Dirigentes buscam solução política para o caso de Wallace, do vôlei

Tribunal concedeu efeito suspensivo para punição ao jogador, mas órgão do COB discorda

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São Paulo

Desde a tarde desta quarta-feira (12), dirigentes do COB e (Comitê Olímpico do Brasil) e da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) negociam nos bastidores para tentar encontrar uma solução política para o caso do oposto Wallace, do Sada Cruzeiro.

Pela ausência de uma cadeia uniforme de decisões na Justiça esportiva do país, a punição ou não ao atleta caiu em um limbo jurídico.

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Wallace festeja vitória do Brasil sobre a Polônia por 3 sets a 0 nas Olimpíadas de Tóquio - FIVB

No final de janeiro, ele postou foto em sua conta de Instagram. Estava em clube de tiro, com uma arma na mão e abriu a caixa de perguntas do aplicativo para responder a dúvidas dos seus seguidores. Um deles questionou se usaria aquele revólver para dar um tiro no presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Wallace respondeu com a abertura de enquete questionando quem faria aquilo.

A punição ao jogador da seleção brasileira se tornou uma polêmica entre o Conselho de Ética do COB e o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) do vôlei.

O tribunal arquivou a denúncia contra o oposto por não ver relação entre o esporte e sua postagem no Instagram. O órgão do Comitê o suspendeu de qualquer atividade esportiva olímpica no país por três meses.

Nesta quarta, ele e o Sada Cruzeiro obtiveram uma liminar no STJD da modalidade (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), interrompendo a punição até o julgamento do mérito do recurso apresentado. Isso o liberaria para entrar em quadra nas fases finais da Superliga masculina de vôlei, a partir deste sábado (15).

A dúvida é se a decisão do tribunal é válida ou não, já que o COB é o órgão máximo dos esportes olímpicos do Brasil. A avaliação é que tudo seria resolvido de maneira tranquila se o assunto estivesse nas mãos dos dirigentes do Comitê, mas o Conselho de Ética que suspendeu Wallace é um órgão independente e ameaça aumentar a punição, caso o atleta volte a atuar antes do prazo.

O STJD usa o argumento de que, dentro da modalidade, é a estância disciplinar regulamentada por lei.

Não há um órgão superior que se sobreponha a todos os demais. Não existe um STF (Superior Tribunal Federal) do direito esportivo.

Se for levada adiante, o caso teria de ser resolvido pelo CAS (Corte Arbitral do Esporte), sediado na Suíça. A decisão poderia levar meses.

Para evitar uma crise maior, dirigentes do Comitê e do vôlei buscam um consenso. A proposta de que Wallace não entre em quadra, até o momento em que esta nota é publicada, foi rejeitada.

Consultado, o Sada Cruzeiro disse que não vai se pronunciar.

Em nota, a CBV afirmou que, neste momento, está diante de duas decisões conflitantes, tomadas por dois órgãos independentes, cada qual com a sua jurisdição.

"Apesar de não ter relação direta ou responsabilidade sobre a situação geradora desse cenário, encontra-se na iminência de ser punida, pelo Cecob (Conselho de Ética do Comitê Olímpico do Brasil) ou pelo STJD, qualquer que seja a atitude que adote, pois o cumprimento de uma decisão representa o descumprimento de outra", diz a entidade.

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