Descrição de chapéu skate COB

Suspensão de presidente abre polêmica da confederação da skate com o comitê olímpico

Eduardo Musa afirma que punição determinada pela World Skate tem fundo político

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São Paulo

Uma suspensão internacional, contestada no CAS (Corte Arbitral do Esporte), virou briga política entre os presidentes da CBSk (Confederação Brasileira de Skate) e o COB (Comitê Olímpico do Brasil) a pouco mais de um ano das Olimpíadas de Paris.

Por alegar problemas na realização de Mundial da modalidade no Brasil no ano passado, a World Skate, entidade que regulamenta o esporte, suspendeu por três anos Eduardo Musa, mandatário da CBKS. Para o dirigente, a punição não tem nenhum respaldo legal.

Homem em frente a aros olímpicos
Eduardo Musa, presidente da Confederação Brasileira de Skate - Julio Detefon/CBSk

Ele esperava apoio do COB mas, em vez disso, foi também suspenso pelo órgão brasileiro.

"O Paulo Wanderley [presidente do COB] só pensa em política, só pensa em voto. O COB é subordinado ao COI [Comitê Olímpico Internacional], à WADA [agência que regula os processos antidoping], não à World Skate. O Paulo Wanderley deu uma interpretação pessoal à minha suspensão", reclama Musa.

Consultado pela Folha, o COB enviou nota em que afirma apenas ter se limitado a cumprir a decisão da "Federação Internacional da modalidade, que suspendeu o dirigente de suas atividades".

Musa contesta essa visão porque não há, afirma, nenhum item no estatuto do COB que o obrigue a afastar dirigentes, ainda mais sem um processo de defesa. Mesmo a Lei Pelé limita esse tipo de punição à esfera esportiva.

A reportagem pediu ao comitê para comentar este aspecto e não obteve resposta. Mas a entidade declarou que "todos os projetos realizados em conjunto com a CBSk permanecem inalterados visando a manter a preparação de skatistas a ela filiados. Não cabe ao comitê rever decisões de entes internacionais, mas tão somente cumpri-las, visto que o COB integra o Sistema Internacional do Desporto como Membro do Movimento Olímpico".

Musa diz acreditar que trata-se de uma questão política porque, na última eleição para presidência do COB, a confederação não votou em Paulo Wanderley.

"O COB não pode me afastar da presidência. Quem pode me afastar é a assembleia [da CBSk]. Marcamos uma e minha permanência foi aprovada por unanimidade. O COB teria de fazer um processo interno, com prazo de defesa e ir para assembleia. Pedimos esclarecimentos para eles e mandaram uma carta que é um grande 'sambarilove' [enrolação]. Não aponta qual o poder do COB para me afastar da presidência", completa Musa.

Na carta, o Comitê cita até a carta olímpica, documento que estabelece os princípios do movimento olímpico.

O Brasil conquistou três medalhas no skate em Tóquio-2020. Rayssa Leal, Pedro Barros e Kevin Hoefler foram prata. Rayssa é uma das principais favoritas ao ouro em Paris-2024 e uma das maiores esportistas brasileiras da atualidade.

A suspensão da World Skate aconteceu porque a CBSk fechou acordo com uma empresa para a realização do mundial da modalidade no país no ano passado. O contrato dizia que a confederação não teria nenhuma obrigação financeira com a realização do evento porque não sabia se renovaria contrato de patrocínio com a Caixa Econômica Federal.

"Não participamos de nenhuma rodada de negociação que tinha a ver com recursos financeiros", disse Musa.

Rayssa Leal foi medalhista de prata no skate nas Olimpíadas de Tóquio
Rayssa Leal foi medalhista de prata no skate nas Olimpíadas de Tóquio - Li Ga-26.7.21/Xinhua

A World Skate não se entendeu com a empresa contratada e ficou resolvido, a cerca de 30 dias para o início, que a competição não aconteceria no Brasil. A CBSk decidiu apoiar a realização no Rio de Janeiro mesmo assim. Em seguida, veio a suspensão.

"Quando pedi a documentação da investigação da World Skate para me defender, a resposta que recebi foi: você sabe o que fez", completa o presidente suspenso.

Musa abriu processo no CAS e espera uma resposta. Para ele, a punição não foi por causa de Mundial. Trata-se de uma questão maior. O Brasil é um foco de resistência à determinação que o skate esteja sob administração da mesma entidade que controla outros esportes de rodinhas como hóquei e patins, entre outros.

"Você acha justificável, por exemplo, que o basquete seja organizado pela federação de vôlei porque os dois são jogados com bolas? Skate não tem nada a ver com patins e patinete, a não ser as rodinhas. As pessoas que controlam o skate não sabem o que estão fazendo lá", queixa-se.

A Folha tentou entrar em contato com a World Skate por telefone e e-mail, mas não obteve resposta.

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