliás, também não esteve na equipe que foi ao Qatar em 2022 e deixou transparecer uma insatisfação.

Galvão, por sua vez, mesmo sem narrar eventos esportivos no canal carioca, não se afastou do esporte. Neste sábado (25), ele fará a transmissão do amistoso entre Brasil e Marrocos em seu canal no YouTube.

Ele estará ao lado de antigos colegas que deixaram o canal carioca, como Arnaldo Cézar Coelho, Walter Casagrande e o repórter Tino Marcos.

Além de Cléber Machado, na semana passada, a Globo também dispensou o narrador Jota Júnior, 74.

As demissões entre os quadros mais famosos do esporte do canal fazem parte de uma estratégia. A redução da folha salarial acompanha mudanças recentes nos direitos de transmissão, com a emissora perdendo torneios, como Campeonato Paulista e o Campeonato Carioca, para concorrentes e até para a internet.

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